E de repente, a euforia que se tinha apoderado dos orgãos de comunicação social alinhados com as recepções na AR e com as entrevistas no Dragão sem uma única questão sobre o Apito Dourado deu lugar ao "fado dos coitadinhos".
Duas horas antes do apito final do jogo de Munique era vê-los tecer mil e uma razões para sustentar um segundo resultado positivo do FCP.
Depois do apito final, é o fosso entre os grandes da Europa e o nosso futebol pequenino que explica tudo.
Até Jorge Jesus resolveu retirar proveito do resultado da primeira mão dizendo:
"Isto só demonstra o valor da equipa do Benfica, do Porto e do campeonato português".
Pois o resultado do jogo da segunda mão demonstra o quê, caro JJ?
A realidade é que o campeonato português é muito fraco, inquinado por senhores que se orientam com o futebol e com a paixão dos adeptos para fazer fortuna pessoal.
A palhaçada que se passa com os jogadores emprestados, comprometidos ou apalavrados é uma demonstração clara disso. Pouco interessa a verdade desportiva, desde que o nosso clube seja favorecido. É essa a realidade que muitos adeptos defendem. Rápidos a apontar aos outros aquilo que não reconhecem na sua própria casa.
Os 3 grandes queimam dinheiro com uma rapidez fantástica. Mantêm várias dezenas de jogadores sob contrato quando utilizam no plantel principal pouco mais de 20.
A gastar não somos coitadinhos.
O desfecho da eliminatória em Munique era previsível. Foi o que tantos já tinham adivinhado. Eu próprio já o tinha escrito no post "FC Porto fora da Champions".
A mentalidade sem medo da primeira mão deu lugar à mentalidade borrada e do "jogar para o empate". Tipicamente português por um azeiteiro espanhol.
A realidade do futebol português é que não temos a mesma capacidade de investimento que Espanha, Inglaterra, Alemanha ou até mesmo Itália.
Mas alguma vez tivemos?!
Quando o Benfica se bateu de igual para igual com o Real Madrid, Barcelona ou Manchester United nos anos 60 tinha a mesma capacidade financeira?
Quando se bateu de igual para igual com o Anderlecht nos anos 80 tinha a mesma capacidade financeira do então poderoso futebol belga?
Quando se bateu de igual para igual com o PSV recheado de futuros campeões da Europa, tinha a mesma capacidade financeira deles?
Quando se bateu de igual para igual com o Milan milionário e poderoso dos anos 90, tinha a mesma capacidade financeira deles?
Quando se bateu de igual para igual com o Manchester United milionário de Ferguson sob a batuta de Koeman, tinha a mesma capacidade financeira deles?
Quando se bateu de igual para igual com o campeão europeu Liverpool, tinha a mesma capacidade financeira deles?
Quando se bateu de igual para igual com o milionário e poderoso Barcelona ainda nessa mesma temporada, tinha a mesma capacidade financeira deles? Não foi eliminado por uma arbitragem tendenciosa que decidiu diferente, em lances iguais?
Quando se bateu de igual para igual com a Juventus na temporada passada, tinha a mesma capacidade financeira deles?
Não demonstrou o Benfica na fase de grupos que era melhor que o Mónaco? E afinal não foi o clube francês o mais competente? E foi eliminado nos quartos de final da Champions pelo mesmo clube que na temporada passada chutamos da Liga Europa fora?
Afinal quem é mais forte?
Os coitadinhos só o são porque os senhores do futebol português insistem em seguir por um caminho de enriquecimento pessoal(alguns) e de terceiros(quase todos), parasitando os seus clubes.
Não seguem a única política possível para os clubes portugueses terem mais sucesso: redução de custos, recursos aplicados criteriosamente, redução drástica de jogadores sob contrato, aposta na venda da lotação total do estádio para o ano inteiro e não apenas para os jogos mais importantes, eliminação de intermediários(sempre que possível) na negociação de patrocínios ou outros contratos.
São alguns exemplos do que não é feito.
O fado dos coitadinhos dá muito jeito para justificar meia dúzia de golos sofridos. Para justificar eliminações precoces e sucessivas. Essas são as desculpas dos fracos.
Os vencedores agarram as oportunidades que têm para tentar provar que podem ser os melhores. Nem sempre o conseguirão, mas não cantam este fado típico dos pequeninos.
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