No Benfica exige-se o dobro e desculpa-se metade

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الاثنين، 10 أكتوبر 2011

No Benfica exige-se o dobro e desculpa-se metade

No Benfica é sempre assim: jogadores e treinadores vivem sempre, ora à beira do céu ora à beira da morte. Não há meio termo. Ou são já estrelas (ainda que fictícias) pelas quais se degladeiam os colossos europeus a custo de 30 milhões por cada perna; ou são coxos à beira do desemprego, resultado de olheiros incompetentes, comissões e dinheiro mal explicado.

Esta última semana por exemplo, foi uma tristeza completa. Um jogozito da selecção contra uma equipa de carteiros, e agora um jogozito de Taça que nem aquece nem arrefece. Falar do quê? Até mesmo neste blogue houve assim um género de bloqueio: "de que falar agora que não há nada de que falar?" Felizmente lá houve o célebre apoio do Benfica a Fernando Gomes para incendiar as hostes e ressuscitar fantasmas antigos.

Mas tirando os velhos fantasmas, aí temos três jornais diários ávidos de notícias e também com pouco ou nada para escrever, e é nessas semanas que eu fico de facto preocupado, porque sei que vai sair merda seguramente, e sempre para o mesmo lado.

Ora ai estão então as grandes primeiras páginas dos pasquins lançadas à estampa, desta vez com os protagonistas Nolito e Gaitan, os quais, diria qualquer um que se limitasse a ler os jornais e se esquecesse de ver os jogos, estavam ali dois craques ao nível, e se calhar até um bocadinho acima, de Messi e de David Villa.

A categoria de ambos é de facto indesmentível. Já todos perceberam que Gaitan tem um pé esquerdo magnifico, capaz de resolver jogos e levantar o estádio num lance de génio mas, também é indesmentível que tem ainda muito que melhorar, nomeadamente aprender a estar mais tempo "dentro do jogo" e a ser decisivo mais vezes e em maiores períodos de tempo.

Muito se tem discutido aqui a posição certa de Gaitan mas, talvez Gaitan seja um desses raros jogadores sem posição fixa no terreno... Acho Gaitan um sósia de Nasri em termos futebolísticos... Parecidíssimos em termos técnicos e tácticos, mesmo Nasri reclamava que não gostava de jogar nas pontas mas não há nenhum treinador que o ponha a jogar no meio, e até mesmo Nasri teve de evoluir com Arséne Wenger para se tornar no super-jogador que é hoje.

De Nolito, já sei, marca golos que se farta, dá tudo em campo, é exuberante mas, é também irregular e sobretudo previsível, sendo a jogada quase sempre a mesma. Não me interpretem mal. Nolito tem qualidade, tem enorme potencial e foi um autentico achado tendo em conta que chegou a custo zero. Mas também já todos percebemos que este Nolito AINDA não tem qualquer hipótese de jogar no Barcelona nem provavelmente em nenhuma outra equipa de topo.

Poderá lá chegar? Sim, poderá mas, também é preciso que haja humildade e que as capas dos jornais não lhes subam à cabeça. São capas de jornais que em nada beneficiam os jogadores, são um cancro porque influenciam erradamente a opinião pública, fomentam falsos egos e acabam por colocar pressão extra nos treinadores.

Essa pressão é natural? Talvez sim mas, seria bom que essa pressão existisse em todos os clubes. Porque eu andei um ano inteiro a levar com capas de jornais venenosas sobre o Roberto, e o que sei é que hoje Roberto voltou a brilhar em Saragoça, e entretanto nunca vi jornais a martelar consecutivamente no Pongolle ou no Walter ou no Sousa que custaram mais de 6 milhões cada um e não jogaram. E já para não falar dos craques sub20 portistas pagos a peso de ouro para irem para o Dragão ser suplentes do Sapunaru. Até entendo (e concordo) que seja preciso dar tempo aos jogadores mas, caramba, se fosse no Benfica a pagar 8 milhões por um jogador que não jogasse, ou se matava Vieira, ou se matava o Jesus ou se matava o jogador.

Ao Benfica exige-se o dobro e desculpa-se metade. Por muito menos merda do que o Rolando fez no último jogo da selecção, o Ricardo Rocha e o Quim nunca mais jogaram por Portugal, e a imprensa claro, ajudou a matar. O Rolando não, esse há-de por lá andar até que o Pinto da Costa enfie o barrete a alguém e o venda por 30 milhões. Fosse o Benfica a não pagar o Witsel imaginem o estardalhaço que seria? Ainda se lembram do caso Júlio César? Como é o Porto, bardamerda, ninguém fala em nada e é deixar andar.

Dito isto, ah e tal, e já sei que muitos irão concordar com isto tudo mas, raios parta que nós (ou a grande maioria de adeptos) somos exactamente iguais. Até entre nós, ao fim de um ou dois jogos, os jogadores e os treinadores já estão à beira do céu ou à beira da morte. O ano passado matámos (ou ajudámos a matar) Roberto ao segundo ou terceiro jogo, e este ano, ao segundo jogo Matic já era dispensável, e o Bruno César já era gordo, lento e lembrava o Roger, e estava claramente a mais.

Infelizmente nós Benfiquistas alinhamos quase sempre no pagode e vamos atrás do que a imprensa diz. Elevamos e matamos os jogadores com uma facilidade imensa, e tiramos conclusões ao fim de duas ou três corridas ou duas ou três jogadas. Ainda neste Verão aqui se escreveu neste blogue sobre a necessidade de dar tempo aos jogadores novos de se integrarem convenientemente, porque isto às vezes não é chegar, ver e vencer.

Até aí todos de acordo mas, logo a seguir, os mesmos que pediam tempo para os reforços eram os mesmos que pretendiam dispensar Aimar e Saviola, para dar lugar ao tal Bruno César ou ao Nolito, ou ao Rodrigo ou ao Gaitan. Lá estava de volta o mesmo pecado de sempre, contratar jogadores para os lançar à fogueira ao fim de três treinos, e rezar para que tudo corresse pelo melhor.

Obrigado Jorge Jesus por não teres ido na conversa, por teres mantido os argentinos que permitem aos Brunos Césares, aos Nolitos e aos Rodrigos crescerem na sua sombra e sem grandes pressão. No Benfica tal não acontecia há muitos anos. No Benfica há muito que os reforços não tinham de lutar pelos lugares. Era chegar para se ser titular e encher capas de jornais que os elegia imediatamente como os novos heróis. Claro está que era um sucesso quase sempre frágil e fabricado, um sucesso estilo Sabry, e na próxima janela de transferências lá iam os pseudo-craques devolvidos à procedência com o rótulo de "falhados".

E é isto precisamente que eu não queria que acontecesse nem com Nolito nem com Gaitan, porque o potencial está todo lá e podem chegar ainda mais longe mas, era importante que quem trabalha com eles os fizesse regressar à terra e lhes dissesse que ainda não são aquilo que os jornais dizem que são.

Percebo, claro, o papel da imprensa, e sei que por exemplo, que à semelhança de Roberto o ano passado, os jornais em Inglaterra também não têm dado descanso a De Gea cujas exibições pelo United têm deixado muito a desejar. Percebo claramente a necessidade da imprensa em criar mártires e heróis mas, de uma coisa não tenho dúvidas: O Benfica sempre foi um alvo fácil e os jogadores do FCPorto sempre foram MUITÍSSIMOS mais protegidos. A imprensa é assim: capaz de levar ao colo uma equipa de moribundos rumo ao título, como é também capaz de destruir uma grande equipa. Como resistir a tudo isto? Essa é a questão.

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