28 de Fevereiro de 2014.

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الجمعة، 28 فبراير 2014

28 de Fevereiro de 2014.



Passam hoje 110 anos desde a fundação do Sport Lisboa, hoje conhecido internacionalmente como Benfica.

A história do clube, desde o dia 1, fez-se sempre de um acreditar profundo na honestidade e no trabalho e com compromissos profundos com estes valores por parte de todos os que vinham servir o Benfica.

Tivemos tempos gloriosos, outros menos bons, mas a matriz do clube nunca mudou: entramos para ganhar em tudo em que participamos.

A história recente do clube tem sido mais complicada.

Sempre tivemos adversários com uma rivalidade mais ou menos vincada, mas os últimos 30 anos viram chegar ao futebol em Portugal uma inveja e ódio profundos ao Benfica, à sua matriz popular e ao seu sucesso sem paralelo em Portugal lá fora.

No entanto, discordo de quem diz que o problema do Benfica dos últimos 20 anos tem sido o FCP ou o sistema.
O problema do Benfica tem sido mesmo os tiros nos pés dados por si mesmo.

Como o sucesso da BenficaTV tem demonstrado, o problema do Benfica nunca foi falta de apoio dos adeptos. A qualquer lado que o clube se desloque tem sempre a sua massa associativa bem perto.

O problema do Benfica tem sido o alimentar da paixão pelo clube com aquilo que é o verdadeiro combustível de tudo: as vitórias, o sucesso, os títulos.

O clube demorou a largar aquele hábito dos mecenas, das injecções de dinheiro por parte de benfiquistas que davam o que tinham para que o clube fosse mais além. Demorou a modernizar-se.
Dentro tantos que contribuiram para a construção do estádio antigo ou para outros momentos marcantes da vida do clube, destaco aquele que de mais perto acompanhei: Jorge de Brito.
A sua paixão pelo clube era enorme. Enquanto lhe foi possível, deu tudo ao Benfica.

Depois dele, vieram os presidentes que não foram os homens certos para o que o Benfica precisava.

Damásio ficará sempre lembrado como um capacho de Pinto da Costa, que até para a Liga de Clubes apoiou, e que permitiu que se destruísse um plantel forte, campeão nacional.
Recebe um clube com umas finanças debilitadas, mas desbaratou o plantel, estoirou o dinheiro em jogadores sem valor e deixou o clube na miséria.

Vale e Azevedo teve 2 iniciativas muito positivas: colocar em causa o monopólio da Olivedesportos e terminar com a pouca-vergonha que era termos 25 mil pessoas no estádio e apenas 4 ou 5 mil teram pago bilhete. Despachar os porteiros e colocar uma empresa de segurança foi iniciativa sua.

Mas nada disso apaga tudo o resto pelo qual já foi condenado. E o facto de que fora do futebol, era já alguém pouco recomendável.

A seguir veio o actual presidente, Luis Filipe Vieira.

Tem vários méritos: é a sua direcção que finalmente moderniza o clube, adaptando-o aos tempos modernos.
De facto, o Benfica hoje é um clube que está na linha da frente na comercialização da sua marca, da sua imagem e sem dúvida que a BenficaTV com os jogos do Benfica é uma das jóias dessa coroa de mérito da direcção de Luis Filipe Vieira.

O novo estádio com o naming das bancadas foi algo também inovador em Portugal.

Temos também um centro de estágio que é algo de que Vieira se deve orgulhar. Embora o projecto tenha nascido com Vale e Azevedo, foi Vieira que ultrapassou os problemas legais e que o construiu.

Mas nem tudo são rosas com Vieira.

O endividamento do Benfica está em níveis preocupantes. Alguém disse recentemente que 'os passivos não são para ser pagos mas sim renegociados'. Então não sei o que andamos a fazer com os nossos impostos à Troika.

Vieira recebeu um passivo de 86 milhões e neste momento está nos 500 milhões.
Há obra feita como o estádio ou o centro de estágio, mas nada disso justifica estes valores.
As vendas de jogadores estão no máximo que alguma vez fizemos, mas mesmo assim a dívida não diminui. Aumenta.

Temos um plantel forte a nível nacional, mas com falta de provas dadas lá fora para que justifique os salários pagos ao plantel e ao treinador actual. Basta olhar para a performance na Champions nos últimos 4 anos.

Hoje, que passam 110 anos da fundação do Sport Lisboa, o que falta ao Benfica?

O que, na minha opinião, falta neste momento ao Benfica presidido por Vieira é a paixão.
Os benfiquistas estão divididos entre o apoio incondicional a tudo o que Vieira faça e os que embora lhe vejam alguns méritos não lhe reconhecem o mesmo benfiquismo de paixão.

O envolvimento de Vieira com Pinto da Costa, o apoio a figuras do sistema como Fernando Gomes, as amizades acima do Benfica com António Salvador ou Joaquim Oliveira que são serviçais do sistema, o ter sido sócio do FCP durante quase meio século, de ter sido homem de confiança de Pinto da Costa, de ter sido visita frequente da tribuna das Antas enquanto o Benfica era enxovalhado, não o tornam numa figura simpática para muitos, nos quais eu me incluo.

Não consigo olhar para Vieira e encará-lo como um dos nossos. É inconcebível para mim que um benfiquista se misture com aquela gente corrupta e odiosa.

Não ponho em causa que o verdadeiro clube de que goste seja o Benfica. Mas duvido que face a relações pessoais coloque o Benfica em primeiro lugar.

Esse parece-me o principal problema que muitos benfiquistas como eu vislumbram em Vieira. E porque ele não faz qualquer esforço em unir os benfiquistas, ainda vinca mais essa opinião. 
Quantas vezes Vieira já compareceu junto de um grupo anónimo de benfiquistas? 
Quantas vezes saiu do seu gabinete e foi à entrada de segurança cumprimentar e enfrentar os sócios? 
Quantas vezes discursa fora do ambiente controlado das Casas?

Eu acho que a Vieira falta a mesma paixão pelo clube que tenho desde que o meu tio me deu a conhecer o Benfica, ainda eu estava no berço. Acho inconcebível ser sócio do FCP ou amigo de um corrupto. Acho inconcebível ser benfiquista e ter relações comerciais com o FCP, esteja onde estiver.

Vieira tem até ao fim da temporada para mostrar que os benfiquistas não devem continuar a sonhar com tempos gloriosos. Que de facto eles finalmente estão aí para ficar.
Acima de tudo, Vieira tem que comprovar com actos de que a sua paixão pelo Benfica está acima de tudo o resto. Senão o estádio continuará por encher e a glória de outrora continuará por vir.

Mário Coluna e Eusébio não se colocavam acima do Benfica. Para eles o Benfica era uma entidade superior, completamente acima deles. É o que falta a Vieira e até mesmo a Jorge Jesus.
E enquanto assim for, os adeptos continuarão longe, comparecendo apenas em massa em alturas excepcionais.

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