Vivem-se tempos difíceis no mundo civilizado. No resto do mundo, no chamado 'terceiro mundo', os tempos sempre têm sido complicados. Muito mesmo.
Mas uma coisa é ver as imagens das dificuldades, outra é sentir as dificuldades na pele. É o que está a acontecer a muita gente por essa Europa fora, Portugal em especial.
Não há nada como as dificuldades para trazer à tona as frustrações de uma vida, as limitações de um sonho, a impossibilidade de uma vida folgada. É comum observarmos imagens de manifestações, revoltas, lutas, reivindicações...tudo em busca de algo melhor. Porque na realidade na esmagadora maioria dos casos o que todos procuram é algo melhor. Algo melhor para si mesmos e para os seus.
Mas nem tudo são rosas nesta busca por coisas melhores. Por vezes, atropelam-se leis, mutilam-se regras, desfazem-se amizades, destroem-se coisas que demoraram muito a conquistar. Tudo em nome de algo. Tudo para atingir um objectivo. E aí a nobreza de tentar algo melhor cai por terra.
Não existe legitimidade quando as coisas não são conseguidas de forma limpa.
Os benfiquistas têm engolido essa falta de legitimidade nos últimos 30 anos. Mais algum clube conseguia aguentar isso sem sofrer consequências irreversíveis? Não. O Sporting é a prova disso. Continua a ser um grande clube, e para mim será sempre o grande rival do Benfica. Mas tem a força que tinha à 15 anos atrás? Não.
Ao contrário, o Benfica mantém a sua força incomparável em Portugal e no mundo. Várias provas disso têm sido evidentes. Continua a ser o abono de família dos adversários em Portugal e continua a arrastar multidões mesmo a milhares de kms como no ano passado em Paris ou já este ano em Basileia, de onde vos escrevo esta noite.
Se continuamos a ser o maior clube, com a maior falange de adeptos em qualquer lugar, onde estamos a falhar?
Porque continuamos a ser gozados por clubes como o Braga ou o Palermo azul? Porquê? Juntos não têm metade da nossa força.
Porquê isto continua assim? Será que a explicação de que as estruturas estão corrompidas é suficiente? Será que a evidência de que a justiça não age da mesma forma é justificação para tudo?
Ou será que estamos demasiados apáticos e fechados sobre nós próprios? Será que somos carpideiras que lamentam muito, mas nas horas em que podemos fazer a diferença somos mais do mesmo?
Será que achamos que são os outros que têm que fazer tudo e nós nada?
Quem realmente é o Benfica? Nós todos ou apenas uma minoria?
Pode a minoria sufocar uma maioria inequívoca?
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