Conforme prometido, partilhamos com os nossos leitores a entrevista, (que será publicada em duas partes) que nos foi concedida por Rui Gomes da Silva. Importa enquadrar-vos que a iniciativa da mesma partiu da equipa do NGB e foi prontamente aceite, com uma ressalva inicial:
Depois, para deixar, desde já, entendido que as respostas apenas me vinculam, a mim, enquanto sócio do Sport Lisboa e Benfica, há 53 anos, ou seja, desde que nasci.
Única e exclusivamente! Não envolvem responsabilidades de terceiros, nem de qualquer órgão que integre!
Deixados estes "esclarecimentos", vamos, então, às respostas, que espero poderem estar à altura dos seus autores."
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COMUNICAÇÃO
NGB - Comecemos pelo princípio, a comunicação é um dos factores que tem sido identificado, no nosso blog, como uma das áreas onde o SLBenfica tem mais lacunas de funcionamento. Sem desprimor por todos os profissionais que compõem esta área do nosso clube, é esta uma área onde o SLBenfica considera fazer sentido investir em renovações e alterações que ponham fim à falta de capacidade de antecipação sobre a comunicação social?
RGS - Começando por discordar do pressuposto da pergunta, ou seja, .... das invocadas lacunas ....
Sabendo que não há verdades imutáveis, nem soluções que durem para todo o sempre, poderemos, em cada momento, tentar melhorar e encontrar caminhos que nos pareçam que vão ao encontro de novas realidades, novas relações de forças, novos enquadramentos institucionais.
Mas, na verdade, a estratégia de comunicação foi sensivelmente a mesma, desde que assumi funções no SLB, como VP do Clube e como Administrador da SAD, em 2009.
Em 2009/2010, fomos Campeões Nacionais e não vi ninguém contestar ou pôr em causa, quer a estratégia, quer a equipa responsável pela comunicação do Clube.
Houve, no meu entender, nos últimos dois anos - duas épocas, para ser mais preciso - uma renovação de estratégias indirectas, dos nossos principais adversários, que, por certo, merecerão a resposta adequada.
Mais "preventiva" e menos reactiva!
A nossa única preocupação e o nosso único limite, deverá ser a defesa intransigente dos interesses do Benfica, no estrito cumprimento dos princípios, das regras e dos valores que sempre prevaleceram no SLB, desde a sua fundação: a defesa da verdade, onde se inclui a valorização absoluta da verdade desportiva.
Porventura, para que isso seja garantido, poderemos ter de ser mais directos, denunciando em público o que, em privado, temos vindo a repetir!
Se assim for, não se tratará de mudança de estratégia de comunicação, nem das pessoas responsáveis por essa área, no Clube, mas, antes, dizer em público, muitas vezes, antecipadamente, o que nunca deixamos de dizer em privado!"
É possível comentar as notícias que afirmam que o Dpt. de Comunicação é liderado por João Gabriel, mas que este passou a coordenar a comunicação através de uma agência, a T1, Consultores em Comunicação?
RGS - Em 2004 e 2005, enquanto desempenhava as funções, primeiro de Ministro dos Assuntos Parlamentares e, depois, de Ministro Adjunto do Primeiro Ministro, "confrontei-me" - embora indirectamente - com o João Gabriel (que era, então, o responsável máximo da comunicação social na Presidência da República).
Quando, em Julho de 2009, fui eleito para VP do SLB (só em Novembro de 2009 assumi funções no Conselho de Administração da SAD) percebi que (independentemente das diferenças ideológicas e, até, de interpretação das disposições constitucionais sobre os poderes do PR e da responsabilidade política do Governo) o João Gabriel gosta, sofre e bate-se tanto pelo Benfica como eu ou qualquer sócio que se preze.
Depois, constatei a sua grande capacidade profissional, a sua competência, a sua disponibilidade intelectual, o seu permanente querer em "dar o corpo às balas", pelo SLB.
Não penso, por isso, que alguns ajustamentos internos, ao nível do Departamento de Comunicação, tenham tido qualquer influência nos resultados desportivos.
Seria tentar "tapar o sol com uma peneira", fugindo do essencial.
Cada vez que discutimos pormenores destes, os nossos adversários e, muito especialmente, os nossos inimigos, riem-se!
Uma ultima palavra sobre o João Gabriel: não nego que hoje, o considero com um amigo. E, em cada projecto em que possa vir a estar envolvido, pensarei sempre nele, em termos profissionais, para ajudar no que ele é, de facto, excelente: comunicar!"
Quer comentar a afirmação, da minha autoria, em que digo num tópico deste blog o seguinte: “sem desprimor pelos actuais profissionais, é importante estruturar este departamento com alguém com profundo conhecimento da comunicação social em Portugal e, especialmente, muito especialmente, do segmento desportivo. E obviamente, esta estrutura tem que coordenar (pelo menos) todos os canais de comunicação do Clube (TV, Jornal, entrevistas, comunicação das modalidades, etc. e ser ainda o ponto de contacto com todos os que de forma regular comentam e formam paineis nos meios de comunicação)”?
RGS - A resposta à questão anterior deixa subentendida a resposta a esta pergunta.
Podemos, sempre, encontrar alguém que siga "outro caminho".
Mas não será - disso tenha a certeza - melhor que o trabalho que o João Gabriel tem desenvolvido.
Diferente, talvez ... mas isso não quererá dizer melhor!"
Não considera desadequada a presença, num programa de TV, de um vice-presidente do SLBenfica, com todo o condicionalismo que isso impõe por via do cargo? Ou seja, essa presença não deveria ser preenchida por alguém com efectivas ligações ao SLBenfica (passado de dirigismo, por exemplo), mas sem fazer parte dos orgãos sociais, para que tal que lhe permita interagir de forma totalmente liberta da responsabilidade de cargos?
RGS - Essa questão tem, nos dias de hoje, um único destinatário: eu!
Respeito os que entendem dessa forma.
Serão, talvez, na sua esmagadora maioria, os que - em idênticas condições - não hesitariam em fazer seu o velho ditado português "olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço".
Sempre separei as questões: nunca tive intervenção activa no SLB, enquanto desempenhei cargos políticos e nunca participei, de forma envolvida, na política, desde que assumi funções no Benfica!
Ao contrário de outros, que hoje, tentam fazer passar essa ideia absurda de - eu, chamemos as coisas pelos nomes - não poder ter intervenção numa televisão por ser membro dos órgãos sociais e de gestão do SLB.
E se fosse num jornal, num blogue, numa rádio, já não seria tão grave?
A uns criticam por não terem informação e não defenderem o Benfica como seria de esperar; a mim, sendo VP e Administrador da SAD, porque .... tenho
Respeito essas posições, mas compreenderão que, "mutatis mutandis", seria o mesmo que defender que, nos programas de opinião e debate político, não deveriam estar .... membros das Direcções dos Partidos!
Entendo bem a "preocupação" de alguns "notáveis" (que não confundo com a sincera inquietação de todos os que gostam do Benfica e se preocupam e "torcem" por quem vêm a defender o SLB)!
Mas não me leva a modificar a minha disponibilidade em continuar participar no programa em causa, nem em qualquer outro, onde entenda dever estar, de forma empenhada mas livre.
A intervenção regular do FCPorto na Comunicação Social, por via de comentadores, cronistas e “fazedores de opinião” é capaz de tornar uma mentira muitas vezes contada, numa verdade inconveniente. Não deveria esta ser uma estratégia a seguir? Uma estratégia de contra poder utilizando as mesmas vias de resposta, portanto...
RGS - No Benfica nunca "contamos" mentiras!
Preocupamo-nos com a verdade: a dos factos, a dos números, a desportiva!
O que não significa, que, nos próximos tempos, como referi acima, não deixemos de denunciar, preventivamente, o "mal" que nos possam estar a preparar, em cada jornada, em cada jogo, em cada nomeação.
Prejudicando-nos, a nós, e beneficiando os nossos adversários.
Ou seja, reagir por antecipação, denunciando, "apontando o dedo" a tudo o que possa estar a ser preparado para violentar a verdade desportiva!"
Apesar do cuidado de António Carraça em afirmar o contrário, são inumeros os exemplos de “abandono”, especialmente aos treinadores, nos momento mais dificeis da temporada, ficando o clube exposto aos ataques da comunicação social, das intervenções concertadas por parte dos rivais e da contestação dos adeptos. Não considera que este é claramente um factor a reverter rapidamente, com consequências para quem o tem permitido, dado que isso tem prejudicado o clube?
RGS - Não concordo.
Sempre percebi que as intervenções sobre o futebol devem ser feitas, em primeiro lugar, por quem vive o futebol por dentro, por quem tem ligação directa e diária com a equipa.
Para além disso, sempre constatei a enorme disponibilidade do Presidente Luís Filipe Vieira, de toda a estrutura responsável pela comunicação social do Clube, de toda a Administração da SAD e da Direcção, em lutar e "dar a cara" pelo clube, pelas suas equipas, no futebol como nas mais diversas modalidades.
Eu próprio, modestamente, tenho tentado "denunciar", no "SIC", sempre que posso, as violações dessa mesma verdade desportiva.
(a não ser que eu não possa entrar, nessa contabilidade ....)."
Qual a dificuldade de efectuar intervenções claras, por quem tem a real responsabilidade, para evitar especulações – tomando o exemplo da forma como o Barcelona resolveu a questão do treinador?
RGS - Não concordo com essas referências a realidades externas, que, se analisadas mais de perto, se constata não serem nem tão rápidas, nem tão incontestadas, como a citada.
Para nós, longe dessa factualidade, parece-nos tudo feito de forma expedita e sem quaisquer dúvidas, sem quaisquer hesitações.
Mas - e para citar o caso referido- há quanto tempo a comunicação social vem falando sobre o tema?
E, sem curar de saber as razões, o "problema" só foi resolvido depois de perderem (quase) tudo ....
Em contrapartida, não são raras as vezes em que muitos dos responsáveis dos clubes estrangeiros com quem jogamos e que elogiamos, pela gestão, pelos resultados, pela dimensão internacional, nos enchem de referências de excepção pela forma como, desde as eleições de 2000, os benfiquistas encontraram estabilidade, condições e pessoas para recuperar o Clube da situação em que se encontrava.
As questões pessoais, a ânsia voluntariosa traduzida na ideia "... se eu lá estivesse ..." não nos pode fazer perder a percepção da dimensão do Benfica."
Foi muito anunciada a questão do bufo na SAD ou na Direcção! Já foi descoberta a 'toupeira' na estrutura do Benfica que passava informações para o exterior?
RGS - Não encontro, em nenhum dos meus colegas de Direcção ou de Administração da SAD, ou dos profissionais que lutam e gostam - hoje - tanto do Benfica como eu, qualquer vocação para "bufo".
E muito menos necessidade ou interesse!
Estamos, todos, verdadeiramente empenhados em fazer do Benfica o que deseja e quer cada um dos sócios, adeptos e simpatizantes do SLB: o maior e o melhor Clube do mundo.
Sem recorrer a métodos de corrupção.
Outros só saberão ganhar dessa forma; por nós, ... por mim, .... sabemos, ... sei que é possível ganhar de forma limpa.
É por isso, também, que sou do Benfica!"
Eis um tema fracturante. Comecemos por duas falhas da Direcção: 1. Porque motivo nunca houve uma AG para discutir este tema (caminhos, opções, sustentabilidade, etc), sabendo a direcção que há tanto anticorpos entre os benfiquistas contra o actual parceiro? 2. Foi anunciado pelo Presidente a apresentação do “caminho a seguir” para Fevereiro, desde então não mais foi anunciada qualquer indicação, porque motivo?
RGS - Repito o que sempre disse, e todos sabem:
No que depender de mim, tudo farei para que o Benfica não renove com a sociedade que hoje detém os "nossos" direitos televisivos!!!
Tenho plena confiança que o Presidente - que tem a responsabilidade pela resolução deste "dossier" - saberá decidir, de acordo com o que querem os benfiquistas, sem prejudicar os interesses do Clube.
Sei, de tantas e tantas conversas com ele, das suas preocupações, do seu objectivo, da sua preocupação em defender, intransigentemente, o futuro do SLB.
Não tenho dúvidas que, também neste caso, assim acontecerá.
O tempo - também aqui - somos nós que o fazemos."
Qual a perspectiva da Direcção sobre a criação de uma parceria de partilha de receitas e custos com um operador de comunicação, para sistemas de pay per view semelhante ao que os operadores de cabo têm, por exemplo, com os video-clubes? Temos cerca de um ano para estabelecer esta plataforma. Há estudos efectuados sobre isto? Em caso afirmativo porque não se conhecem os resultados em AG?
RGS: "Não sou um especialista ...
Reconhecendo a possibilidade de trilhar esse caminho, qualquer opinião minha sobre essa hipotética solução retiraria espaço de manobra, como facilmente se compreenderá, a uma opção que, a bem do que julgo ser o interesse do Benfica, deveria passar pela cessação dos vínculos contratuais existentes!
Disse-o, repito-o e não me canso de o fazer.
Livremente, ou seja, "à Benfica"."
(A segunda parte será mais direccionada para os temas internos do SLBenfica, bem como o apoio a Fernando Gomes, etc.)
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