Vamos lá por de lado a paixão e trazer para a análise a racionalidade: Porque vai o SLBenfica renovar com o Joaquim Oliveira? A resposta pode parecer "rebuscada", mas até é bastante simples se pensarem um pouco na realidade dos clubes nacionais: A Banca.
Eis a minha teoria sobre isto:
99% dos clubes nacionais estão reféns da banca nacional. Facto!
Ao estarem reféns, têm inclusivamente seus representantes nas Administrações (caso de Domingos Soares Oliveira, no SLBenfica) e com isso controlam grande parte das decisões de investimentos e receitas, de modo a protegerem os seus empréstimos e garantirem que os clubes honram os respectivos compromissos.
Um dos desígnios da banca é que vale mais dinheiro garantido do que apostas de risco que possam colocar em causa os compromissos dos clubes com a banca. Olhemos agora, sob esse prisma, às duas opções do SLBenfica:
1. Vender os direitos televisivos a Joaquim Oliveira na ordem dos 22 a 25M€/ano, estendendo o contrato por mais 7 anos, portanto até 2020 ou perto disso.
2. Ficar com os direitos, suportar uma parceria com uma empresa como a PT/Meo e explorar a revenda dos direitos (para todos os que pretendam transmitir resumos, excertos, imagens, etc) e, principalmente, a publicidade.
À luz dos bancos, o primeiro cenário é dinheiro em caixa. Representa directamente passar de 7,5M€/ano para uma receita adicional de 15 a 17M€, reforçando a capacidade do SLBenfica fazer face aos compromissos com a banca, independentemente da performance desportiva.
Já o segundo cenário representa um risco imenso. Partilhar as receitas com um parceiro e, seja qual for a dimensão da receita, nunca haverá capacidade preditiva, ou seja, nunca saberão exactamente qual o valor da receita de forma antecipada, ficando dependente da performance desportiva.
No limite, no segundo cenário podemos até ganhar mais dinheiro... mas terá um factor de incerteza (logo risco) bem como influência de factores externos muito superiores. E acham que os bancos, especialmente em momentos de crise, querem risco? Nem pensar.
A triste verdade, que não desculpa a inércia do SLBenfica sobre o tema, é que o SLBenfica é dominado por interesses das entidades financeiras. Essas entidades estão-se nas tintas para o Sistema, para a Corrupção, ou para os resultados desportivos do SLBenfica... o que interessa é reduzir a exposição ao risco (reparem como esta descrição podia estar a ser feita a para descrever Domingos Soares Oliveira).
A verdade verdadinha é que o SLBenfica, ao contrário do que a Adminstração da SAD apregoa (nomeadamente Domingos Soares Oliveira), a recuperação financeira foi feita suportada no apoio de instituições financeiras, a sustentada em créditos/empréstimos e outras ferramentas financeiras. É caso para dizer que o SLBenfica não só "foi ao BES", como junta a isso o facto de "ter um pai rico" (o BES).
No início de 2000, Joaquim Oliveira soube aproveitar a "queda de JVA" que lhe fez frente e desferiu um golpe letal nos 10 anos seguintes do SLBenfica. Agora, com a crise financeira no seu ponto mais alto, vai novamente aproveitar-se da dependência do Clube face aos compromissos financeiros e continuar a prolongar os seus interesses e a financiar um sistema corrupto e os jogos de interesses que dominam o futebol nacional... à custa do SLBenfica.
Por esta altura já muitos dirão que "ah então pronto... o Vieira não pode fazer nada e até está a defender o SLBenfica". Nada de mais errado, meus amigos.
Como em tempos o "mal amado" José Veiga disse, um administrador financeiro, referindo-se a Domingos Soares Oliveira, não pode ter tanto poder e influência no Clube como o SLBenfica. Esse é o primeiro erro desta Direcção.
Claro que não está em causa a competência de DSO. Era o que faltava eu ter capacidade para julgar a sua competência. O que está em causa é a sua importância e voz activa no Clube, quando o seu papel deveria ser APENAS de gestão das finanças.
A demonstração cabal de recuperação financeira seria termos tido capacidade para cumprir os deveres com a Banca, ao mesmo tempo que reduzimos a dependência destes e, especialmente, a autonomia na gestão face aos bancos. O caminho escolhido parece ter sido precisamente o oposto: o de ver nos bancos um parceiro estratégico, conferindo-lhes capacidade de influenciar as nossas decisões (o exemplo mais gritando é o "Benfica Stars Fund") a troco de financiamento, e mais financiamento para continuar a gastar acima das possibilidades.
Quanto mais vivermos acima das possibilidades, mas faremos "o jogo da Banca" e menos o jogo das quatro linhas. É por isto que teremos que continuar a vender ano após ano jogadores como Gaitan, Javi, Rodrigo, Nelson Oliveira, Nolito, Cardozo, etc... mas não por política desportiva e sim por imperativos e compromissos financeiros.
Sabem como é, quanto mais nos atolamos no lamaçal da dependência financeira de terceiros... mais perdemos o controlo da nossa própria soberania. Olhem para os efeitos da "troika" em Portugal, Grécia, etc.
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