Parte II da Entrevista
Tema: FPF, LIGA DE CLUBES e POSICIONAMENTO GLOBAL DO BENFICA
Está por explicar o motivo de o SLBenfica ter apoiado, primeiro para a Liga e depois para a FPF, um ex-dirigente do FCPorto e intimamente ligado ao processo Apito Dourado, tendo sido ouvido a sua intervenção nas escutas. Quer comentar e justificar de uma vez por todas este apoio? Não nos contentamos com a frase do Presidente dizendo "confiem em mim"...
RGS: "Não se tratou de uma posição de alguém, de forma especifica.
Na Direcção e na SAD as questões são colocadas de forma franca, aberta, transparente, democrática.
E, independentemente da posição de onde cada um parte - Cosme Damião ensinou-nos a viver em liberdade, mesmo quando não eram livres os caminhos que Portugal, então, trilhava - o que vincula o Benfica são os consensos, o resultado a que se chega.
Por isso, que ninguém se exclua de qualquer responsabilidade.
Havia um projecto, onde mais do que ideias avulsas, existia uma ideia para o futebol português!
Mas esse apoio, de principio, não cerceia a liberdade de critica, a que, alias, eu próprio dei voz, num dos programas recentes da SIC, onde questionei o actual Presidente da FPF sobre a sua capacidade para ter mão no estado em que vão andando os diferentes órgãos da Federação.
O SLB não trocou apoio por lugares.
Batemo-nos por princípios, valores, causas, "bandeiras".
Não queremos lugares, como outros.
Mas não perdoamos a quem, tendo prometido independência, verdade, equidistância, imparcialidade, ... apoie ou assista, faça ou permita, actue ou colabore, mesmo que por omissão, em escândalos que prejudicam o Benfica, beneficiam o nosso adversário do costume, enfim ...., não dão passos no sentido de afastar o futebol português de uma das páginas mais negras - senão a mais negra - de toda a sua história: o caso "Apito Dourado".
Pela verdade desportiva, doa a quem doer!"
Qual a perspectiva do SLBenfica perante a intervenção directa na Liga e FPF? O SLBenfica não tem tido voz activa nestes orgãos (com representações não interventivas e discretas), seja ao nível da sua composição, seja ao nível da intervenção nos temas estruturantes, apresentação de propostas concretas para mudar o que está mal, etc.. Porque motivo?
RGS: "Como disse, na resposta anterior ...
"Batemo-nos por princípios, valores, causas, bandeiras.
Não queremos lugares, como outros."
Tudo isto sem prejuízo de termos um projecto bem concreto para o futuro do futebol em Portugal, sem corrupção, sem fruta, sem "quinhentinhos"(para usar uma expressão bem infeliz de um dos seus dirigentes, numa entrevista muito recente sobre o estado da arbitragem em Portugal).
Batendo-nos e defendendo os nossos valores e as nossas ideia na Liga e na FP, ao contrario do que se afirma, de forma fácil, superficial e não fundada ..."
- Não faria sentido demarcarmo-nos do apoio, que penso ser óbvio que foi um erro, ao actual Presidente da FPF perante a sua (falta de) atitude e perante os prejuizos gritantes impostos pelas arbitragens ao SLBenfica?
RGS: "As minhas criticas publicas, na SIC, há duas semanas, respondem de forma bem clara a essa questão, e dão uma resposta cabal aos que julgavam o SLB hipotecado a qualquer estratégia alheia.
Como se isso - cercear a liberdade do Benfica - fosse possível!
Se - quem foi eleito com o voto do Benfica - não tem vontade, capacidade, querer, desejo ou, no limite, interesse, em que não se repitam "Apitos Dourados", então, que se demita!"
O que justifica o SLBenfica ter passado um ano inteiro calado sobre as arbitragens e agora, depois do título perdido, virmos reclamar sobre essa vertente?
RGS: "Não houve, com toda a certeza, nem descuido nem ingenuidade!
Mas, talvez tenhamos de começar a dizer, em público, o que sempre dissemos em privado; talvez tenhamos de anunciar previamente o que nos dizem que pode vir a acontecer.
Como diria D. João II, "há tempos de usar o olhar de coruja e tempos de voar como o falcão"
Voemos, então - nos tempos que aí vêm - como .... Águias!!!!
O que justifica que, quando vencemos um campeonato, assumimos uma postura de “afinal está tudo bem”, "vamos conquistar o Mundo"... e simplesmente descuramos as movimentações obscuras que se passam no futebol nacional? Qual o seu comentário à percepção que temos de que o Sistema permite as vitórias do Benfica para nos calar a contestação?
RGS: "Não penso que essa afirmação seja verdadeira.
Sou testemunha privilegiada de quanto o Presidente se esforçou, avisou e tentou inverter o rumo dos acontecimentos .....
Uma discordância, apenas, sobre a vossa pergunta: o sistema não deixa, nunca, o Benfica ganhar.
Para vencermos, sempre, temos de o fazer lutando contra tudo e contra todos, porque, como nos dizia Bella Gúttmann "Contra o Benfica todos valem ou fazem por valer o dobro daquilo que efectivamente valem. É uma guerra santa"
Temos de o fazer, com a dimensão do Benfica, sem vacilar um momento, ..... com a legitimidade e a força dos que pensaram, logo desde o início, um Benfica com a grandeza que hoje nós conhecemos e outros lhe reconhecem.
Entende a Direção ser benéfico denunciar as entidades de cariz político e económico que integram os órgãos portistas, como cúmplices nesta tremenda burla que é o futebol e o desporto em Portugal?
RGS: "Conheço muitos dos que são os destinatários desta questão e não me revejo nela, com todo o respeito.
Sei bem quais as análises que circulam no universo dos blogues sobre essa hipótese,
Se algum contacto existe, quando passa da mera formalidade, fica muito aquém do que desejariam os mais interessados no estreitamento dessas relações.
Mas reconheço que, alertar para essa promiscuidade, pode servir para condicionar os menos incautos que, sentindo-se usados e não tendo com que ser objecto de qualquer chantagem, podem afastar-se de soluções onde a transparência se aproxima mais das roupas do "Calor da Noite" do que de princípios e de valores da ética ou da moral!"
Entende a Direção que a supremacia desportiva portista corresponde a um dos objetivos políticos dos três partidos do poder; PS, PSD e CDS, aliados a poderosas forças económicas, Amorim, Belmiro, Ludgero, etc?
RGS: "Não sei o que pensa cada um dos meus colegas sobre esse assunto, porque nunca tal foi objecto de debate ou de troca de opiniões.
Mas, por mim, respondo: claro que não!"
Como encara a criação de um Conselho consultivo do Benfica constituído por entidades Benfiquistas de grande relevo social, político ou económico?
RGS: "Há, nos novos Estatutos, uma órgão que corresponde a essa ideia (não sei se com idênticos objectivos aos indiciados na pergunta).
Sem nunca confundir interesses, princípios e valores - uns próprios do futebol, outros de política, outros, ainda, da economia ...."
Entende a Direção que a integração no seu quadro acionista de entidades acionistas de referência de clubes rivais é benéfica para o Benfica?
RGS: "Compreendo o desconforto, numa óptica de mera relação de sócio com o Clube.
Mas - desejando que isso seja evitado tanto quanto possível - não posso deixar de reconhecer que numa sociedade livre, a limitação não se faz pela vontade de um grupo, mas pelo estrito cumprimento das normas legais.
No nosso caso, o SLB detém, por força dos seus Estatutos, a obrigação de possuir, pelo menos, mais de metade do capital social de quaisquer sociedades que se venham a constituir, no seu âmbito.
Conheço, hoje, muito bem o funcionamento quer da SAD, quer da Direcção do SLB.
E garanto- lhe, que em nenhum deles, ninguém, nem Administradores, nem membros da Direcção, estão preocupados com o interesse específico de qualquer accionista.
Move-nos, exclusivamente, a grandeza e o engrandecimento do Benfica, em todas as suas vertentes.
O Benfica é o principio e o fim de todas as minhas preocupações, quando no exercício desses cargos.
Só assim, poderemos deixar à geração dos nossos filhos um Benfica maior - se possível - daquele que a geração dos nossos Pai nos deixou.
Num pais latino, como somos, reconheçamos a pouca importância das SAD na relação emotiva dos sócios, dos adeptos e dos simpatizantes com essas estruturas accionistas, mais próprias de outras terras e de outras paragens!!!"
Estaria a Direção disponível para encontrar uma solução que permita afastar dos órgãos e estrutura acionista da Benfica SAD as entidades com ligações a outros clubes (Sportinvest, por exemplo)?
RGS: "Não conheço ninguém, nos órgãos, que represente qualquer outra entidade que não o SLB.
Quanto à estrutura accionista, .... desde que haja alguém que compre, seria sempre bem vindo esse objectivo.
O que não deve ser confundido com "opção pela força".
Num Pais com uma economia de mercado, será difícil (diria, mesmo, indesejável) restringir o investimento, não por razões ideológicas, nem por razões de interesse nacional, mas de mero interesse clubistico.
Ser do Benfica não pode levar-nos a situações em que "o feitiço se viraria contra o feiticeiro"!"
Está a Direção disposta a denunciar e neutralizar a influência do portismo na UEFA? De que forma?
RGS: "Por mim, não só estou disposto, como acho que, no estrito cumprimento da legislação aplicável, nomeadamente da própria UEFA, será um caminho a seguir, se o desmando continuar, na próxima época!!!
Está a Direção disposta a elaborar um conjunto de medidas “drásticas” para abalar o status quo de forma a restaurar-se a verdade desportiva? De que forma?
RGS: " Tudo o que a Direcção tem feito, tem-no feito nesse sentido.
Essa é, a par do equilíbrio das contas e do sucesso desportivo, a principal preocupação do Presidente.
E todos nós o apoiamos nessa "cruzada"."
Tema: DIRECÇÃO DO SLBENFICA
Ao contrário do que parece nos discursos do Sr. Presidente, continuamos a ter uma Direcção apoiada pelos sócios. No entanto, os sócios fazem-no sem sequer saber que projecto está a apoiar. Ou seja, falta apresentar um projecto para o SLBenfica que não seja suportado em factores genéricos temos ouvido falar da credibilização, profissionalização, etc. Mas chega de generalismos: Qual é o projecto desta Direcção para o SLBenfica?
RGS: "O projecto sufragado, por cerca do 90% dos votos, nas eleições de 3 de Julho de 2009.
Há pouco, perguntavam-me - e passo a citar "... o que justifica o SLBenfica ter passado um ano inteiro calado sobre as arbitragens e agora, depois do título perdido, virmos reclamar sobre essa vertente?"
Devolvo a questão, reformulada e adaptada à pergunta que agora me dirigem.
Ou seja, alguém estaria interessado em questionar e saber qual o projecto da Direcção se tivéssemos ganho, esta época, o Campeonato e a Liga dos Campeões?
Relativizemos, então, por respeito para com a inteligência de todos, essas questões, que só ganham dimensão quando se perde.
Como na política, nunca vi ninguém ser questionado sobre cumprimento de programas, quando sai vencedor de eleições, embora saiba que o inverso acontece muitas vezes.
O Programa continua a ser o mesmo que nos levou a ganhar o Campeonato Nacional, em 2009/2010 ....
E nessa altura não ouvi uma única voz a perguntar por ele."
A conquista de títulos como pilar principal? O que é aceitável ter num mandato de 4 anos? dois titulos, três, quatro...
RGS: "Não acho que, no Benfica, alguém ache razoável perder alguma vez.
Não gosto, por isso, de ouvir que cumprimos os nossos objectivos porque .... chegamos aos 1/4 de final da Liga dos Campeões.
Nada mais errado.
Eu, vocês, ... queremos ganhar sempre.
Na minha escala de valores não aceito que perder, no Benfica, possa ser um objectivo.
Poderemos cumprir um objectivo financeiro do exercício com o apuramento para uma determinada fase de uma qualquer competição.
Mas não me digam que tivemos um ano bom.
O Benfica quer sempre ganhar.
No Benfica não podemos querer outras coisas que não vitórias."
A quebra da hegemonia desportiva do FCPorto? De que forma? Desmontando o Sistema corrupto? Como? Que compromisso? Como se mede o cumprimento deste objectivo?
RGS: "Em todas os sentidos, em todas as direcções, com todas as armas.
Um único reparo: não quero acabar com a hegemonia de ninguém; quero ganhar sempre (acabar com o domínio dos outros só poderá advir das minhas vitórias e não ser transformado num objectivo).
Não me preocupam os outros.
Ganhando, sei que serei superior, porque as nossa vitórias são conquistadas com a legitimidade acrescida da verdade.
E isso faz toda a diferença.
E, se o Benfica ganhar, um ano, dois anos, seguidos, três anos, com frequência, com assiduidade, daremos o golpe final num poder caduco, em fim de ciclo, sem capacidade de se regenerar, porque assente em princípios e valores que não se coadunam com regras democráticas, de transparência, liberdade, honestidade, verdade..."
Quais são as consequências aceitáveis para a direcção de não cumprir objectivos no plano desportivo?
RGS: "A pergunta indicia uma questão prévia: só haverá contabilização se o compromisso tiver sido, também ele, um objectivo concreto.
Ora, se alguém se comprometer a ganhar 4 campeonatos em 4 e ... só ganhar 3, não cumpriu os objectivos a que se terá proposto.
Mas, poderemos considerar isso um incumprimento de uma promessa eleitoral", numa futura disputa?
Cada um que julgue, de acordo com o respectivo quadro de valores, que, presumo, seja rigorosíssimo!"
Sem menosprezo pelas qualidades humanas e até profissionais, o que justifica ter o SLBenfica em cargos relevantes elementos sem qualquer identificação com o passado e o futuro do SLBenfica? Alguns exemplos: Jorge Gomes na prospecção ex-funcionário do FCPorto, Paulo Gonçalves ex funcionário do Boavista e na génese da SAD do FCPorto, António Carraça sportinguista assumido, Domingos Soares Oliveira, Manuel Sérgio sem qualquer relação emocional com o SLBenfica. Não há benfiquistas de paixão competentes?
RGS: "Não sou nem tenho de ser advogado de defesa de cada um os nomes citados ....
Ao contrário de mim - que não recebo qualquer salário, nem quaisquer ajudas de custo pelo exercício de cargos na SAD, na Benfica Estádio e na Benfica Multimédia e, muito menos, por ser VP da Direcção, no cumprimento rigoroso dos Estatutos do Clube - as pessoas em causa são funcionários do Clube!
Mas - privando com alguns deles de muito perto - considero de uma injustiça tremenda acusações a, por exemplo, Domingos Soares de Oliveira e a Paulo Gonçalves.
E refiro estes dois nomes porque - conhecendo a forma como chegaram ao Benfica e o seu desempenho em termos profissionais - não posso calar o meu "desconforto" (para ser "politicamente correcto") por esse arrazoado de acusações, sem fundamento, que não seja a perseguição primária, sempre que as coisas não correm bem...
Tive a sorte de, tendo nascido no Porto, o meu Pai me ter feito sócio do Benfica, desde o meu primeiro dia vida.
Tal como aconteceu ao meu irmão.
Tal como eu e ele fizemos aos nossos filhos, e como espero que cada um dos meus filhos faça a cada um e a todos os filhos que tiverem.
Mas sei o que eles, profissionais que hoje trabalham connosco, sofrem e lutam pelo Benfica.
Haverá, porventura, benfiquistas desde que nasceram que muito prejudicaram o Benfica.
Pelo menos um deles chegou a Presidente e ia acabando com o Clube!
Repetindo, em relação a Domingos Soares de Oliveira e a Paulo Gonçalves, o que disse de João Gabriel, numa das primeiras respostas desta nossa "conversa", assumo, também, que, hoje, os considero - aos dois - como amigos.
E, em cada projecto em que possa vir a estar envolvido, pensarei sempre neles, em termos profissionais, para ajudar no que, cada um, sabe fazer muito, mas muito bem!
Uma palavra especial para o Professor Manuel Sérgio, de quem uma vida de cultura e de "filosofia do desporto" fala por si."
Quais as reais funções de Rui Costa, em tempos apresentado como o futuro timoneiro do futebol e assumindo o Presidente na altura a sua inabilidade para a gestão desportiva? A realidade é que o Presidente volta sempre à tentação do futebol, que já reconheceu não ter aptidão, Sim, sabemos que está perto do presidente e tudo mais, mas se é tudo tratado pelo Presidente como o próprio assume e se a operacionalidade é de Carraça, então o que "sobra" para Rui Costa?
RGS: "Rui Costa é, por natureza e por definição, uma referência, uma mais valia do SLB.
Muitos têm tentado trazê-lo para o meio do furacão, ao que ele tem resistido e respondido com a classe com que criava espaços onde eles não existiam, enquanto jogava.
Só os que se querem servir de Rui Costa estão preocupados com aquilo que ele, por certo, não estará.
Até porque sabe que o tempo corre sempre para ele.
Nada que eu ache que ele não saiba, nem que eu não lhe tenha lembrado ...."
Está a Direção disposta a promover ações de reconciliação de todos os Benfiquistas de forma a promover a sua União e mobilização contra os “inimigos” externos? Quais? Isto porque parece haver um constante ataque aos que têm opiniões divergentes, conotando imediatamente como oposicionistas, quando na verdade somos todos Benfica e deveriamos integrar a diversidade e aproveitá-la.
RGS: "A Direcção e o Presidente tudo tem feito para unir o Benfica.
Mas não podemos evitar que quem, tendo transformado em obsessão voltar ao Benfica, tudo faça para convencer alguns de "factos" que apenas servem essas lutas eleitorais.
Apesar de ter discordado com a Direcção que esteve em funções entre 1997 e 2000, sempre quis que o Benfica ganhasse, nunca deixei de pagar quotas.
Somos todos precisos, mesmo aqueles que em momentos em que todos deveríamos a estar a apoiar a nossa equipa, estão mais preocupados em dar espectáculos que enchem de gáudio e de alegria os nossos adversários.
A esses, quero convencer da importância do seu apoio, do seu empenho,
da sua força, da sua presença.
Eu sou um desses adeptos, sou um dos vossos.
Não sou Vice-Presidente nem Administrador; estou, temporariamente, enquanto Luís Filipe Vieiraquiser, a desempenhar essas funções.
Mas não podemos confundir os inimigos.
Devemos e podemos continuar a comemorar as vitórias em conjunto."
Sente-se a Direção condicionada nas suas ações de gestão pelos investidores de referência, nomeadamente BES e Sportinvest?
RGS: "Não, nunca. Nem ninguém aceitaria tal limitação."
Está a Direção disposta a exigir o afastamento das provas de clubes sem condições financeiras adequadas?
RGS: "Não é uma questão de disposição; é uma questão de rigor e, também, de respeito pela verdade desportiva.
E essa sempre foi a nossa posição"
Com o surgimento das equipas B, abre-se o espaço para novas medidas de verdade desportiva. Está a Direção disposta a exigir o fim das cedências de atletas a clubes na mesma prova?
RGS: "Não posso assegurar que essa seja uma medida que possa vir a obter vencimento num curto espaço de tempo, pois conheço algumas das "dificuldades" da sua concretização.
Mas reconheço a sua validade e o facto de ser uma das vias possíveis para a consecução da verdade desportiva"
Qual a posição da Direcção do SLBenfica perante a união evidente do rival do SLBenfica com vários clubes que “facilitam” nas transferências, na cedência de informações, nas decisões nas AG da AFL, Liga e FPF (exemplos Braga, Nacional, Setubal, Académica, etc.), num claro desvio da verdade desportiva?
RGS: " Numa sociedade democrática, a força da razão obtém sempre vencimento.
Nunca o Benfica imporá nada a ninguém, mas sabemos que "... há caminhos ainda não percorridos que esperam por alguém".
Desde que não nos enganemos a nos próprios, nem esperemos o que outros não têm para dar ..."
A verdade acaba sempre por se impor e os sucessivos atropelos, por outros, a esses supostos "acordos para além da eternidade", trazem para o campo da "verdade desportiva" alguns dos que ainda há pouco tempo faziam parte desse ... "lado escuro da lua".
A esses, aos que estão a descobrir que só andaram protegidos enquanto disseram que sim a tudo, enquanto não tinham opinião, aos que descobriram que não lhes respeitavam nem a vontade, nem a identidade, nem a história, mas que se queriam servir deles para tudo e por tudo, ... esses serão os nossos aliados, no futuro, como o foram num passado mais longínquo!"
Porque motivo SLBenfica e SportingCP continuam sem entender que só quando liderarem o futebol nacional, ao nível dos orgãos de controlo das competições (FPF, AFL e Liga), é que terão capacidade para limitar a acção e até nomeação de elementos alinhados com o FCPorto para esses orgãos?
RGS: "Respeito essa "fixação", mas não penso ser esse o problema do futebol português.
Se o fosse, teria sido ultrapassado nos momentos em que isso já se verificou.
E não foi o caso.
Pode ajudar, mas terão que ser muitos mais os que teremos que envolver na luta pela tão espezinhada quão importante e decisiva verdade desportiva."
Há, entre muitos sócios, a percepção que “o SLBenfica é L.F.Vieira”, a julgar pelas decisões tomadas pela Direcção, na qual os sócios não se reveem, como seja a ligação extra-Benfica do Presidente com elementos que, no futebol, têm alinhamentos que prejudicam o SLBenfica: António Salvador e Joaquim Oliveira são exemplos. Está a Direção disposta a democratizar efetivamente, a sua gestão e ouvir mais os desejos dos sócios nesta matéria? De que forma?
RGS: "Se não devemos confundir amizades com interesses institucionais, tão pouco devemos confundir boatos com factos, "histórias" com dados concretos....
Sou testemunha privilegiada da intransigente preocupação de Luís Filipe Vieira em defender o Benfica "contra tudo e contra todos".
Sem curar de amizades ou incompreensões, de ligações pessoais ou de indisponibilidades sociais."
Qual o motivo pelo qual a Direcção não promove debates a favor do SLBenfica na BenficaTV, com benfiquistas que sabem ter opiniões distintas e, talvez até, poderem ter ideias e projectos que possam ser postos em prática pela Direcção actual? Porquê optar pela Fracção em vez da União? A BenficaTV não deverá ser um espaço de pluralidade em torno do SLBenfica ao invés da apologia do statu quo existente?
RGS: "Acho injusto essa qualificação da Benfica TV.
Desde logo, pela natureza da nossa estação de televisão; depois pela capacidade dos profissionais envolvidos no projecto; por ultimo pela ideia que possa haver que as discordâncias, sobre o que quer que seja, devam passar na TV do clube.
Não acredito, nem penso que ninguém de boa fé, depois de passado o natural entusiasmo inicial, julgue, sequer, que isso poderá ser possivel no Benfica."
A blogsfera benfiquista tem feito, 99% de nós por carolice e benfiquismo apenas (apesar das suas palavras noutro sentido, das quais discordamos integralmente) um trabalho fabuloso. Porque não criar no SLBenfica um departamento, uma equipa, que tenha como unica função a comunicação com a blogsfera benfiquista, a interacção, desafiar alguns que apresentam ideias a formalizarem-no junto da Direcção, promover a apresentação de ideias, fomentar a divulgação de factores que prejudicam o SLBenfica, promover o “Blog Certificado” através da identificação dos autores, identificação da condição de sócio, etc. (dessa forma formar-se-ia uma verdadeira “rede”, sem alterar o conceito de escrita de opinião, e sem deixar duvidas da honestidade dos autores, mas também do Clube, reservando-se obviamente o direito ao anomimato a todos aqueles que o pretendam)?
RGS: "Darei conhecimento da ideia a quem, no SLB, tem essa responsabilidade!"
Qual a sua opinião sobre a realização de uma Assembleia, ou se quiser, Congresso à porta fechada durante dois dias, no Pavilhão Atlântico para que os sócios possam dirigir-se à Direcção do Clube e aos demais sócios, seja permitida a apresentações de moções/projectos à consideração da Direcção e votação dos sócios - no enquadramento, obviamente, dos estatutos do Clube. As propostas passariam depois à prática através de um Comité de Supervisão a constituir que efectuaria o controlo da implementação pela Direcção das medidas/iniciativas propostas e aprovadas?
RGS: "Eu próprio, em 1996, presidi ao II Congresso das Casas do Benfica.
Não posso, por isso, deixar de considerar movimentos de agregação de vontades, de contribuição de ideias, de reforço de identidade, de passos no caminho de uma maior identidade de valores e de vivências que façam um Benfica cada vez maior,
Se for esse o desafio, se forem esses os objectivos, será uma ideia para fazer o seu caminho.
Desde que isso não sirva para alimentar vaidades, para dar voz a alguns em detrimento de todos, de privilegiar "notáveis" desvalorizando todos e cada um dos sócios, porque não?
Sei, por experiência própria, no que se transformaram os Congressos dos Partidos.
Trazer para o Desporto o que de pior tem a política, pode ser uma opção; não sei é se será a melhor."
Porque não estender a regra de anos de filiação superior a 15 anos ininterruptos para todos os orgãos elegíveis da Direcção do Clube e/ou cargos de Administração ou Direcção de empresas com capital detido directa ou indirectamente pelo Sport Lisboa e Benfica?
RGS: "Por mim, com 53 anos de vida e de sócio, será fácil defender uma medida dessas.
Mas não sejamos "populistas em demasia", sob pena de uma regra de excepção, com evidentes razões para existir - a de 25 anos para Presidente - passar a ser a regra para tudo."
Porque não limitar a acção do treinador do SLBenfica, seja quem for, aos aspectos técnico-tacticos? O treinador não deveria ter toda a sua atenção focada nos aspectos de treino e preparação da equipa apenas? Políticas de gestão de activos, comunicação com os mesmos, gestão do caracter e grau emocional de cada um etc, nao deveria ser da responsabilidade individual, mas sim integrada numa política do Clube na qual o treinador deveria estar vinculado. Concorda?
RGS: "É uma questão que não chega a sê-lo. De facto, tudo o que se passa, na estrutura do futebol de formação e profissional do SLB está definido ao mínimo pormenor!
Há essa ideia - tão repetida quanto falsa - de um certo improviso, ao contrário de outros onde imperaria o profissionalismo da dita .... estrutura.
Nada mais incorrecto!
No Benfica, todos e cada um sabe o que tem que fazer e quando tem de o fazer.
A preocupação de querer sempre o melhor para o Benfica não deve levar a esquecer que as competências também existem no Clube."
Considera inviável criar dois polos desportivos de formação em Portugal, juntamente com mais um no Brasil e outro na Europa de Leste?
Não se trata de replicar o Caixa Futebol Campus, mas sim ter uma estrutura de treino, coordenada pela equipa de formação do SLBenfica, para manter os jovens até aos 14 anos no seu ecossistema social e educativo e ao mesmo liga-los desde cedo ao clube? Talvez nem fosse necessário construir nada, bastaria passar por parcerias com entidades que disponibilizassem a infra-estrutura para implementação dos treinos de formação (como temos nos Pupilos em Lisboa, mas que é manifestamente insuficiente). Nesse sentido criariamos um em Lisboa que nos permitisse expandir e sair dos pupilos, pois muitos jovens não podem ir treinar para o Seixal até terem mais de 15 ou 16 anos. Esse mesmo modelo seria replicado a Norte para captarmos talentos que integariam uma equipa a criar inscrita na zona Norte, mantendo lá os jovens e estando a poucos minutos ou horas de toda a zona norte de Portugal. E o mesmo modelo para um país da Europa de Leste (com um mercado imenso de potenciais jogadores) e Brasil.
RGS: "Os CFT são o exemplo concreto do que aqui se propõe.
E não se pense que o SLB tem descurado a sua presença noutros continentes.
O projecto do Benfica aí esta para o provar.
Com títulos, com chamadas à selecção nacional, com paixão.
FIM
Entrevista Parte I
Tema: FPF, LIGA DE CLUBES e POSICIONAMENTO GLOBAL DO BENFICA
Está por explicar o motivo de o SLBenfica ter apoiado, primeiro para a Liga e depois para a FPF, um ex-dirigente do FCPorto e intimamente ligado ao processo Apito Dourado, tendo sido ouvido a sua intervenção nas escutas. Quer comentar e justificar de uma vez por todas este apoio? Não nos contentamos com a frase do Presidente dizendo "confiem em mim"...
RGS: "Não se tratou de uma posição de alguém, de forma especifica.
Na Direcção e na SAD as questões são colocadas de forma franca, aberta, transparente, democrática.
E, independentemente da posição de onde cada um parte - Cosme Damião ensinou-nos a viver em liberdade, mesmo quando não eram livres os caminhos que Portugal, então, trilhava - o que vincula o Benfica são os consensos, o resultado a que se chega.
Por isso, que ninguém se exclua de qualquer responsabilidade.
Havia um projecto, onde mais do que ideias avulsas, existia uma ideia para o futebol português!
Mas esse apoio, de principio, não cerceia a liberdade de critica, a que, alias, eu próprio dei voz, num dos programas recentes da SIC, onde questionei o actual Presidente da FPF sobre a sua capacidade para ter mão no estado em que vão andando os diferentes órgãos da Federação.
O SLB não trocou apoio por lugares.
Batemo-nos por princípios, valores, causas, "bandeiras".
Não queremos lugares, como outros.
Mas não perdoamos a quem, tendo prometido independência, verdade, equidistância, imparcialidade, ... apoie ou assista, faça ou permita, actue ou colabore, mesmo que por omissão, em escândalos que prejudicam o Benfica, beneficiam o nosso adversário do costume, enfim ...., não dão passos no sentido de afastar o futebol português de uma das páginas mais negras - senão a mais negra - de toda a sua história: o caso "Apito Dourado".
Pela verdade desportiva, doa a quem doer!"
Qual a perspectiva do SLBenfica perante a intervenção directa na Liga e FPF? O SLBenfica não tem tido voz activa nestes orgãos (com representações não interventivas e discretas), seja ao nível da sua composição, seja ao nível da intervenção nos temas estruturantes, apresentação de propostas concretas para mudar o que está mal, etc.. Porque motivo?
RGS: "Como disse, na resposta anterior ...
"Batemo-nos por princípios, valores, causas, bandeiras.
Não queremos lugares, como outros."
Tudo isto sem prejuízo de termos um projecto bem concreto para o futuro do futebol em Portugal, sem corrupção, sem fruta, sem "quinhentinhos"(para usar uma expressão bem infeliz de um dos seus dirigentes, numa entrevista muito recente sobre o estado da arbitragem em Portugal).
Batendo-nos e defendendo os nossos valores e as nossas ideia na Liga e na FP, ao contrario do que se afirma, de forma fácil, superficial e não fundada ..."
- Não faria sentido demarcarmo-nos do apoio, que penso ser óbvio que foi um erro, ao actual Presidente da FPF perante a sua (falta de) atitude e perante os prejuizos gritantes impostos pelas arbitragens ao SLBenfica?
RGS: "As minhas criticas publicas, na SIC, há duas semanas, respondem de forma bem clara a essa questão, e dão uma resposta cabal aos que julgavam o SLB hipotecado a qualquer estratégia alheia.
Como se isso - cercear a liberdade do Benfica - fosse possível!
Se - quem foi eleito com o voto do Benfica - não tem vontade, capacidade, querer, desejo ou, no limite, interesse, em que não se repitam "Apitos Dourados", então, que se demita!"
O que justifica o SLBenfica ter passado um ano inteiro calado sobre as arbitragens e agora, depois do título perdido, virmos reclamar sobre essa vertente?
RGS: "Não houve, com toda a certeza, nem descuido nem ingenuidade!
Mas, talvez tenhamos de começar a dizer, em público, o que sempre dissemos em privado; talvez tenhamos de anunciar previamente o que nos dizem que pode vir a acontecer.
Como diria D. João II, "há tempos de usar o olhar de coruja e tempos de voar como o falcão"
Voemos, então - nos tempos que aí vêm - como .... Águias!!!!
O que justifica que, quando vencemos um campeonato, assumimos uma postura de “afinal está tudo bem”, "vamos conquistar o Mundo"... e simplesmente descuramos as movimentações obscuras que se passam no futebol nacional? Qual o seu comentário à percepção que temos de que o Sistema permite as vitórias do Benfica para nos calar a contestação?
RGS: "Não penso que essa afirmação seja verdadeira.
Sou testemunha privilegiada de quanto o Presidente se esforçou, avisou e tentou inverter o rumo dos acontecimentos .....
Uma discordância, apenas, sobre a vossa pergunta: o sistema não deixa, nunca, o Benfica ganhar.
Para vencermos, sempre, temos de o fazer lutando contra tudo e contra todos, porque, como nos dizia Bella Gúttmann "Contra o Benfica todos valem ou fazem por valer o dobro daquilo que efectivamente valem. É uma guerra santa"
Temos de o fazer, com a dimensão do Benfica, sem vacilar um momento, ..... com a legitimidade e a força dos que pensaram, logo desde o início, um Benfica com a grandeza que hoje nós conhecemos e outros lhe reconhecem.
Entende a Direção ser benéfico denunciar as entidades de cariz político e económico que integram os órgãos portistas, como cúmplices nesta tremenda burla que é o futebol e o desporto em Portugal?
RGS: "Conheço muitos dos que são os destinatários desta questão e não me revejo nela, com todo o respeito.
Sei bem quais as análises que circulam no universo dos blogues sobre essa hipótese,
Se algum contacto existe, quando passa da mera formalidade, fica muito aquém do que desejariam os mais interessados no estreitamento dessas relações.
Mas reconheço que, alertar para essa promiscuidade, pode servir para condicionar os menos incautos que, sentindo-se usados e não tendo com que ser objecto de qualquer chantagem, podem afastar-se de soluções onde a transparência se aproxima mais das roupas do "Calor da Noite" do que de princípios e de valores da ética ou da moral!"
Entende a Direção que a supremacia desportiva portista corresponde a um dos objetivos políticos dos três partidos do poder; PS, PSD e CDS, aliados a poderosas forças económicas, Amorim, Belmiro, Ludgero, etc?
RGS: "Não sei o que pensa cada um dos meus colegas sobre esse assunto, porque nunca tal foi objecto de debate ou de troca de opiniões.
Mas, por mim, respondo: claro que não!"
Como encara a criação de um Conselho consultivo do Benfica constituído por entidades Benfiquistas de grande relevo social, político ou económico?
RGS: "Há, nos novos Estatutos, uma órgão que corresponde a essa ideia (não sei se com idênticos objectivos aos indiciados na pergunta).
Sem nunca confundir interesses, princípios e valores - uns próprios do futebol, outros de política, outros, ainda, da economia ...."
Entende a Direção que a integração no seu quadro acionista de entidades acionistas de referência de clubes rivais é benéfica para o Benfica?
RGS: "Compreendo o desconforto, numa óptica de mera relação de sócio com o Clube.
Mas - desejando que isso seja evitado tanto quanto possível - não posso deixar de reconhecer que numa sociedade livre, a limitação não se faz pela vontade de um grupo, mas pelo estrito cumprimento das normas legais.
No nosso caso, o SLB detém, por força dos seus Estatutos, a obrigação de possuir, pelo menos, mais de metade do capital social de quaisquer sociedades que se venham a constituir, no seu âmbito.
Conheço, hoje, muito bem o funcionamento quer da SAD, quer da Direcção do SLB.
E garanto- lhe, que em nenhum deles, ninguém, nem Administradores, nem membros da Direcção, estão preocupados com o interesse específico de qualquer accionista.
Move-nos, exclusivamente, a grandeza e o engrandecimento do Benfica, em todas as suas vertentes.
O Benfica é o principio e o fim de todas as minhas preocupações, quando no exercício desses cargos.
Só assim, poderemos deixar à geração dos nossos filhos um Benfica maior - se possível - daquele que a geração dos nossos Pai nos deixou.
Num pais latino, como somos, reconheçamos a pouca importância das SAD na relação emotiva dos sócios, dos adeptos e dos simpatizantes com essas estruturas accionistas, mais próprias de outras terras e de outras paragens!!!"
Estaria a Direção disponível para encontrar uma solução que permita afastar dos órgãos e estrutura acionista da Benfica SAD as entidades com ligações a outros clubes (Sportinvest, por exemplo)?
RGS: "Não conheço ninguém, nos órgãos, que represente qualquer outra entidade que não o SLB.
Quanto à estrutura accionista, .... desde que haja alguém que compre, seria sempre bem vindo esse objectivo.
O que não deve ser confundido com "opção pela força".
Num Pais com uma economia de mercado, será difícil (diria, mesmo, indesejável) restringir o investimento, não por razões ideológicas, nem por razões de interesse nacional, mas de mero interesse clubistico.
Ser do Benfica não pode levar-nos a situações em que "o feitiço se viraria contra o feiticeiro"!"
Está a Direção disposta a denunciar e neutralizar a influência do portismo na UEFA? De que forma?
RGS: "Por mim, não só estou disposto, como acho que, no estrito cumprimento da legislação aplicável, nomeadamente da própria UEFA, será um caminho a seguir, se o desmando continuar, na próxima época!!!
Está a Direção disposta a elaborar um conjunto de medidas “drásticas” para abalar o status quo de forma a restaurar-se a verdade desportiva? De que forma?
RGS: " Tudo o que a Direcção tem feito, tem-no feito nesse sentido.
Essa é, a par do equilíbrio das contas e do sucesso desportivo, a principal preocupação do Presidente.
E todos nós o apoiamos nessa "cruzada"."
Tema: DIRECÇÃO DO SLBENFICA
Ao contrário do que parece nos discursos do Sr. Presidente, continuamos a ter uma Direcção apoiada pelos sócios. No entanto, os sócios fazem-no sem sequer saber que projecto está a apoiar. Ou seja, falta apresentar um projecto para o SLBenfica que não seja suportado em factores genéricos temos ouvido falar da credibilização, profissionalização, etc. Mas chega de generalismos: Qual é o projecto desta Direcção para o SLBenfica?
RGS: "O projecto sufragado, por cerca do 90% dos votos, nas eleições de 3 de Julho de 2009.
Há pouco, perguntavam-me - e passo a citar "... o que justifica o SLBenfica ter passado um ano inteiro calado sobre as arbitragens e agora, depois do título perdido, virmos reclamar sobre essa vertente?"
Devolvo a questão, reformulada e adaptada à pergunta que agora me dirigem.
Ou seja, alguém estaria interessado em questionar e saber qual o projecto da Direcção se tivéssemos ganho, esta época, o Campeonato e a Liga dos Campeões?
Relativizemos, então, por respeito para com a inteligência de todos, essas questões, que só ganham dimensão quando se perde.
Como na política, nunca vi ninguém ser questionado sobre cumprimento de programas, quando sai vencedor de eleições, embora saiba que o inverso acontece muitas vezes.
O Programa continua a ser o mesmo que nos levou a ganhar o Campeonato Nacional, em 2009/2010 ....
E nessa altura não ouvi uma única voz a perguntar por ele."
A conquista de títulos como pilar principal? O que é aceitável ter num mandato de 4 anos? dois titulos, três, quatro...
RGS: "Não acho que, no Benfica, alguém ache razoável perder alguma vez.
Não gosto, por isso, de ouvir que cumprimos os nossos objectivos porque .... chegamos aos 1/4 de final da Liga dos Campeões.
Nada mais errado.
Eu, vocês, ... queremos ganhar sempre.
Na minha escala de valores não aceito que perder, no Benfica, possa ser um objectivo.
Poderemos cumprir um objectivo financeiro do exercício com o apuramento para uma determinada fase de uma qualquer competição.
Mas não me digam que tivemos um ano bom.
O Benfica quer sempre ganhar.
No Benfica não podemos querer outras coisas que não vitórias."
A quebra da hegemonia desportiva do FCPorto? De que forma? Desmontando o Sistema corrupto? Como? Que compromisso? Como se mede o cumprimento deste objectivo?
RGS: "Em todas os sentidos, em todas as direcções, com todas as armas.
Um único reparo: não quero acabar com a hegemonia de ninguém; quero ganhar sempre (acabar com o domínio dos outros só poderá advir das minhas vitórias e não ser transformado num objectivo).
Não me preocupam os outros.
Ganhando, sei que serei superior, porque as nossa vitórias são conquistadas com a legitimidade acrescida da verdade.
E isso faz toda a diferença.
E, se o Benfica ganhar, um ano, dois anos, seguidos, três anos, com frequência, com assiduidade, daremos o golpe final num poder caduco, em fim de ciclo, sem capacidade de se regenerar, porque assente em princípios e valores que não se coadunam com regras democráticas, de transparência, liberdade, honestidade, verdade..."
Quais são as consequências aceitáveis para a direcção de não cumprir objectivos no plano desportivo?
RGS: "A pergunta indicia uma questão prévia: só haverá contabilização se o compromisso tiver sido, também ele, um objectivo concreto.
Ora, se alguém se comprometer a ganhar 4 campeonatos em 4 e ... só ganhar 3, não cumpriu os objectivos a que se terá proposto.
Mas, poderemos considerar isso um incumprimento de uma promessa eleitoral", numa futura disputa?
Cada um que julgue, de acordo com o respectivo quadro de valores, que, presumo, seja rigorosíssimo!"
Sem menosprezo pelas qualidades humanas e até profissionais, o que justifica ter o SLBenfica em cargos relevantes elementos sem qualquer identificação com o passado e o futuro do SLBenfica? Alguns exemplos: Jorge Gomes na prospecção ex-funcionário do FCPorto, Paulo Gonçalves ex funcionário do Boavista e na génese da SAD do FCPorto, António Carraça sportinguista assumido, Domingos Soares Oliveira, Manuel Sérgio sem qualquer relação emocional com o SLBenfica. Não há benfiquistas de paixão competentes?
RGS: "Não sou nem tenho de ser advogado de defesa de cada um os nomes citados ....
Ao contrário de mim - que não recebo qualquer salário, nem quaisquer ajudas de custo pelo exercício de cargos na SAD, na Benfica Estádio e na Benfica Multimédia e, muito menos, por ser VP da Direcção, no cumprimento rigoroso dos Estatutos do Clube - as pessoas em causa são funcionários do Clube!
Mas - privando com alguns deles de muito perto - considero de uma injustiça tremenda acusações a, por exemplo, Domingos Soares de Oliveira e a Paulo Gonçalves.
E refiro estes dois nomes porque - conhecendo a forma como chegaram ao Benfica e o seu desempenho em termos profissionais - não posso calar o meu "desconforto" (para ser "politicamente correcto") por esse arrazoado de acusações, sem fundamento, que não seja a perseguição primária, sempre que as coisas não correm bem...
Tive a sorte de, tendo nascido no Porto, o meu Pai me ter feito sócio do Benfica, desde o meu primeiro dia vida.
Tal como aconteceu ao meu irmão.
Tal como eu e ele fizemos aos nossos filhos, e como espero que cada um dos meus filhos faça a cada um e a todos os filhos que tiverem.
Mas sei o que eles, profissionais que hoje trabalham connosco, sofrem e lutam pelo Benfica.
Haverá, porventura, benfiquistas desde que nasceram que muito prejudicaram o Benfica.
Pelo menos um deles chegou a Presidente e ia acabando com o Clube!
Repetindo, em relação a Domingos Soares de Oliveira e a Paulo Gonçalves, o que disse de João Gabriel, numa das primeiras respostas desta nossa "conversa", assumo, também, que, hoje, os considero - aos dois - como amigos.
E, em cada projecto em que possa vir a estar envolvido, pensarei sempre neles, em termos profissionais, para ajudar no que, cada um, sabe fazer muito, mas muito bem!
Uma palavra especial para o Professor Manuel Sérgio, de quem uma vida de cultura e de "filosofia do desporto" fala por si."
Quais as reais funções de Rui Costa, em tempos apresentado como o futuro timoneiro do futebol e assumindo o Presidente na altura a sua inabilidade para a gestão desportiva? A realidade é que o Presidente volta sempre à tentação do futebol, que já reconheceu não ter aptidão, Sim, sabemos que está perto do presidente e tudo mais, mas se é tudo tratado pelo Presidente como o próprio assume e se a operacionalidade é de Carraça, então o que "sobra" para Rui Costa?
RGS: "Rui Costa é, por natureza e por definição, uma referência, uma mais valia do SLB.
Muitos têm tentado trazê-lo para o meio do furacão, ao que ele tem resistido e respondido com a classe com que criava espaços onde eles não existiam, enquanto jogava.
Só os que se querem servir de Rui Costa estão preocupados com aquilo que ele, por certo, não estará.
Até porque sabe que o tempo corre sempre para ele.
Nada que eu ache que ele não saiba, nem que eu não lhe tenha lembrado ...."
Está a Direção disposta a promover ações de reconciliação de todos os Benfiquistas de forma a promover a sua União e mobilização contra os “inimigos” externos? Quais? Isto porque parece haver um constante ataque aos que têm opiniões divergentes, conotando imediatamente como oposicionistas, quando na verdade somos todos Benfica e deveriamos integrar a diversidade e aproveitá-la.
RGS: "A Direcção e o Presidente tudo tem feito para unir o Benfica.
Mas não podemos evitar que quem, tendo transformado em obsessão voltar ao Benfica, tudo faça para convencer alguns de "factos" que apenas servem essas lutas eleitorais.
Apesar de ter discordado com a Direcção que esteve em funções entre 1997 e 2000, sempre quis que o Benfica ganhasse, nunca deixei de pagar quotas.
Somos todos precisos, mesmo aqueles que em momentos em que todos deveríamos a estar a apoiar a nossa equipa, estão mais preocupados em dar espectáculos que enchem de gáudio e de alegria os nossos adversários.
A esses, quero convencer da importância do seu apoio, do seu empenho,
da sua força, da sua presença.
Eu sou um desses adeptos, sou um dos vossos.
Não sou Vice-Presidente nem Administrador; estou, temporariamente, enquanto Luís Filipe Vieiraquiser, a desempenhar essas funções.
Mas não podemos confundir os inimigos.
Devemos e podemos continuar a comemorar as vitórias em conjunto."
Sente-se a Direção condicionada nas suas ações de gestão pelos investidores de referência, nomeadamente BES e Sportinvest?
RGS: "Não, nunca. Nem ninguém aceitaria tal limitação."
Está a Direção disposta a exigir o afastamento das provas de clubes sem condições financeiras adequadas?
RGS: "Não é uma questão de disposição; é uma questão de rigor e, também, de respeito pela verdade desportiva.
E essa sempre foi a nossa posição"
Com o surgimento das equipas B, abre-se o espaço para novas medidas de verdade desportiva. Está a Direção disposta a exigir o fim das cedências de atletas a clubes na mesma prova?
RGS: "Não posso assegurar que essa seja uma medida que possa vir a obter vencimento num curto espaço de tempo, pois conheço algumas das "dificuldades" da sua concretização.
Mas reconheço a sua validade e o facto de ser uma das vias possíveis para a consecução da verdade desportiva"
Qual a posição da Direcção do SLBenfica perante a união evidente do rival do SLBenfica com vários clubes que “facilitam” nas transferências, na cedência de informações, nas decisões nas AG da AFL, Liga e FPF (exemplos Braga, Nacional, Setubal, Académica, etc.), num claro desvio da verdade desportiva?
RGS: " Numa sociedade democrática, a força da razão obtém sempre vencimento.
Nunca o Benfica imporá nada a ninguém, mas sabemos que "... há caminhos ainda não percorridos que esperam por alguém".
Desde que não nos enganemos a nos próprios, nem esperemos o que outros não têm para dar ..."
A verdade acaba sempre por se impor e os sucessivos atropelos, por outros, a esses supostos "acordos para além da eternidade", trazem para o campo da "verdade desportiva" alguns dos que ainda há pouco tempo faziam parte desse ... "lado escuro da lua".
A esses, aos que estão a descobrir que só andaram protegidos enquanto disseram que sim a tudo, enquanto não tinham opinião, aos que descobriram que não lhes respeitavam nem a vontade, nem a identidade, nem a história, mas que se queriam servir deles para tudo e por tudo, ... esses serão os nossos aliados, no futuro, como o foram num passado mais longínquo!"
Porque motivo SLBenfica e SportingCP continuam sem entender que só quando liderarem o futebol nacional, ao nível dos orgãos de controlo das competições (FPF, AFL e Liga), é que terão capacidade para limitar a acção e até nomeação de elementos alinhados com o FCPorto para esses orgãos?
RGS: "Respeito essa "fixação", mas não penso ser esse o problema do futebol português.
Se o fosse, teria sido ultrapassado nos momentos em que isso já se verificou.
E não foi o caso.
Pode ajudar, mas terão que ser muitos mais os que teremos que envolver na luta pela tão espezinhada quão importante e decisiva verdade desportiva."
Há, entre muitos sócios, a percepção que “o SLBenfica é L.F.Vieira”, a julgar pelas decisões tomadas pela Direcção, na qual os sócios não se reveem, como seja a ligação extra-Benfica do Presidente com elementos que, no futebol, têm alinhamentos que prejudicam o SLBenfica: António Salvador e Joaquim Oliveira são exemplos. Está a Direção disposta a democratizar efetivamente, a sua gestão e ouvir mais os desejos dos sócios nesta matéria? De que forma?
RGS: "Se não devemos confundir amizades com interesses institucionais, tão pouco devemos confundir boatos com factos, "histórias" com dados concretos....
Sou testemunha privilegiada da intransigente preocupação de Luís Filipe Vieira em defender o Benfica "contra tudo e contra todos".
Sem curar de amizades ou incompreensões, de ligações pessoais ou de indisponibilidades sociais."
Qual o motivo pelo qual a Direcção não promove debates a favor do SLBenfica na BenficaTV, com benfiquistas que sabem ter opiniões distintas e, talvez até, poderem ter ideias e projectos que possam ser postos em prática pela Direcção actual? Porquê optar pela Fracção em vez da União? A BenficaTV não deverá ser um espaço de pluralidade em torno do SLBenfica ao invés da apologia do statu quo existente?
RGS: "Acho injusto essa qualificação da Benfica TV.
Desde logo, pela natureza da nossa estação de televisão; depois pela capacidade dos profissionais envolvidos no projecto; por ultimo pela ideia que possa haver que as discordâncias, sobre o que quer que seja, devam passar na TV do clube.
Não acredito, nem penso que ninguém de boa fé, depois de passado o natural entusiasmo inicial, julgue, sequer, que isso poderá ser possivel no Benfica."
A blogsfera benfiquista tem feito, 99% de nós por carolice e benfiquismo apenas (apesar das suas palavras noutro sentido, das quais discordamos integralmente) um trabalho fabuloso. Porque não criar no SLBenfica um departamento, uma equipa, que tenha como unica função a comunicação com a blogsfera benfiquista, a interacção, desafiar alguns que apresentam ideias a formalizarem-no junto da Direcção, promover a apresentação de ideias, fomentar a divulgação de factores que prejudicam o SLBenfica, promover o “Blog Certificado” através da identificação dos autores, identificação da condição de sócio, etc. (dessa forma formar-se-ia uma verdadeira “rede”, sem alterar o conceito de escrita de opinião, e sem deixar duvidas da honestidade dos autores, mas também do Clube, reservando-se obviamente o direito ao anomimato a todos aqueles que o pretendam)?
RGS: "Darei conhecimento da ideia a quem, no SLB, tem essa responsabilidade!"
Qual a sua opinião sobre a realização de uma Assembleia, ou se quiser, Congresso à porta fechada durante dois dias, no Pavilhão Atlântico para que os sócios possam dirigir-se à Direcção do Clube e aos demais sócios, seja permitida a apresentações de moções/projectos à consideração da Direcção e votação dos sócios - no enquadramento, obviamente, dos estatutos do Clube. As propostas passariam depois à prática através de um Comité de Supervisão a constituir que efectuaria o controlo da implementação pela Direcção das medidas/iniciativas propostas e aprovadas?
RGS: "Eu próprio, em 1996, presidi ao II Congresso das Casas do Benfica.
Não posso, por isso, deixar de considerar movimentos de agregação de vontades, de contribuição de ideias, de reforço de identidade, de passos no caminho de uma maior identidade de valores e de vivências que façam um Benfica cada vez maior,
Se for esse o desafio, se forem esses os objectivos, será uma ideia para fazer o seu caminho.
Desde que isso não sirva para alimentar vaidades, para dar voz a alguns em detrimento de todos, de privilegiar "notáveis" desvalorizando todos e cada um dos sócios, porque não?
Sei, por experiência própria, no que se transformaram os Congressos dos Partidos.
Trazer para o Desporto o que de pior tem a política, pode ser uma opção; não sei é se será a melhor."
Porque não estender a regra de anos de filiação superior a 15 anos ininterruptos para todos os orgãos elegíveis da Direcção do Clube e/ou cargos de Administração ou Direcção de empresas com capital detido directa ou indirectamente pelo Sport Lisboa e Benfica?
RGS: "Por mim, com 53 anos de vida e de sócio, será fácil defender uma medida dessas.
Mas não sejamos "populistas em demasia", sob pena de uma regra de excepção, com evidentes razões para existir - a de 25 anos para Presidente - passar a ser a regra para tudo."
Porque não limitar a acção do treinador do SLBenfica, seja quem for, aos aspectos técnico-tacticos? O treinador não deveria ter toda a sua atenção focada nos aspectos de treino e preparação da equipa apenas? Políticas de gestão de activos, comunicação com os mesmos, gestão do caracter e grau emocional de cada um etc, nao deveria ser da responsabilidade individual, mas sim integrada numa política do Clube na qual o treinador deveria estar vinculado. Concorda?
RGS: "É uma questão que não chega a sê-lo. De facto, tudo o que se passa, na estrutura do futebol de formação e profissional do SLB está definido ao mínimo pormenor!
Há essa ideia - tão repetida quanto falsa - de um certo improviso, ao contrário de outros onde imperaria o profissionalismo da dita .... estrutura.
Nada mais incorrecto!
No Benfica, todos e cada um sabe o que tem que fazer e quando tem de o fazer.
A preocupação de querer sempre o melhor para o Benfica não deve levar a esquecer que as competências também existem no Clube."
Considera inviável criar dois polos desportivos de formação em Portugal, juntamente com mais um no Brasil e outro na Europa de Leste?
Não se trata de replicar o Caixa Futebol Campus, mas sim ter uma estrutura de treino, coordenada pela equipa de formação do SLBenfica, para manter os jovens até aos 14 anos no seu ecossistema social e educativo e ao mesmo liga-los desde cedo ao clube? Talvez nem fosse necessário construir nada, bastaria passar por parcerias com entidades que disponibilizassem a infra-estrutura para implementação dos treinos de formação (como temos nos Pupilos em Lisboa, mas que é manifestamente insuficiente). Nesse sentido criariamos um em Lisboa que nos permitisse expandir e sair dos pupilos, pois muitos jovens não podem ir treinar para o Seixal até terem mais de 15 ou 16 anos. Esse mesmo modelo seria replicado a Norte para captarmos talentos que integariam uma equipa a criar inscrita na zona Norte, mantendo lá os jovens e estando a poucos minutos ou horas de toda a zona norte de Portugal. E o mesmo modelo para um país da Europa de Leste (com um mercado imenso de potenciais jogadores) e Brasil.
RGS: "Os CFT são o exemplo concreto do que aqui se propõe.
E não se pense que o SLB tem descurado a sua presença noutros continentes.
O projecto do Benfica aí esta para o provar.
Com títulos, com chamadas à selecção nacional, com paixão.
FIM
Entrevista Parte I
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