Como muitos dos nossos leitores devem ter reparado, já não morro de amores pelo Presidente Luís Filipe Vieira isto apesar de já o ter defendido com unhas e dentes noutros tempos. Contudo, sou da opinião de que neste momento não existe uma alternativa credível para o substituir na liderança do clube.
Muito simplesmente, porque os movimentos de oposição que aparecem no Benfica são sempre de péssima qualidade. Na minha opinião cometem várias falhas na forma como se introduzem ao público benfiquista e da maneira como agem na opinião pública gerando instabilidade em torno do clube e tentando unicamente fragilizar quem o dirige em vez de se tentarem afirmar como alternativas credíveis.
O único candidato da última década que realmente apresentou uma proposta credível de um rumo diferente para o clube foi Manuel Vilarinho contra Vale e Azevedo, isto numa altura em que os adeptos e sócios do Benfica ainda se lembravam do que era ganhar títulos todos os anos (ou campeonatos ou taças de Portugal) e de ter Direcções que tendo obviamente dirigentes que tiravam algum proveito pessoal do tempo que passavam no clube sabiam conciliar isso com a escrupulosa defesa do clube contra as investidas do Sporting e FC Porto e sabiam que a maneira de combater essa guerra era segundo o velho ditado popular do “olho por olho, dente por dente” como é o caso do Gaspar Ramos.
Apesar de não ser perfeito e de depois de ter saído da Direcção ter sido um dos membros de oposição mais irresponsáveis, enquanto dirigente Gaspar Ramos guerreou o Porto como poucosdesde então e numa altura em que os tentáculos do povo já apertavam e a corrupção já estava instalada, mas mesmo no seu tempo como Director do Futebol no clube o Benfica nos anos 80 e princípio de 90 conseguiu ser competitivo com o clube da Corrupção. Com ele o Benfica ganhou 5 campeonatos, 4 Taças de Portugal e 2 vice-campeonatos europeus. O Caso Geraldão é um exemplo claro de como a Direcção do Benfica agia naquela altura. Não se faziam só ameaças vazias.
Então porque é que para a Direcção actual só a corrupção do Porto é justificação para os fracassos desportivos?? A corrupção existe á 30 anos, e nos primeiros 13 o Benfica soube lidar com ela e manter-se como o clube hegemónico em Portugal até ao descalabro de Manuel Damásio.
Então o que precisa um movimento de oposição viável para conseguir competir contra a actual Direcção (isto claro na minha opinião e numa ordem não exactamente prioritária)?
1º - Não pode defender uma política de terra queimada em relação a tudo o que tem sido feito por esta Direcção. Nada de menorizar o que esta alcançou em termos materiais para o clube bem como nas modalidades ao mesmo tempo que Deixa claro que haverá uma linha de continuidade em relação a certos aspectos da vida do clube (o que até trará tranquilidade aos investidores). Porque se há algo que mata um movimento de oposição no Benfica é que parecem abutres que só aparecem nos momentos de fraqueza do clube ;
2º - Tem que se preocupar mais em defender os interesses do Benfica e atacar Porto e Sporting do que atacar os actuais Dirigentes e demonstrar com isso que defendem os interesses do clube e não os seus. Por exemplo, se houvesse alguém credível a mostrar indignação pela falta de segurança no jogo no Estádio do Dragão isso causaria um enorme contraste com o facto de não se ter levantado uma voz da Direcção contra o apedrejamento do autocarro e das agressões com bolas de golfe ao Roberto.
Uma oposição que se preocupe em atacar mais os interesses corruptos instalados do que a Direcção actual do clube apenas demonstrará um maior zelo na defesa dos interesses do Benfica.
Basta ver o género de figuras públicas que os adeptos do Benfica respeitam mais: pessoas como António Pedro Vasconcelos que não se calam quando os tentam calar têm enorme respeito por que se preocupam mais em defender o Benfica.
3º - Obviamente que marcar a diferença em relação á actual Direcção em relação á gestão do clube defendendo um rumo diferente ao que é actualmente seguido. Defender por exemplo que, em vez de ter mandatos totalmente vocacionados ou para a “construção de património” ou “recuperação económica” ou “sucesso desportivo” teremos uma Direcção que garanta sempre o máximo esforço para o Benfica conquistar títulos e ter sucesso desportivo mas balanceando sempre com um certo equilíbrio financeiro. Em suma, nunca fazer do propósito único de um mandato apenas um objectivo não desportivo, mas garantir aos adeptos que o sucesso desportivo nunca será atingido ás custas da viabilidade económica do clube.
Ou garantir, por exemplo uma estrutura profissional em que haverá respeito pelo trabalho dos subordinados como o Director Desportivo e que não haverá lugar para invejas da popularidade dos outros nem para esvaziar as funções dos outros membros da Direcção.
4º - Garantir que a mudança não servirá para ajustes de contas nem para promover guerras contra empresários específicos. Que se irá trabalhar com todos os actuais actores que têm relacões com o Benfica. Basta-me lembrar de que quando Vilarinho chegou ao Benfica não descansou enquanto não se viu livre de todos os jogadores contratados na era Vale e Azevedo mesmo os que não eram cepos como Fernando Meira e Van Hooijdonk. Apesar da importância do seu mandato, no tempo de Vilarinho o Benfica não conquistou títulos.
5º - Apresentar rostos credíveis. Têm que ser pessoas conhecidas dos benfiquistas que se destaquem ou pela competência demonstrada na esfera profissional de origem ou que sejam conhecidos dos benfiquistas pelo que alcançaram no clube e que tenham experiência no dirigismo desportivo e como tal conheçam as manhas dos adversários e saibam ripostar e acima de tudo que não sejam pára-quedistas. Pessoas como José Eduardo Moniz (que demonstrou imensa competência na sua área profissional), Fernando Tavares (antigo Vice-Presidente para as modalidades) ou João Coutinho (o actual) são pessoas que cabem neste perfil. A minha preferência vai para pessoas com experiência no dirigismo desportivo, e eu acho que quem é Vice-Presidente para as modalidades amadoras é um segundo Presidente responsável pelo Desporto que não seja o futebol logo uma escolha óbvia para candidato a Presidente do clube. Qualquer um dos nomes que apontei contudo tem alguns telhados de vidro, mas LFV também os tem.
6º - Garantir apoio de pelo menos um dos grandes grupos de comunicação social. Basta ver o papel fulcral d'A Bola na eleição de Vilarinho e na descredibilização do Movimento Benfica Vencer, Vencer (que já não era muito credível por si só...). O apoio por parte d'A Bola ou do Grupo Cofina ou da Media Capital ou Impresa serão importantes.
6º - Se possível tentar atrair membros da actual Direcção. É essencial para uma transição suave que hajam membros da actual Direcção, o que até aumentará a crediblidade e viabilidade do movimento de oposição.
7º - Garantir o apoio de figuras com história no Benfica. Na minha opinião existem neste momento duas vozes com peso suficiente para com uma simples declaração definirem quem pode ser Presidente, os chamados Fazedores de Reis (King makers): Eusébio e Rui Costa. Uma oposição que seja ser considerada pelos sócios tem que ter o apoio de um deles. Para conseguir tal é preciso aquilatar a satisfação de ambos com o actual momento do Benfica e com o rumo por que esta Direcção tem levado o Benfica.
8º - Apresentar este movimento não apenas em cima das eleições mas com algum tempo de antecedência para dar tempo aos benfiquistas de conhecerem as pessoas e não pensarem que são meros oportunistas á Bruno Carvalho.
9º - Ter casca grossa e estar preparado para muitos insultos e ataques pessoais e jogadas sujas. Campanhas eleitorais são fertéis neste tipo de situações e os intervenientes precisam de ter muita força anímica para conseguir resistir a ataques que são feitos na maior parte das vezes não ao que a pessoa defende mas á própria pessoa e a elementos da sua vida pessoal.
Agora a grande questão é: existe neste momento algum movimento ou alguém que garanta alguns destes pontos que considero importantes para haver uma oposição credível?
Para mim, não. Por muito que ache que LFV só tem enterrado o Benfica no plano desportivo nesta época, como já fez em épocas anteriores por razões que desconheço (incompetência, interesses que não se coadunam com a defesa do Benfica, sei lá...), não acho que existam alternativas credíveis embora ache que existem nomes com qualidades para se assumirem como oposição.
Outras questões que acho importantes nesta equação que é o futuro do Benfica são o futuro de Rui Costa (irei discutir o nosso Maestro noutro dia) e como esta Direcção desmontou uma estrutura vencedora que tinha montado o ano passado (e sobre o qual farei um post mais sucinto a tentar sintetizar os "pecados" da estrutura dirigente nesta pré-época).
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