Rui Gomes da Silva e o seu futuro dentro do Benfica

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الأربعاء، 8 يوليو 2015

Rui Gomes da Silva e o seu futuro dentro do Benfica



Rui Gomes da Silva é na minha opinião o melhor de todos os comentadores encarnados e o que melhor faz a defesa do nosso clube em programas televisivos a larga distância de todos os outros. Respira o Benfica por todos os poros, não opta pelo caminho fácil do politicamente correto, não tem medo de chamar os bois pelos nomes, tem memória de elefante e conhecimento profundo dos vários dossiers do futebol português que o tornam apto a discutir todo e qualquer assunto.

Uma discussão que se poderia ter seria perguntar se o típico programa de debate desportivo de todos os dias à noite, é ou não algo em que o Benfica devesse focar a sua atenção. E aqui a minha opinião divide-se. Por um lado acho que não e que esse tipo de programas em nada dignifica o futebol em geral, tratando-o sempre como um jogo sujo e obscuro capaz de afastar mais adeptos do jogo bem mais do que aqueles que aproxima.

Mas por outro acho que sim, que esses programas existem porque têm audiência, eleitos assim pelos portugueses como os tribunais onde se digladiam os argumentos de cada cor. Se assim é, e se essa é a realidade do futebol português, e os locais onde cada um manipula como pode a “sua” verdade e consequentemente a opinião pública, pois bem, então nesse contexto RGS está como peixe na água e defende o Benfica o melhor que pode em prejuízo até, muitas vezes, da sua imagem.

Mas,

Sempre me opus, e aqui o referi várias vezes, a que esse papel fosse desempenhado por um Vice-Presidente do Benfica. Ser dirigente do clube e dar a cara pelo clube na TV em programas em que diplomacia é coisa que não existe, são dois papéis que não se conciliam, como os acontecimentos das vésperas do Benfica vs Braga por exemplo provaram.

E se por um lado compreendo muitas das posições públicas de RGS (a maior parte delas, seguramente, sempre ao encontro das opiniões da maioria dos Benfiquistas), também é verdade que é perfeitamente compreensível, que haja muitas vezes a necessidade de RGS vincar que o que diz são meramente opiniões pessoais, até porque sabe que dificilmente o Benfica pode associar-se publicamente ao tom com que muitas das suas criticas são feitas.

E esse é pois o conflito que existe há algum tempo e que quanto a mim se vai acentuando de cada ano para o seguinte... A politica de comunicação do Benfica é, na verdade... Rui Gomes da Silva. Qual vice-presidente, qual quê?! RGS é o REAL Diretor de Comunicação do Benfica. Tiremos RGS ao Benfica e fica o quê? Recitais debitados pelo Presidente em Casas do clube, a maior parte deles sem espontaneidade nem paixão, resultado óbvio de leituras de textos escritos por outros?!

Fica o quê?! João Gabriel que de vez em quando até atira umas larachas bem feitas, mas tiros de soldado raso que não criam mossa nem atingem ninguém?!

Pois a verdade é essa, a política de comunicação do Benfica foi (in)conscientemente entregue a RGS, cargo que tem exercido nos últimos anos em exclusivo para um canal de televisão (o que só por si já acho errado), e que aconteceu numa altura difícil para o clube e para LFV, em que talvez o presidente necessitasse de uma defesa mais acérrima da sua imagem do que aquela que precisa hoje.

Será que hoje, com um Benfica mais ganhador, LFV precisa da defesa pública da sua imagem como precisava há 4 ou 5 anos atrás?! Eu acho que não! Este LFV dos dias de hoje já se pode até dar ao luxo de disputar eleições no clube sem participar em nenhum debate público com outros candidatos! Mal ou bem a máquina foi montada, e LFV será presidente do Benfica enquanto quiser.

Estranho eu pois, numa altura destas da vida do clube, que se vislumbre (e isto sou eu a especular) algum possível afastamento do Benfica em relação a RGS? Claro que não! Se há alguém no universo Benfiquista que se possa vislumbrar num futuro próximo, como alternativa séria à presidência do clube é na verdade... Rui Gomes da Silva.

Ele já é hoje, de forma pública e todas as semanas, uma espécie de “guia espiritual da consciência Benfiquista”, alguém de quem mesmo aqueles que não apreciam o estilo, não deixam de concordar com a grande maioria das suas posições estratégicas em relação aos diferentes dossiers do futebol português, e que por isso nunca vai deixar de ser uma espécie de “polícia” das políticas da Direção.

E se a LFV talvez não seja muito difícil vencer eleições no clube sem debates públicos, talvez encontre um obstáculo bem mais difícil de ultrapassar ter na TV todas as semanas uma espécie de “objetor de consciência”, que nunca se coíbe de marcar a sua posição mesmo quando essa posição não existe dentro do clube que faz parte.

Em resumo, nada do que aqui escrevi seria errado, se RGS não fosse ao mesmo tempo Vice-Presidente do clube e comentador televisivo. Nada disto seria errado se as posições de RGS o vinculassem só a ele, se não se confundissem com as posições do clube, e que não colocassem muitas vezes LFV em posições difíceis como aconteceu por exemplo com as declarações sobre o Benfica vs Braga.

E alguns Benfiquistas surpreendem-se hoje com o afastamento que notam de RGS das comitivas oficiais do Benfica?! Mas a ser verdade, esperavam o quê companheiros?! Que RGS dissesse todas as coisas que lhe apetece  sobre Joaquim Oliveira, do António Salvador, do Bruno de Carvalho ou do Rui Patrício, e depois fosse convidado para fazer parte de comitivas que são recebidas nas casas dessas mesmas pessoas num contexto institucional, para trocar sorrisos e comer croquetes?!

Obviamente que não, e óbvio também que mais tarde ou mais cedo RGS vai começar a ser um empecilho para a própria Direção do clube.

A ironia disto tudo seria ter visto RGS ser durante anos o fiel escudeiro de LFV, cuidando mesmo da sua imagem pública, e poder vê-lo ser um dia apontado pelas pessoas que sempre protegeu como elemento destabilizador e problemático, sendo afastado de forma pouco digna e assassinado publicamente até aos olhos dos próprios adeptos.

Podia dizer aqui que o que eu estranho é que RGS não tenha percebido isto mais cedo, que mais ano menos ano a corda vai partir e ele vai ser o elo mais fraco. Podia dizer mas não digo, porque acho que na verdade RGS sempre o soube e foi assim que quis que acontecesse.

RGS sabe muito bem que ser vice-presidente do Benfica pode ser um cargo bonito no papel, mas que na verdade conta pouco e pouco passa de figura decorativa no Universo Benfica. A possibilidade de estar na TV todas as semanas com audiências monstruosas, essa sim é na verdade a grande arma que RGS tem do seu lado, a possibilidade de todas as semanas poder vincar as suas ideias e afastar-se até de determinados caminhos pelos quais a Direção possa seguir.

Abdicar disso seria de facto, dar um tiro nas suas ambições, que serão, como acredito, chegar um dia a Presidente do Sport Lisboa e Benfica... Quem vê a voracidade com que RGS se apresenta todas as semanas no “Dia Seguinte”, todas as guerras que cria e os inimigos que arrasta consigo, não pode acreditar que tudo isto seja em vão e que não esconda uma muito maior ambição do que sentar-se numa cadeira em frente à câmera a sugerir caminhos estratégicos para o clube sem ser o mentor desses mesmos caminhos.


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