Portugal, 15 de Julho de 2013
Enquanto não concluo a trilogia dos textos sobre os direitos televisivos, com mais um texto que irá deixar os cabelos em pé aos que acreditam no “Pai Natal” do “sabemos para onde vamos” e da “credibilidade”, eis que a bola já rolou na fase “Gamma” (escrevi texto sobre o mesmo tema no ano passado) da pré-temporada, com 1 empate e 1 vitória.
A fase “Gama” da pré-temporada caracteriza-se por uma “misteriosa” parceria com a firma Gamma Sports que dura (no actual modelo) vai para uns 5 anos no mínimo, e na qual sempre se disse que a Gamma Sports era quem pagava as despesas do estágio do Benfica, assim como era essa empresa que calendarizava os jogos desse mini-estágio, normalmente passado na Suíça.
Daí vermos sistematicamente o Benfica jogar um pacote de 3 jogos, sendo 2 deles com 24 horas de intervalo e um terceiro jogo disputado 48 horas após o segundo. Nunca achei esta calendarização favorável aos interesses da equipa, não é agora que vou mudar de opinião.
Dos apontamentos da minha memória, que o tempo é escasso para fazer pesquisa, julgo que nunca conseguimos ganhar os 3 jogos. No estágio que precedeu a conquista do último título empatamos com o Sion. No ano seguinte perdemos com esta mesma equipa no tal jogo que despoletou todas as criticas sobre Roberto. Na época seguinte foi um empate 1-1 com o Servette de João Alves e no ano passado foi um 0-0 com o Lille no 3º e último jogo. Penso também não errar se disser que em nenhum dos anteriores estágios “pagos” pela Gamma Sports, sofremos 4 golos, embora só por uma vez tenhamos marcado 9 golos em dois jogos.
O total de 9-4 em golos marcados e sofridos vem evidenciar aquilo que uma certa elite pensadora no Benfica não consegue atingir: não há futebol de ataque sem problemas defensivos. E quem defender o contrário ou anda distraído ou é burro convicto.
Mudamos de jogadores, mudamos de defesas, mudamos de guarda-redes, mudamos de centro campistas, mas continuamos a jogar da mesma maneira e a sofrer golos da mesma maneira. Porque o futebol não depende apenas dos executantes, depende muito mais dos modelos de jogo e das dinâmicas de jogo que implicam, função do número de jogadores em cada sector do campo.
No Benfica há uma procura incessante pelo conjunto de jogadores “perfeito” para o modelo de jogo atacante que a “história” do Benfica justifica, uma espécie de busca do cálice do Santo Graal, e como tal, condenada ao insucesso. Mas dá jeito, o povo anima-se com o “Benfica de ataque” (a propaganda agita as ideias e as vontades dos adeptos), a ilusão de “este ano é que é” ajuda a vender mais camisolas e bilhetes, mas no final perdemos o Campeonato ou a Taça com 1 golo em fora de jogo e lá temos de começar tudo outra vez. Com outros jogadores, mais despesa, mais endividamento bancário, mais comissões para os empresários, e “siga a marinha” que o Sr.º Vieira é que sabe como fazer fortuna a partir do zero, mas não para o clube Benfica, tecnicamente falido com capitais próprios negativos de mais de 80 milhões de euros...
Mas bom, há dias alguém me lembrava que se Vale e Azevedo tivesse ganho as eleições de 2000, o clube tinha encerrado as portas. Como agora é que estamos “bem”, tenho de dar o braço a torcer: não percebo nada de contabilidade...
Voltando ao estágio, nem tudo foi mau. A dinâmica atacante é de boa qualidade, vê-se ali muita gente a querer tratar bem a bola, conseguem-se boas jogadas de ataque (e muitos golos), enfim, quando temos a bola nos pés conseguimos fazer algumas coisas bem interessantes (o 3º golo ao Etoile Carouge foi um mimo). A contra partida é que jogadores de qualidade com a bola nos pés, normalmente é sinónimo que não se sabem posicionar quando não temos a bola. Daí as sucessivas “facilidades” com que o adversário consegue criar situações de ataque, concluídas com remates à baliza, onde nem sempre o guarda-redes esteve bem. Mas tudo começa num meio campo que não sabe defender...
Também serve de atenuante o facto de se jogar 2 jogos em 24 horas, ao contrário do Bordéus (vencedor da Taça de França), assim como as muitas experiências que o treinador tem de fazer, o que provocou erros colectivos como os que originaram os 3 golos do Bordéus...
Quanto à Gamma Sports ter pago os últimos estágios, este ano fiquei com dúvidas. Se o contrato era o mesmo, porque razão a atentíssima Direcção do Benfica apenas agora descobriu que o Campo de Treinos do Seixal é óptimo para fazer o estágio? Se o estágio estava pago e este ano o Benfica não utilizou essa oferta, quanto foi o valor do cachet ganho nos 3 jogos agendados pela Gamma Sports com desrespeito pelos interesses desportivos da equipa? Se o contrato era outro, porque razão jogamos com a calendarização que a Gamma Sports quer e não como interessa à equipa?
E viva a transparência do grupo empresarial Benfica....
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