Wednesday, August 19, 2015
Vamos ser francos: Bruno de Carvalho não começou a dizer disparates há dois meses. Bruno de Carvalho não começou sequer recentemente a disparar contra tudo e todos.
Essa foi a estratégia do Presidente do Sporting desde o início da sua Presidência, uma vezes com mais razão, outras com menos, mas com o claro propósito de se fazer notado e tirar o Sporting da letargia em que se encontrava.
Se a estratégia do Sporting teve um mérito foi o de trazer o clube de volta à luta pelo poder e pelos poderes do futebol português, numa guerra que abortou inquestionavelmente o plano Benfica – Porto para que essa fosse apenas uma guerra a dois.
Só que Bruno de Carvalho e a sua estratégia bélica do confronto permanente teve dois antagonistas de peso: O primeiro é que o Sporting desportivamente não incomodava ninguém e era fácil menosprezar; E o segundo foi esse mesmo menosprezo, quer dos Presidentes do Porto mas também do Benfica, que raramente lhe responderam e o deixaram quase sempre a falar sozinho.
Os últimos tempos porém, e especialmente os últimos dois meses mostram claramente uma inversão nessa tendência… da parte do Benfica.
Sim, da parte do Benfica! Porque no Porto, daquilo que eu vejo, a estratégia de ignorar permanentemente o Presidente do Sporting e recusar-se a descer ao seu nível mantém-se, resultou, e Bruno de Carvalho teve de se virar para outro lado.
E no Benfica encontrou a estratégia perfeita. Em primeiro lugar roubou-lhe o treinador, para muitos o responsável por grande parte do sucesso desportivo e financeiro dos últimos seis anos;
Por outro, com esse roubo fez o Sporting crescer e os adversários temer que talvez daqui em diante a Guerra dos campeonatos deixe de ser jogada a dois e passe a ser jogada a três;
E em terceiro aproveitou-se desse roubo para encher de raiva a estrutura Benfiquista, que não mais se conseguiu calar nem ignorar as bujardas que vinham de Alvalade e começou a ter de responder à letra, e quanto a mim, muitas vez até, com menos nível do que aquele que criticava no outro lado. As recentes declarações de João Gabriel são um bom exemplo disso.
E aqui pois é que surge o problema. Criou-se um clima de guerra mas...
Do Sporting as bujardas vêm sempre de cima e da primeira linha da Direção. Mal ou bem vêm do Presidente... ou do seu treinador.
Só que o Benfica não se pode dar a esse luxo, porque não tem Presidente talhado para essas batalhas públicas...
E se LFV teve nos últimos seis anos um treinador que adorava o confronto, alguém para quem as conferências de imprensa polémicas eram a sua praia, e que não tinha problema nenhum em andar nestas guerras sem necessidade de guarda-costas nem proteção presidencialista, agora, com Rui Vitória, temos o oposto: um treinador mais civilizado e recatado, que em muitas ocasiões prefere comer e calar para não levantar ondas.
E nesse contexto pois, temos agora um treinador calado, um Presidente que não tem jeito para a exposição pública e é incapaz de debitar um discurso espontâneo que não seja escrito por outros. Meteu-se numa guerra com o Sporting por causa do que foi acima dito, mas essa batalha tem de ser travada por gente do Benfica sem responsabilidade quase nenhuma, que até pode debitar umas larachas bem feitas de quando em vez, mas tiros de cabos rasos que não criam mossa nem aleijam ninguém, e que até dão azo ao gozo alheio (como se viu)
É que a nossa força também se vê aí. E ao Benfica só restam duas posturas:
Ou adota a via diplomática, a de evitar o confronto verbal, e procurar sim responder dentro do campo (aquela que prefiro);
Ou então, se vai à luta verbal, tem de ter o rosto do Presidente, e não os rostos dos Joões gabriéis e dos Pedros Guerras e de todos os rostos pagos da BenficaTV, soldados dispostos a morrer no campo da batalha em nome de um Presidente que nunca mostra a cara, e que dão a estas trocas de palavras um ar rasco, cobarde e impessoal.
No tempo de Vale e Azevedo, no meio de todos os males que havia (e eram muitos), todas as lutas tinham um rosto: o do Presidente. E é assim que eu gosto que seja.
E por isso, eu não entro seguramente nessas guerra assumida contra o “Gordo de Alvalade”, porque assumo claramente que neste momento já sou incapaz de dizer que é na Luz que estão os bons todos e em Alvalade que estão os maus.
Não. Eu poderia dizer que há bons e maus em ambos os lados, mas a cada dia que passa vejo mais maus e menos bons, e também em ambos os lados.
Estes últimos dois meses têm sido um desastre na minha opinião em termos de Politica de Comunicação do Benfica, esta perseguição diária e constante ao antigo treinador só nos fragilizou e mostrou o quanto a saída do ex-técnico nos afetou, mesmo que insistamos em dizer que não...
A história do tribunal é ridícula, não ser capaz de se por o ex-treinador em tribunal sem aproveitar a ocasião para dar entrevistas a jornais e denegrir o homem em público, o homem que afinal até queriam que continuasse!
O mais triste no meio disto tudo, é que todos estes degradantes episódios a que se têm assistido nos últimos meses teriam sido facilmente evitados se tivesse havido da parte de LFV alguma sensibilidade e capacidade de antecipação, e tivesse assumido a tempo e horas que não tinha interesse em renovar com Jorge Jesus, ainda antes deste ser anunciado em Alvalade... Não tínhamos sido apanhados com as calças na mão nem enrolados pelos acontecimentos!
E depois disso só eram precisas mais três coisas:
Silêncio, desprezo e trabalho... E deixar que a oportunidade de ouro da Super Taça tivesse servido para que o azeiteiro perdesse finalmente o pio.
Tudo o resto era desnecessário. E falhámos em toda a linha!
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