O mês de janeiro aproxima-se, e como sabemos, Janeiro para o Benfica é mês de roer as unhas. Janeiro é mês de mercado, e mercado no Benfica é coisa que nunca acaba.
De 1 de Fevereiro a 31 de Maio anunciam-se os jogadores que vão sair no Verão, os que não saem no Verão começam a ser anunciados que afinal vão sair é em Janeiro, e quem não sair em janeiro tem saída garantida para o próximo Verão, enfim, questões de grandeza de que só alguns clubes se podem gabar.
E nisto de saídas em Janeiro, e tal como aqui critiquei a saída de Matic em Janeiro do ano passado, criticarei de novo qualquer venda que se efetue neste momento em que ganhámos avanço no campeonato, avanço esse que é preciso manter, com os melhores jogadores, claro.
Toda a gente sabe que o Benfica precisa de vender, mas também é claro para mim que eu não vejo os grandes clubes europeus que ambicionam lutar por todas as competições até final, vender os seus melhores jogadores em Janeiro. Não. Janeiro é mês de retoques no plantel que nos tornem mais fortes, e no Verão sim, com pré-epocas, Verão e outra capacidade de planeamento, tomam-se então as medidas de fundo.
Acho que com Matic, e isto é especulativo obviamente, a Liga Europa não nos tinha escapado o ano passado. Tivemos de vender? Acredito que sim. Mas há algo de muito contraditório a meu ver nestas vendas em Janeiro em clubes em que menos do que chegar em primeiro é derrota. Ora queremos ganhar competições ora queremos vender em Janeiro. Conciliar as duas coisas é que acho que é quase uma impossibilidade.
Ora nós, segundo consta, temos este ano o plantel mais fraco dos últimos seis anos, e ainda assim, e segundo se anuncia Enzo poderá fazer amanhã o seu último jogo na Luz, já que no próximo fim de semana estará castigado. Vai fazer falta? Evidentemente que sim.
De Gaitan fala-se que poderá ser vendido agora mas que só sairá no final da época (assim como se fez com Rodrigo e André Gomes o ano passado), coisa que nos parece que não causa mossa, mas que causa muita mossa no mês de Julho, quando a equipa retoma o trabalho desfalcada das suas melhores peças, as vendidas agora, mais as que não deixarão de ser vendidas no próximo Verão.
É tudo especulação de momento? Evidentemente que sim, e mantenho a esperança obviamente, que não saia ninguém.
Mas verdade se diga, que no Benfica é preciso vender e que a sua politica de sustentabilidade é bem simples: valorizar ativos e vendê-los quando o seu valor está no alto. Não há outra solução, por muito que nos doa.
E Enzo tem 28 anos, e se não sair agora não sei se voltará a sair por altos números, Gaitan tem 26 e está na idade que corresponde ao seu pico, e Sálvio, com 24 ainda é a estrela da companhia que poderá dar para aguentar mais um bocadinho, mas não muito. E nesse aspeto, mesmo não concordando no plano desportivo, terei de aceitar a venda de Enzo, porque são 25 ou 30 milhões que ou se fazem agora ou ficarão muito poucas possibilidades de os realizar.
O que sei, é que para Vieira, vender Enzo com o Benfica na frente levantará muito menos celeuma do que vendê-lo com o Benfica atrás no campeonato. Mas nem por isso este plantel deixa de ser bem mais fracos do que de outros anos, e a liderança de 6 pontos é um engano. O Benfica ganhou no Dragão (com total mérito mas também com a sorte do jogo), mas nada impede o Porto de ganhar na Luz, por isso, a nível de campeonato está tudo muitíssimo longe de estar decidido.
Enzo é um dos últimos Moicanos da Luz, um jogador com uma alma que contagia e vence jogos, e não acredito sinceramente que alguma vez Rúben Amorim ou Fejsa sejam jogadores para o substituir, jogadores com quem contar a nível alto por mais do que três ou quatro jogos consecutivos, já que as lesões fazem parte do seu historial.
A surpresa, e isto se o Benfica não tiver capacidade de ir ao mercado, pode ser... Pizzi, o coelho a sair da cartola de Jorge Jesus, e que no jogo contra o Leverkussen mostrou que há trabalho de casa que está a ser feito.
A vitória do último Domingo no Dragão foi maravilhosa, mas as avaliações ao rendimento da equipa devem ser feitas ao longo de um maior número de jogos. A verdade é que continuamos a ser uma equipa com dificuldades mesmo contra equipas mais pequenas, e a fronteira entre sermos bestas e bestiais é este ano bem mais ténue do que noutros anos.
Amanhã, frente ao Braga joga-se um jogo que pode ser decisivo esta época. Ganhando-o e vencendo no fim de semana o Gil Vicente, este será um natal de ouro para todos nós, que pode servir de élan ao resto da época, tal como aconteceu o ano passado, e dará aos nossos maiores rivais um Natal bem azedo e com muita desconfiança a fermentar no estômago.
Mas o Braga é o Braga, uma equipa que sabe jogar à bola, com excelentes jogadores, e uma equipa capaz de nos tornar de novo bestas num ápice e levantar imediatamente todas as dúvidas.
Um jogo que terá Enzo com toda a certeza, e se não for pedir muito: Que amanhã não seja o jogo da despedida, porque este homem vai seguramente fazer muita falta.
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