O silêncio sobre o futuro da Liga, bem como o silêncio face ao desfecho(previsível) do Apito Dourado deveriam merecer um debate profundo por parte dos dirigentes do futebol português.
Deveriam também merecer algumas palavras públicas de repudio por factos evidentes nas escutas passarem impunes na justiça "civil" e desportiva. Aliás, a justiça desportiva que gosta tanto de demonstrar a sua independência, convenientemente e com o beneplácito dos clubes, achou por bem isentar os criminosos de uma pena merecida por aceitar que as escutas eram ilegais.
Para cereja no topo do bolo, é eleito para presidente da Liga de Clubes e depois para o orgão máximo do futebol português, a Federação Portuguesa de Futebol, o director financeiro do FC Porto durante o processo Apito Dourado e apanhado nas escutas a facilitar bilhetes à "fruta" que seria servida mais tarde aos árbitros.
Mas assim como no país o povo queixa-se e manifesta-se mas nas urnas vota nos mesmos 2 de sempre, no futebol o adepto quer é o seu clube a vencer e fecha os olhos à forma como se atingem essas vitórias.
Se assim não fosse, o adepto do FC Porto teria à muito tempo corrido com Pinto da Costa.
Se assim não fosse, o adepto dos outros clube teria à muito tempo demonstrado a sua insatisfação por um futebol viciado.
Curiosamente, o único que veio a público lamentar este desfecho no processo Apito Dourado foi o muitas vezes desbocado Bruno de Carvalho. De resto, um silêncio brutal e comprometido.
O silêncio que envolve a escolha do próximo presidente da Liga também não augura nada de bom.
Como já o dissemos neste espaço no passado, qualquer acordo com um clube que viciou os resultados nos últimos 30 anos é um mau acordo. Aceitar sentar-se à mesa com o FC Porto de Pinto da Costa e de António Araújo é validar todos os seus actos.
Mas neste lodo a que chamam futebol, já nada nos pode surpreender.
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