As coisas são como são, e a verdade é que estamos fora das competições europeias. Não apanhámos grupos com Maribores nem Mijas na Escada, grupos com pontos garantidos logo à partida, mas também não apanhámos nenhum grupo com Reais Mardrids nem Barcelonas, com pontos já dados como perdidos.
Não. Apanhámos um grupo equilibrado, um grupo no qual (verdade seja dita) o Benfica era a equipa com orçamento mais reduzido, mas também um grupo sem papões, e na qual uma equipa minimamente competente e preparada para jogar a este nível, tinha a obrigação de discutir (pelo menos) a qualificação até ao fim.
Não conseguimos – essa é a verdade. Fomos banais e fracos, do princípio ao fim da competição, sem um jogo sequer em que se tenha visto um grande Benfica, digno de participar na maior montra do futebol mundial.
O que escrevi acima, para mim é nu e cru, e é a verdade que fica. Há gente para quem esta eliminação faz cair o Carmo e a Trindade – e é legitimo que assim seja, e seria até injusto alguém vir dizer que tais sentimentos são infundados e que a exigência não deve estar presente.
Eu, pessoalmente, confesso que encarei esta eliminação com normalidade. Ok, seria bom passar a fase de grupos e poder disputar uma eliminatória de Liga dos Campeões em Março, bom desportivamente, financeiramente, bom para o ego de cada um de nós, mas a realidade porém, daquilo que eu vejo, é que este Benfica é fraco.
Este Benfica não é de Liga dos Campeões. E este Benfica não é de disputar mais uma época até Maio lutando até final por todas as competições. Este é um Benfica espremido, em dificuldades notórias, e um Benfica que tem de ser bem criterioso onde apostar as suas fichas, isto se quiser chegar a Maio com alguns canecos para mostrar. Em suma, o que acho é que passar para a Liga Europa seria o pior que poderia acontecer a este Benfica.
Obviamente, o parágrafo acima é o Redmoon a ver a realidade. Mas também tem de haver um Redmoon a QUESTIONAR essa realidade, porque as coisas não tinham necessariamente de ser assim.
Mil perguntas se levantam, todas elas legítimas. O Shadows por exemplo já deu azo ao seu descontentamento, e eu não vou seguramente dizer-lhe: “Vá lá Shadows, não sejas assim, não sejas injusto, para o ano há mais!” Não. O Shadows tem toda a legitimidade para não estar contente, toda a legitimidade para exigir mais.
O que importa porém perceber, e isso também é importante discutir, é se o Benfica está em condições de dar mais, de satisfazer as exigências do Shadows e as minhas.
Aos adeptos é fácil exigir, ambicionar, querer sempre mais. Mas a política do clube para 2014/2015 é uma política claramente de sinal contrário. Dificuldades financeiras? Obviamente! O que me parece é que neste momento, e em face das épocas recentes, é exigido a este Benfica algo que este não está em condições de oferecer.
Podemos estar aqui a discutir os pecados de Jorge Jesus – o que é legítimo também. O que já não acho tão legítimo e num ano em que o Benfica está claramente muito mais fraco, virem dizer que: “Agora sim, é que vamos ver o que Jesus vale.” Como se, algum treinador do mundo, seja capaz de conquistar competições sem ter bons jogadores, ou com planteis MUITO mais fracos do que os dos adversários.
Excluindo as saídas de Oblak e Markovic, todas as vendas foram planeadas. Planeadas mas mal colmatadas! Saiu ainda Garay, Rodrigo, André Gomes, Cardozo e Siqueira. Isto com Fejsa lesionado e Rúben Amorim a lesionar-se e a nunca fazer 4 jogos seguidos. Convenhamos que exigir muito mais a este Benfica é praticamente uma impossibilidade, a não ser que alguém considere que uma equipa se forma em dois ou três meses, ainda por cima sob efeito de todas estas condicionantes.
Cardozo – que falta nos faz, e Oblak são casos absurdos de má gestão da pré-época. O folhetim Júlio César foi caricato, como mais caricato ainda foi a contratação de Jonas, já fora do período de transferências e sem poder disputar competições europeias! Lima, infelizmente para todos nós, está muito longe de ser neste momento a solução para os problemas ofensivos da equipa!
Claro que podemos entrar noutro campo: perguntar porque raio os reforços tardam em justificar a contratação. E também aqui tem de haver responsáveis. Bem sei que é cedo para avaliações definitivas mas, a colheita deste ano, parece globalmente fraca. E nada barata. Temos Talisca sim, e Jonas (parece), mas é pouco para tanta debandada.
E nem o argumento de se contratar sempre miúdos e ser preciso dar-lhes tempo serve neste momento. Porque Samaris por exemplo é um jogador feito, maduro, e caro, que foi contratado supostamente para chegar e jogar, sem necessitar de grandes aprendizagens. Também aqui falhámos, e alguém deveria assumir o erro.
Jorge Jesus é pouco maleável taticamente? Talvez. Jorge Jesus é treinador de ataque, com bons ou com maus jogadores. Com bons jogadores domina muitas vezes, com maus as fragilidades vêm ao de cima e pagamos quase sempre o erro.
Mas também não podemos exigir a este Benfica que jogue de uma maneira que o ADN dos seus jogadores não permite. Neste Benfica não há Binyas. O Benfica de Jorge Jesus procura ser de artistas e uma equipa solta e leve. Não se pode pedir a Rodrigo, Sálvio, Gaitan ou Markovic para jogar na retranca à espera do erro do adversário. Com Jorge Jesus o Benfica será sempre de ataque, com todas as virtudes e defeitos que daí advêm.
Jorge Jesus vai pagar mais tarde ou mais cedo as consequências de não ter saído do Benfica na hora certa? Há muito que aqui escrevi que vai. Tem culpa no cartório atual? Claro que sim, embora para mim não seja o maior culpado.
A verdade é que este é um Benfica sem banco, um Benfica com debilidades no centro da defesa, na esquerda da defesa, no miolo e no ataque, já sem contar com a dificuldades do departamento médico.
Demasiadas debilidades para um equipa com a pressão de fazer igual (ou melhor) de que aquilo que fez o ano passado.
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