Três ideias de Jesus ao encontro do que aqui defendo há anos

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الأحد، 12 أكتوبر 2014

Três ideias de Jesus ao encontro do que aqui defendo há anos

Bem, e pois aqui estamos a falar mais uma vez de Jorge Jesus, no rescaldo de mais uma brilhante entrevista. Aqueles que não gostam do homem encontrão sempre algo por que pegar. A fanfarronice está sempre lá (eu próprio reconheço isso), mas também não tanta como às vezes se quer fazer crer.

Por exemplo, os críticos de Jorge Jesus, leem a entrevista, mas não à procura de sabedoria. Quando chegam a uma parte em que Jorge Jesus diz por exemplo "Não há treinador do mundo que faça isso"param aí. Toma lá, sabia que ia encontrar fanfarronice e encontrei. O que eu não percebo (ou até percebo muito bem), é porque não há por exemplo destaque a uma frase como esta, e que também foi dita: “O que ensino não vem nos livros. Não estou a dizer que sou melhor do que os outros, ensino é à minha maneira. E sei que não é igual à dos outros.” Fanfarronice? Alguma, sim. Mas não tanta como se diz.

Mas em suma, eu gosto de entrevistas com Jorge Jesus, escritas ou faladas. Em primeiro lugar porque me estou nas tintas para a personalidade do homem, alguém que não conheço e não priva comigo. Gosto porque aprendo, e eu gosto de aprender com quem sabe. E Jorge Jesus sabe, inquestionavelmente, muito mais de futebol do que a maioria dos que trabalha na industria do futebol.

Pessoalmente, de cada vez que vejo uma entrevista com Jorge Jesus, percebo a importância que ele tem no Benfica. Percebo a razão pela qual não é fácil a LFV mandar embora um braço direito destes. Percebo o sentimento de orfandade que PODERÁficar na Luz após a saída de Jorge Jesus. Eu quero acreditar que o futebol do Benfica, com todas as suas virtudes e defeitos, é neste momento muito mais gerido por Jorge Jesus do que por Luís Filipe Vieira. E essa é uma excelente notícia para todos.

Eu, que aqui escrevo há uns bons aninhos, e que opino baseado naquilo que acredito  saber (mesmo que não saiba), e sempre com a independência que espero que me reconheçam (bem mais do que concordarem ou não com o que escrevo – do  meu lado nunca houve agendas nem ódios de estimação), fico feliz quando vejo alguém como Jorge Jesus falar e suportar algumas das ideias que defendo há anos.

     
     1. Uma delas, a ideia que Jorge Jesus defende, que para ser campeão europeu (ou lutar taco a taco por esse título) precisa de uma equipa em que possa construir 3 anos seguidos sem ter de vender ninguém.

Óbvio, claro, claríssimo, algo que só não entende quem não quer perceber. É bem mais fácil vir, na hora dos falhanços, com a conversa dos milhões que o homem ganha, como se o ordenado obrigue, não só fazer-se uma bom trabalho, como até, imagine-se, a fazer milagres! Ou seja, o Benfica tem de ser campeão europeu porque o treinador ganha ao nível de um campeão europeu, e não porque o clube seja capaz de gastar um quinto sequer do que gasta um clube campeão europeu!

     
     2. Outra ideia que há muito defendo: Quem compra por 20 milhões erra muito menos. Óbvio evidentemente. Tal como é óbvia a explicação de Jorge Jesus para os casos de jogadores que chegam à Luz e nunca vingam.

Como eu sempre aqui defendi, o mercado onde o Benfica joga é um mercado de muito erro e alguma lotaria. O treinador conhece o jogador tecnicamente, conhece-o fisicamente, mas não o conhece nem taticamente (já que vêm de campeonatos menos exigentes), e muito menos psicologicamente.

E então se é assim, o Benfica arrisca e compra porquê? Porque evidentemente, muitos deste lote nunca vão dar em nada, mas alguns vão chegar ao topo. E o Benfica se quer conseguir apanhar os poucos que vão chegar ao topo, tem de apanhá-los num estágio de evolução muito precoce, porque assim que eles deem sinais mais sólidos, não mais o Benfica tem oportunidade de contratá-los. Como é que se distingue um David Luís de um Sidnei aos 18 anos? Existe alguma forma de ver logo aquele que vai dar jogador e o que não vai?!

     
     3.  Outra ideia de Jorge Jesus, e que há muito defendo, e que tem originado algumas discussões com quem pensa de maneira diferente:

O Benfica e os clubes portugueses conseguem competir internacionalmente e ter boas equipas a nível europeu, porque vivem num campeonato muito particular em que não há cotas de estrangeiros e se permite aos clubes portugueses chegar primeiro a alguns futuros craques do futebol mundial.

No dia em que passar a haver cotas de estrangeiros, e os portugueses passarem a jogar, não por serem melhores que os outros mas porque as leis assim obriguem, o futebol português perderá toda a sua competitividade! E perderá porquê? Porque os bons jogadores portugueses continuarão a sair muito novos lá para fora, e o que ficará em Portugal a fazer carreira serão aqueles sem qualidade para jogarem a um nível mais alto.

O GB, alguém com quem já troquei dezenas de posts acerca deste assunto, assume (e legitimamente), que se está marimbando para os rankings europeus, já que de uma forma ou de outra, os clubes portugueses nunca poderão discutir os títulos.

Legítima a sua ideia, mas mais uma vez discordo totalmente. Os clubes portugueses têm de existir a nível europeu, e no dia em que os clubes portugueses deixarem de competir a nível europeu, não mais o futebol português será atrativo para alguns bons jogadores estrangeiros que ainda vamos conseguindo pescar, e cujas competições europeias é a única montra que têm.

Repito mais uma vez algo que muitas vezes aqui escrevi: os jogadores do campeonato português são conhecidos na Europa apenas pelos observadores. O público em geral não os conhece, e se conhece é de um ou outro jogo de competições europeias ou internacional que tenham visto na TV. E sei do que falo, e sei como onde moro os jogadores do Benfica são quase todos perfeitos desconhecidos para as pessoas com quem discuto futebol.

No dia em que o futebol português tiver cotas de estrangeiros e perder toda a sua competitividade, continuaremos a não ter os Andrés Gomes muito tempo, mas também deixaremos de ter os Sálvios. Os Andrés continuarão a sair ao fim de meia dúzia de bons jogos; e os Sálvios nunca quererão participar num campeonato fechado em si próprio, só que para alguns putos da formação sem grande qualidade possam encontrar o seu espaço.


Em suma, três ideias chave da entrevista de Jorge Jesus, e que me deixam feliz por irem ao encontro daquilo que vou escrevendo e que defendo há anos.

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