Portugal, 27 de Março de 2013
O Benfica despediu recentemente o treinador do Futsal, Paulo Fernandes. Ao cabo de 2 épocas completas e a caminho da terceira época, Paulo Fernandes conquistou um campeonato, duas taças de Portugal e duas supertaças. Não me parece mau.
Disputou apenas uma champions, tendo falhado o apuramento para a ronda final, por um conjunto de aspectos que não se ultrapassaram, como seja termos jogado em casa da equipa que acabou por se apurar e termos sofrido (Bebé) 1 golo no último segundo do 1º jogo, golo esse que impediu a vitória e outra confiança para os jogos seguintes, bem como melhoria no eventual factor de desempate.
Disputou os dois play-offs do título, ambos contra o SCP, tendo perdido o primeiro e ganho o segundo. Da mesma maneira que, como treinador do SCP venceu o Benfica de André Lima e Ricardinho por 2 vezes, nos mesmos play-offs do título. Um deles ficou célebre (para mim) porque após ter obtido o empate na final com uma vitória no pavilhão do SCP, André Lima proferiu a frase “não estou a ver o SCP ganhar duas vezes em nossa casa”. O que é certo é que ganharam, um no prolongamento, outro nos penaltys. E André Lima saiu derrotado.
Despedido André Lima, que havia conquistado a inédita Champions League para as vitrinas do futuro museu, foi-se contratar o treinador que havia derrotado o campeão André Lima: Paulo Fernandes. Agora despede-se Paulo Fernandes e vai-se buscar outro treinador, a quem desejo a maior das sortes, mas que está condenado ao insucesso. Mas se se reconheceu algum tipo de fracasso a Paulo fernandes, porque não se foi buscar então o André Lima, anteriormente derrotado por Paulo Fernandes pelo reconhecimento da sua carreira ou pelo reconhecimento dos títulos que nos ajudou a alcançar?
A fuga para a frente não costuma dar bons resultados. E não me parece ser estratégia compatível com um clube que apregoa ser diferente. De facto somos diferentes: praticamos a integração social de jovens através da Fundação Benfica, ajudamos antigos atletas que por razões de saúde viram os seus planos de vida fracassarem ou que simplesmente tinham caído no esquecimento, mas quando se trata de dar exemplos concretos na gestão do futebol ou das modalidades, é isto que vemos: ingratidão atrás de ingratidão.
Mas bem, já fomos buscar Alípio Dias, o primeiro treinador campeão no Benfica. Pode ser que ainda calhe a vez a outros. Quem sabe no futuro, possamos ter de volta o André Lima ou o Paulo Fernandes...
O caricato nestes processos de despedimentos nas modalidades, é que costuma haver umas cortinas de silêncios que nos impedem de saber quem é que toma as decisões, quem é que propõe e porque propõe as rescisões, etc.
Vem isto a propósito da entrevista que Paulo Fernandes em 25 de Março deu à Bola TV, na qual afirma que “na sexta-feira tive uma reunião com Luís Filipe Vieira, a quem agradeço o apoio que me deu. Três semanas antes foi o vice-presidente que me defendeu...”.
Ora estas afirmações adensam mais esta problemática. Se o Presidente e o Vice-presidente dão apoio ao treinador e este logo a seguir é despedido, quem manda afinal nas modalidades? Ou será que a hipocrisia já chegou à forma como o Sr.º Vieira e o Vice para as Modalidades exercem a função?
Não vou pela tese da hipocrisia mas sim pela tese de que o Presidente e o Vice-presidente se estão a marimbar para o que se passa nas modalidades. Isso é questão para os amigos seccionistas tratarem à sua maneira. Depois, se despedimos mais um treinador ou não, se mostramos a nossa ingratidão e falta de inteligência, isso já não interessa. Interessa manter a estrutura de poder que começa no seccionista. É o seccionista que conta. Não o treinador.
O que fica claro é que a treta que a máquina de propaganda do Sr.º Vieira anda a vender aos adeptos, de que o Sr.º Vieira aposta nas modalidades, é apenas isso: treta. Os factos mostram que o Presidente não se interessa com os princípios de grandeza que deviam nortear a gestão do clube. Ele apenas se interessa pelo Futebol, na componente contratação de jogadores e mais e mais empréstimos bancários. Não é por acaso que os empresários são sempre os mesmos e o Banco que financia também.
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