Depois de anos a discutir-se o tema “formação”, há quem ainda não tenha percebido a génesis do problema:
As pessoas opinam, não baseadas no conhecimento que julgam ter mas precisamente no reconhecimento de que não o têm, e porque partem do principio fundamental (e óbvio) que não sabem mais do que o treinador, ou seja lá quem for que decide estas questões.
Isto é bem diferente de quem opina no campo oposto, no campo de quem julga saber sempre mais do que o treinador, que encontra sempre razões extra futebol para justificar quando as ideias dele e as do treinador se desencontram, e que depois não tem sequer um exemplo por mais pequeno que seja para dar, de um jogador que tenha de facto confirmado com outra camisola as mirabolantes teses e as qualidades que se reclamaram durante anos.
Quando Jorge Jesus decidiu ir buscar André Gomes aos B e decidiu por exemplo mandar o Luís Martins porta fora, os adeptos não estavam em condições de avaliar nenhuma das decisões. O que os adeptos fizeram foi confiar no treinador Jorge Jesus, tão simples como isto, e ao confiarem no treinador acreditaram que Luís Martins não tinha valor para estar no Benfica, aliás, como se tem confirmado.
Eu posso ter uma opinião sobre o jogador Cardozo depois de o ter visto jogar com a camisola do Benfica mais de 100 vezes. Mas como posso eu ser fundamentalista ao avaliar um jogador como Cancelo, se embora já o tenha visto jogar noutros escalões, nunca o vi jogar com regularidade numa primeira divisão?! Que base tenho eu para sugerir um erro de avaliação da parte de quem trabalha diariamente com ele e que o conhece bem melhor que eu?
O que eu acho verdadeiramente hilariante é assumir-se agora um mea culpa, mea culpa esse que serve para dizer o quê? No fundo para dizer que sempre se esteve certo e o treinador pensava como ele! A ironia deste mea culpa é ser precisamente o oposto do mea culpa!
Mea culpa seria ter dito que se esteve errado o ano passado, quando se escreveu dezenas de vezes que a chamada de Cavaleiro aos A foi uma obrigação resultado de uma evidência à qual Jorge Jesus não mais poderia fugir, tal era a qualidade que ali estava. Um ano depois parece que já se chama a Cavaleiro um “dano colateral”, e um jogador assim-assim, e que de facto Jorge Jesus tem bem melhor!
No outro lado da barricada está o mea culpa que se exige agora aos outros, esse sim um verdadeiro mea culpa, que as pessoas assumam que erraram nos juízos que fizeram em relação a certos jogadores. Mas que juízos?! Mas alguém dúvida neste momento do valor do Gonçalo Guedes por exemplo?! O que as pessoas podem discutir aqui não é o valor, é o projeto de carreira e poder achar-se que um empréstimo para jogar mais possa ser melhor em certa altura, como o fazem dezenas de clubes!
Pois da minha parte, e pelas razões acima descritas, não há evidentemente mea culpa nenhum para assumir. Porque entendo que não há mea culpa para assumir por quem afinal sempre defendeu que o treinador estava certo quando decidiu como decidiu diversas questões.
O verdadeiro mea culpa tem é de ser feito por quem durante anos e anos opinou em relação aos Mários Ruis, aos Luis Martins, aos Davids Simões, aos Rosas, aos Moreiras, aos Oliveiras, e quem insinuou sempre razões extra futebol para a não aposta nestes jogadores.
Porque agora, e se o que foi escrito no post anterior é realmente verdade, este é um documento importante que tem forçosamente de ficar registado para memória futura.
Não mais se poderá dizer que o JJ não aposta em certo jogador só porque é português ou vindo dos escalões de formação. Terá forçosamente de se passar a dizer que não se aposta por razões físicas, técnicas, táticas ou psicológicas, em suma pelos critérios com que se avalia todo e qualquer jogador!
E ao assumir-se isso, tem também de se assumir que se esteve errado em relação ao valor vislumbrado em dezenas de outros jogadores, estrelas emergentes que nunca passaram da cepa torta.
Depois do que foi dito, o que não faz sentido nenhum é acreditar-se que o GB reconhece agora que o Jorge Jesus afinal esteve sempre certo... mas apenas em relação ao Bernardo!
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