“Das eleições de hoje para a Liga de Clubes não há vencedores nem vencidos, mas apenas um processo que não dignificou o Futebol português.
E desenganem-se - ao contrário do que muitos querem fazer passar – que o culpado não é Mário Figueiredo, que porventura em alguns momentos, reconheço, também poderia ter assumido uma posição mais conciliadora.
Quem procurou nesta eleição um ajuste de contas com o passado, ou viu neste acto eleitoral uma oportunidade de afirmação pessoal sem qualquer outro tipo de projecto, esses sim contribuíram para o espectáculo pouco edificante que tivemos oportunidade de assistir.
Não expressei publicamente qualquer opção para o presente acto eleitoral, mas chegados aqui e uma vez eleito o Dr. Mário Figueiredo acho que temos a obrigação de o ajudar, dando-lhe a oportunidade de com os clubes procurar uma solução conciliatória.
Fazer outra coisa, prolongando nos tribunais uma disputa legal, em nada beneficiará o Futebol português.”
Este comunicado do presidente do Benfica, depois de toda esta novela em torno das eleições da Liga, é mais uma contribuição para um episódio que devia envergonhar todos os dirigentes do futebol português.
As candidaturas de Seara e Rui Alves, duas faces da mesma moeda, foram a morte 'política' desses 2 personagens, em especial do primeiro.
Assim como o 'defunto político' Luis Filipe Menezes no norte, Fernando Seara comprovou a sua 'morte política' e falta de dimensão para liderar seja o que fôr. Em Sintra sabemos bem quem fazia o trabalho todo.
Joaquim Oliveira jogou em todos os tabuleiros, tentou condicionar movimentações e nomes, sabendo que o futuro do seu império, agora partilhado com o Atlântico Sul, depende do que vier a acontecer no curto prazo. Aliás, as notícias do universo Controlinveste anunciam mesmo essa realidade complicada, fruto da política de eucalipto que Joaquim Oliveira conseguiu impôr em Portugal durante anos através de financiamentos bancários sem fundo comprando tudo o que podia, quer para o seu grupo de media quer mesmo para a SportTV.
A aparente derrota de Joaquim Oliveira não é nada mais que isso. Aparente.
Parece que muitos esquecem que vivemos num país onde as escutas autorizadas no Apito Dourado foram depois consideradas inválidas.
Onde outras escutas que envolviam governantes e que expunham as teias de corrupção que até ferro-velho envolviam foram abafadas e destruídas.
Por isso, não exulto com a vitória de Mário Figueiredo, que apesar das acções a decorrer que colocam em causa a Olivedesportos, até agora tem sido uma peça fundamental no esvaziamento da Liga de Clubes, e que até agora nada me convenceu de que não seja esse o verdadeiro 'masterplan'.
O papel do Sport Lisboa e Benfica foi, assim como em eleições anteriores, um papel secundário e pouco digno da sua dimensão de maior clube português.
O nosso clube tem uma vocação de liderança.
Assim como nas eleições de Fernando Gomes, o presidente do Benfica preferiu não ir contra os interesses de Joaquim Oliveira, sinal esse bem evidente nos elogios e agradecimentos que lhe faz sempre que tem hipótese.
Como se o SL Benfica tivesse de agradecer os milhões de euros que não pagos ao Benfica pelo valor da sua marca, foram alimentando esse sistema que serve outras cores.
Apoiou e desapoiou Seara entre as viagens do vereador ao norte, nunca tendo feito aquilo que os benfiquistas esperavam e esperam de si: assumir a liderança na promoção de uma solução diferente e duradoura para o futebol português. Gente nova e com ideias.
Promoção activa junto da opinião pública e dos clubes usando a II Liga como apoio face aos clubes carneiros do FC Porto.
Ao invés, preferiu o silêncio público e até mesmo a ausência da votação. Endossou nomes do sistema, contribuindo não para a solução mas para o problema, entregando assim e mais uma vez tudo nas mãos dos mesmos de sempre.
Vem agora criticar Mário Figueiredo por não ter assumido uma posição mais conciliadora...com quem? Com o amigo Oliveira? Com os clubes carneiros do FC Porto? E o presidente do Benfica promoveu o quê e quem neste processo?
O apelo final às soluções conciliatórias são mais um sinal de que LFV quer promover o diálogo com o FC Porto e a sua facção. Dialogar com quem? Corruptos?
Gente como o presidente da Académica ou do Guimarães? Gente como o presidente da SAD do Estoril, cujo contributo para o derrapanço do seu clube nos últimos jogos deram a pré-eliminatória da Champions ao FCPorto?
A estratégia do SL Benfica foi péssima. É certo que nem todos se deixaram embalar pelas posições dos amigos de Oliveira e Seara e talvez seja nesses que tenhamos de colocar os olhos quanto ao futuro.
A colagem que agora LFV tenta fazer a Mário Figueiredo é mais um episódio de quem foge das tomadas de decisão públicas que choquem com outros interesses, mas que depois é o primeiro a tentar recolher louros de qualquer coisa que cheire a vitória.
Pena é que nos momentos decisivos e fracturantes LFV prefira um silêncio público comprometedor.
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