Portugal, 22 de Janeiro de 2014
Com o habitual atraso que as minhas devoções ou obrigações profissionais me impõem, aqui vão algumas reflexões sobre a 1ª volta do campeonato de futebol que recentemente terminou, em grande, convenhamos, com uma sempre saborosa vitória sobre o FCP por 2-0.
Ao contrário do que pensam outros analistas amadores como eu, só há duas alturas da época em que é possível efectuar comparações conclusivas: no final da 1ª volta, quando todos jogaram contra todos, independentemente da ordem dos jogos, casa e fora, e no final da 2ª volta com ou sem apuramento do campeão (pode ter sido encontrado nas jornadas anteriores). Qualquer comparação à 3ª, 5ª ou 12ª jornada, como vemos por aí, não leva a lado nenhum e apenas serve para “esfaquear” a qualidade e natureza dos resultados. Infelizmente há jornais que o fazem, e há comentadores que lhe seguem o exemplo.
O facto mais relevante desta 1ª volta, é que o Benfica conseguiu chegar ao seu termo em 1º lugar, isolado, com 2 pontos de avanço sobre o SCP e 3 pontos de avanço (novidade) sobre o FCP. Fizemo-lo com o 2º melhor ataque com 29 golos, atrás do SCP (novidade) e a 3ª pior defesa (menos novidade) com 12 golos, atrás de FCP 11 golos e SCP 9 golos.
Não fiz este tipo de apreciação na época passada pelo que as comparações que posso trazer aqui são poucas. Ainda assim posso referir que temos menos 3 pontos do que na época passada, que para nós foi aquilo que chamei de “época vintage” pelos 85,6% de pontos conquistados. Os pontos agora obtidos dão-nos uma percentagem de 80%, o que é francamente bom e está acima de duas das 5 épocas efectuadas com Jesus no comando.
Apesar da venda de Matic, vejo este indicador dos 80% como um bom prenúncio de uma boa 2ª volta, porque se trata de um indicador conseguido após a incompetência directiva que caracterizou a fase de arranque do campeonato, com um longo e desgastante período de espera até à natural renovação com Jorge Jesus, assim como um inenarrável processo disciplinar a Cardozo que demorou 73 dias a ser concluído, com consequências negativas para o jogador e demais equipa.
Apesar do jornal dito “benfiquista” a BOLA hoje publicar uma estatística viciada, na forma e substância dos valores comparados, a verdade é que o Benfica melhorou depois da reintegração de Cardozo. Começou com 1 golo em Alvalade de Markovic, mas com Cardozo em campo a sofrer marcação do último defesa que poderia atrapalhar Markovic, e foi por aí em diante com uma série de 5 vitórias em 6 jogos, só interrompida no jogo com o Belenenses devido a um golo quase 3 metros em fora de jogo. Mas para o jornal A BOLA, incluir 5 jogos da Champions no “pacote” de jogos que Cardozo fez, é o mesmo que os 3 jogos que Cardozo não fez contra Gil Vicente na Taça, Nacional e Leixões na Taça da Liga. Para eles é a mesma coisa e assim se vão aldrabando as coisas...
Há também uma novidade esta época que é o campeonato das assistências aos jogos. Dado que o SCP este ano tem valores interessantes e dado que, como tenho repetido vezes sem conta, a comunicação social lisboeta tem uma matriz clubística sportinguista, nunca como este ano se viram tantas referências sobre as assistências nos jogos de futebol. Há que referir o seguinte:
Surpreendentemente, o SCP foi o clube que arrastou mais assistências no somatório dos jogos fora e em casa, com 384 760 espectadores, à frente do Benfica com 367 680 e FCP com 338 227. Surpreendentemente também, foi o SCP a arrastar mais espectadores nos jogos fora de casa. Apesar de ter menos 1 jogo fora do que Benfica e FCP, o SCP teve 117 050 espectadores, contra 102 229 do FCP e 101 450 do Benfica. Neste item, o FCP beneficiou de ter participado no jogo com mais espectadores do campeonato, o Benfica - FCP com 62 508 (o SCP apenas teve a deslocação ao Dragão com 48 108 e o Benfica em Alvalade com 46 109). Na 2ª volta tudo será diferente e não tenho dúvidas que o Benfica irá ultrapassar, pelo menos, o FCP.
Mas não tenho a certeza que possamos ultrapassar o SCP nos jogos fora, até ao final do campeonato. Porque na comparação directa, o SCP ganha-nos em 2 campos de média dimensão, Olhão e Coimbra, e apenas perde em Guimarães. No Estoril há um empate técnico (diferença de 15 espectadores) e deve ser realçado que na comparação directa, o SCP também ganha ao FCP em Arouca, uma localidade onde é suposto haver mais adeptos do FCP.
Nos jogos em casa, e apesar de ter mais um jogo que Benfica e FCP, o SCP tem uma vantagem residual (267 710 espectadores contra 266 230 do Benfica, e os 235 998 do FCP). No final da 2ª volta, vejo boas perspectivas de continuarmos a ter mais espectadores em casa do que a concorrência.
Dado o evoluir da situação competitiva do Benfica, bastante melhor do que os habituais críticos de Jorge Jesus (nos mídia e fora deles) supunham na 1ª fase da época, e dado que há agora muito menos divisão no apoio à equipa, por parte dos adeptos, podemos acreditar numa 2ª volta tão boa ou melhor do que a 1ª. Melhor pontualmente, não em qualidade exibicional, porque as baixas de Cardozo e Sálvio, associada à venda de Matic, obrigam à alteração da dinâmica de jogo para figurinos exibicionais de maior pragmatismo e menos espectáculo.
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