O milagre financeiro chamou-se... Jorge Jesus

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الاثنين، 3 أغسطس 2015

O milagre financeiro chamou-se... Jorge Jesus

1. Estamos a discutir os problemas do BES e o fecho da torneira no financiamento?!

Mas espera lá, estamos a discutir isso como? Foi o Presidente que o disse? Que o assumiu? Que o disse claramente nos olhos dos Benfiquistas? Ou o que o Presidente disse no ano passado quando estes problemas viraram assunto, foi que no Benfica não havia problema nenhum com o BES, e os Benfiquistas que não se preocupassem, e que confiassem, que o Benfica estava bem e recomendava-se?

É preciso saber se o problema BES existe de facto no Benfica ou se apenas na blogosfera. A fazer fé nas palavras do Presidente, o problema BES não existe.


2. O Benfica deve adaptar o seu orçamento aos seus resultados operacionais?

Este é um tópico que dá pano para mangas, começando logo pela simples constatação, que correndo a Europa do futebol, não há equipa de topo (ou perto do topo) que gaste apenas a riqueza que gera. Aliás, bem pelo contrário, os grandes clubes europeus são clubes extremamente endividados e não fecham portas por causa disso.

É possível ao Benfica adaptar os seus custos apenas às receitas que gera? Claro que sim, possível é, mas há também que assumir que enveredar por esse caminho é abdicar também do seu estatuto de clube de topo, de clube que por exemplo nos últimos anos entra na fase de grupos da Champions League como cabeça de série, e que como clube de topo pode ambicionar conquistar uma série de receitas a que um clube que não é de topo não consegue chegar.


3. Está o Benfica preparado para seguir esse caminho?

Não, não está! E não está pela simples razão de que a Direção do Benfica NUNCA assumiu as dificuldades que de momento vive, dificuldades que são visíveis mas que não se refletem nos relatórios de contas, mas dificuldades essas que qualquer adepto que esteja atento ao que tem acontecido no Benfica desde a venda de Matic percebe.

Os Benfiquistas estariam preparados para mudar o chip exatamente da mesma forma que os sportinguistas mudaram o chip há dois anos atrás, com uma Direção a falar A VERDADE aos seus sócios e a prepará-los para a nova realidade.

A Direção do Benfica assumiu as dificuldades financeiras e a necessidade de mudança do chip?! Que eu tivesse ouvido não! O que ouvi sim, e não vai sequer para duas semanas, foi o Presidente a assumir mais uma vez o sonho de ser campeão europeu.

O que ouvi sim, em Agosto de 2013 foi o próprio LFV a dizer que 2013/2014 era o último ano em que o Benfica tinha de vender jogadores. Ora se o Presidente diz...


4. O melhor plantel do Benfica dos últimos 30 anos durou 6 meses!

Durou entre Julho e Dezembro, e não passou de um chavão propagandista e sem consequência prática! Em Janeiro vendeu-se logo Matic e Rodrigo e André Gomes, e desde esse dia até hoje o desbaratamento do plantel principal (E EQUIPA B), tornaram este Benfica provavelmente no pior Benfica dos últimos sete anos (para não ir mais longe).


5. O milagre financeiro dos últimos seis anos chama-se... Jorge Jesus.

...Por muito que essa verdade doa a muita gente, essa é a realidade. O Benfica dos últimos seis anos foi um Benfica que conseguiu mais de 200 milhões de lucro bruto com a sua politica de transferências, e esse era o financiamento que o Benfica tinha dentro de portas, e que lhe permitia viver acima das limitações dos seus resultados operacionais e competir todos os anos pela vitória em todas as provas, apostando em cada final de época em milhões oriundos de receitas extraordinárias!

Como alguém escrevia aqui há dias neste blogue, Jorge Jesus pode “só” ter ganho três títulos em seis possíveis. Mas a Direção do Benfica com Jorge Jesus, ganhou seis em seis, com encaixes financeiros monstruosos em todos os finais de época. Nos tempos que correm, esses são títulos que quase valem mais do que as taças!


6. Um Benfica pior desportivamente é um Benfica cujas receitas diminuem drasticamente.

Obviamente. Menos vitórias  significam menos gente nos estádios, menos receitas de quotização, menos receitas de Benfica TV, jogadores muitíssimo menos valorizados e receitas operacionais a diminuir. Deixar de ganhar não pode pois ser a solução, e as vitórias custam muitos euros.

Como aqui já escrevi milhentas vezes, acima de todas as outras, a função do Presidente do Benfica é arranjar receitas que suportem a ambição do clube.

Quem mais gasta ganha quase sempre. Há estudos sobre isso, por muito que alguns queiram branquear essa realidade.


7. Qual é a solução?

A solução para mim foi sempre aquela que o Benfica já tinha. Fazer tudo para manter o treinador que mantinha a roda a girar através da valorização de ativos que conseguia realizar todos os finais de época. Esse era (ou foi nestes seis anos inquestionavelmente) o segredo da competitividade do clube. Se houve muito dinheiro a ser investido foi porque houve ainda mais dinheiro a ser gerado. Sem vendas não há compras, e esse é o grande risco que ameaça a inversão do ciclo do sucesso recente.


8. O fim dos fundos

É um problema facílimo de contornar e o Porto já vai à frente. Basta a um fundo colocar um jogador num clube sendo o clube o dono de 100% do passe, mas contornar este problema com o aumentar da comissão da venda, dando o clube ao fundo (ou ao empresário) 50% ou 75% do valor da venda em vez dos tradicionais 5% ou 10%.


9. Fair Play Financeiro

Sem pés para andar. Em tribunal a justiça Belga já suspendeu o fair-play financeiro da UEFA. A UEFA recorreu mas este é um suposto novo caminho que ameaça ruir antes ainda de ter começado. Quem conseguir formas de continuar a gastar mais continuará a ganhar mais. Tão simples como isso.


10. E a competência da Direção onde fica no meio disto tudo?

Pois, esse é o grande problema, no meio de todos os outros. Sem competência na área do futebol, ou melhor, sem fazer do futebol a área em que se tem mais competência acima de todas as outras competências em outras área, tudo se torna mais difícil.

Num ano chave dá-se tostões a Rui Vitória.

Num ano chave passa-se o defeso pelas Américas e pelo México a treinar com temperaturas de 40 graus para ganhar 750000 euros.

Num ano chave dá-se ao treinador o pior plantel dos últimos 7 anos.

Num ano chave não se muda quase nada, e mesmo que o Benfica ganhe, Jorge Jesus há-de continuar a dizer que foi o SEU Benfica que ganhou. E se o Benfica perder pois, Rui Vitória perde com um plantel que com Jesus foi capaz de ganhar. Quem sairá sempre mal na fotografia qualquer que seja o resultado? Pois.

Num ano chave, de aposta na formação e de contenção, já se contrataram 10 (!!) jogadores, a grande maioria, já se viu, com pouco ou nada para acrescentar.

Num ano chave continua-se  sem falar a verdade aos sócios, colocando a pressão no seu novo treinador num ponto máximo, em vez de ajustar as expectativas da massa associativa a uma nova realidade que não é assumida mas que toda a gente percebe.


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