Por diversas vezes este ano já aqui fui crítico da qualidade do plantel do Benfica, SOBRETUDO, se comparado com anos recentes.
Vendeu-se tudo (ou quase) o que de bom havia para vender nos últimos dois anos, e o que ficou foi aquilo que como também já aqui referi, é um plantel apenas mediano, e que a nível interno, contra Aroucas e afins vai dando para competir, mas que a nível europeu mostrou estar a anos Luz de poder dar cartas em competições onde os verdadeiros campeões dizem presente.
E mesmo a nível interno que é para não termos de ir tão longe, o Benfica tem este ano uma vitória no Dragão (jogo que ganhou com todo o mérito e foi de uma eficácia extrema, mas jogo também em que com um pouquinho mais de azar também podia ter perdido), e tirando esse jogo do Dragão, contabilizamos duas derrotas com o Braga (Taça e Campeonato), e dois empates com o Sporting.
Fica pois um saldo algo negativo, mas também exibições fracas na sua globalidade contra o que de melhorzinho existe em Portugal, e que para mim confirmam aquilo que venho dizendo desde Julho: de que este Benfica é qualitativamente mediano, tendo em conta a sua ambição e a grandeza dos objetivos a que se propõe.
Dito isto, há algo que para mim não muda e nunca mudará: os que cá estão serão sempre os melhores do mundo e aqueles para quem da minha boca nunca sairá um assobio. Se são os que cá estão é porque alguém os trouxe. E se são os que cá estão, é deles que depende a nossa sorte e são eles que apoiarei sempre.
O que não me impede no entanto de fazer as minhas análises (como cada um de vós fará as suas), as mesmas análises que tenho a certeza também são feitas a nível interno no Benfica, porque independentemente da fé que colocamos sempre nos jogadores que nos representam, a grandeza e a ambição do clube obriga-nos a olhar sempre para a frente, a identificar os erros e a procurar meios de melhorar.
Como aqui já escrevi, as saídas em catadupa no plantel são a causa principal e óbvia de alguma falta de qualidade a que se assiste atualmente. Mas os quase 80 (!!) milhões de euros gastos em dois anos de contratações em jogadores como Lizando, Mitrovic, Cortes, Markovic, Djuricic, Fejsa, Fariña, Pizzi, Funes Mori, Benito, César, Talisca, Cristante, Samaris, Bebé, Derlei, Eliseu e Jonathan, não são uma causa menor, até porque foram estes erros de casting (até ver) que impediu que essa renovação fosse feita.
Desses quase 80 milhões (caramba, que é muito milhão!!), o que há para mostrar a um nível ALTO é Markovic que já cá não está!
E essa é a realidade, por muito que muita gente me venha dizer que o que temos de fazer á apoiar, e que não podemos destabilizar e o blá, blá, blá habitual. Eu nunca deixei de apoiar (mesmo outros Benficas bem mais pobres que este), e quanto à conversa do “destabilizar” peço o favor de não insultarem a minha inteligência, porque nem eu acredito que os jogadores venham a este blogue ler opiniões de meia dúzia de amadores que apenas escrevem por carolice, nem eu lhes admitiria sequer que as suas performances e o seu profissionalismo se deixasse afetar por menoridades destas.
Agora, há coisas que para mim custam a engolir, e umas custam mais do que outras. Que alguns jogadores não tenham AINDA correspondido ao que se espera deles, é algo que acontece em todos os clubes, e em todo o lado há contratações menos conseguidas, se bem que na Luz, estes dois últimos anos de colheita tenham sido ATÉ VER desastrosos.
Mas há duas situações que me custam mais a engolir:
Uma delas chama-se Siqueira, e entristece-me que a história não sirva para perceber o que virá a seguir. Porque a história mostra que por cada Coentrão ou Léo que sai, outros 5 defesas esquerdos têm de chegar até que se volte a acertar num.
E sabendo isto, quando se tem um Siqueira na mão, e se deixa sair por causa de 7 milhões de euros, quando tantos milhões se gastam em barretes que nem à primeira equipa chegam e quando era óbvio que seriam sempre 7 milhões com fortes probabilidades de renderem 12 ou 13 um ano depois, acho que do ponto de vista de gestão desportiva são decisões questionáveis até porque antecipadamente se sabe que têm 90% de chance de virem a dar mau resultado. Como deu.
E a segunda chama-se Pizzi. Até pode vir a ser no futuro o jogador que neste momento ainda não é mas, caramba, por 12 milhões de euros (!!) contrata-se um jogador que era extremo de raíz, que não foi titular o ano passado numa equipa que jogava para não descer em Espanha, que aos 25 anos tem duas aparições numa seleção nacional a viver anos difíceis, e que se anda a formar com a época em andamento para poder vir a ser o médio centro que o Benfica manifestamente não tem?! Por 12 milhões de euros não havia soluções no mercado mais viáveis e aptas a render no imediato?!
A verdade é que eu vejo 80 milhões de euros gastos em dois anos de contratações, e tira-se Sálvio e Gaitan a este plantel (que não entram nos 80 milhões), e o que fica é de uma mediania confrangedora tendo em conta a ambição do clube.
Luisão e Jonas estão no fim da linha, Maxi para lá caminha, o que de melhor há na equipa B também parece estar disponível para venda, Gonçalo Guedes tarda em renovar contrato, o dinheiro não abunda, e mais do que o presente, preocupa-me bem mais o futuro que aí vem.
Ao fim de vários meses de lesões, e quando o Benfica se apresenta em Arouca finalmente na máxima força, a máxima força que havia no banco encarnado para alterar o paradigma de um jogo eram Artur, Lizandro. Sílvio, Rùben, Ola John, Talisca e Derley! Que saudades que eu tenho de um… Kardec ou um Bruno César (para não pedir muito)!
Tem o Benfica capacidade este ano de conquistar o Bi-Campeonato? Evidentemente que sim. Numa Liga tão fraca do ponto de vista global, mal do Benfica que não a tivesse, quando a obrigação de ganhar está presente em 90% dos nossos jogos tal é o desnível qualitativo entre o Benfica e os outros!
Mas já no próximo fim-de-semana urge ser bem mais fortes do que temos sido este ano contra as três equipas mais fortes da Liga portuguesa. Uma vitória em 5 jogos é pouco, e contra o Braga na próxima semana é imperativo inverter essa tendência…
Mais do que o jogo contra o Porto em final de Abril, o jogo contra o Braga é para mim o decisivo, não só pelos três pontos em disputa, mas também pela força que o Benfica precisa de mostrar já hoje para encarar o resto do campeonato, com uma vitória convincente e indiscutível.
O futuro do Benfica será preocupação para depois, embora aqui para os meus botões me vá convencendo cada vez mais que também Jorge Jesus estará no fim da linha (por decisão dele), e que o próximo ano, sem vacas gordas e com o términos dos fundos, representará uma espécie de sportinguização do Benfica, com redução radical de custos e um clube cada vez mais focado nas competições internas.
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