Do ponto de vista do adepto comum, e numa de picar o treinador do Sporting, o (eventual)processo a Jorge Jesus é bem esgalhado. Coloca pressão no melhor treinador de todo o Campo Grande.
Mas do ponto de vista institucional, este (eventual) processo não serve nem o Benfica nem sequer a vontade de que Jorge Jesus comece a falar unicamente no Sporting nas suas conferências de imprensa e largue de uma vez por todas o Benfica.
Do lado do Benfica, não se entende que um (eventual) processo não seja anunciado em comunicado formal. Logo aí, a intenção de avançar com o mesmo perde credibilidade.
Depois, ser anunciado por João Gabriel. Se se limitasse a ler um comunicado por parte do clube fazia o seu papel.
Já enveredar por outros comentários sobre o treinador do Sporting ultrapassa as suas competências. Os benfiquistas não elegeram João Gabriel. Apreciações sobre Jorge Jesus serão relevantes se vindas de Luis Filipe Vieira, Rui Costa ou Domingos Soares de Oliveira.
No entanto, as apreciações de João Gabriel não deixam de evidenciar uma certa hipocrisia da parte da estrutura do clube.
Disse João Gabriel: “Mas não é por ter ganho três títulos de campeão nacional e por poder continuar a ganhar fora daqui, não é por isso que deixa de ser um deslumbrado que acha que o mundo gira todo à volta dele, que entende que é melhor que Mourinho mas nunca conseguiu nada de relevante na Champions, que vê os seus jogadores e adjuntos como peças descartáveis, que acha que todos têm a aprender com ele, mas ele não tem nada a aprender de ninguém…”
E não era assim na Luz? “Claro que era, mas quando estamos casados com alguém temos de aceitar e calar os defeitos e as faltas de caráter. Mas esse dever termina quando o casamento chega ao fim.”
A relação de Jorge Jesus com o Glorioso era profissional. Nunca foi um caso de amor ou paixão, portanto as regras do casamento não têm qualquer cabimento nisto.
Aliás, recordo-me dos inúmeros posts que aqui no NGB colocamos sobre os conflitos com os jogadores e colaboradores do clube, com as faltas de respeito para com a história do Benfica, para a falta de noção da realidade de Jorge Jesus. Lembro-me bem dos comentários que recebemos bem como do que a estrutura vinha cá para fora dizer. Era tudo mentira, diziam. Hoje afinal era tudo verdade.
Claro que nunca a estrutura poderia vir criticar em público um colaborador do clube. Mas internamente TINHAM de o colocar na linha. De o centrar nos objectivos do clube e não nos seus objectivos pessoais.Isso nunca foi feito.
Este Jorge Jesus foi criado e refinado pela própria estrutura que agora o critica.
Tudo isto no entanto não retira também responsabilidades a Jorge Jesus neste processo.
O treinador do Sporting parece claramente arrependido de ter ido para o outro lado da Segunda Circular. Na sua boca está constantemente o nome Benfica.
Na sua cabeça, Jorge Jesus iria sair do Benfica para o Real Madrid. Ou Barcelona. Ou Manchester United. Ou Bayern Munique. Mas só na sua cabeça.
Jorge Jesus está a ter o banho de realidade que merecia. Estar no Benfica e estar noutro lado qualquer não é a mesma coisa.
Poderiam pensar que por ele ser sportinguista deveria estar feliz. Está no segundo maior clube português. Tem uma massa adepta grande, como se viu em Aveiro. Está a ter condições e jogadores à sua medida. Mas não está feliz.
Não está feliz porque Jorge Jesus é um ser egoísta. Aí João Gabriel acertou quando disse que o treinador do Sporting acha que tudo gira à volta dele. E na sua cabeça, e por palavras que já terá transmitido aos mais próximos, no Sporting não terá metade da visibilidade que teve no Benfica. É já a sua primeira mágoa.
Depois porque no Sporting já percebeu que não usufruirá da paciência com que foi tratado na Luz. Bruno de Carvalho não é Luis Filipe Vieira. O presidente do Sporting não tem 3 anos para andar a ver navios como teve Vieira após o primeiro ano.
Nem a estrutura do Sporting, pouca dada a solidariedades, ficará em silêncio quando as vitórias tácticas começarem a ser as únicas de que o treinador falará.
O que todos ganhariam, Benfica e Jorge Jesus, é meterem na cabeça que ambos seguiram caminhos diferentes e que ganham mais em centrarem-se nos seus novos desafios que estarem nisto.
Este espetáculo triste de “quem quis menos ficar com o outro” tem que acabar.
Tanto o Benfica como Jorge Jesus, bem como os chorões todos, têm que perceber que acabou.
Luis Filipe Vieira tem que dar o exemplo e terminar com esta palhaçada toda.
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