Ora bem, resumindo e baralhando, se o que Dr. Rui Gomes da Silva diz ontem no “O Dia Seguinte” é a verdade, ficámos a saber que:
1. Afinal, e ao contrário do que aqui foi dito por gente com acesso a informação privilegiadíssima de dentro do Benfica, Luís Filipe Vieira não ofereceu a Jorge Jesus metade do ordenado que já ganhava. Eu duvidei da informação, e a fazer fé nas palavras de Rui Gomes da Silva, duvidei corretamente.
2. Afinal, o Benfica ofereceu a Jorge Jesus exatamente o mesmo contrato que já tinha, nem um euro a menos nem um euro a mais.
3. Afinal, o Benfica não queria que Jorge Jesus ficasse na Luz.
Fico sem perceber pois:
1. Como é que o Benfica oferece um contrato de 4 milhões a um treinador que aparentemente não queria.
2. Fico sem perceber também o epiteto de Judas e a traição suprema, se, pelo que se diz, o Benfica não queria Jorge Jesus, como se também sugere que Jorge Jesus também já não queria o Benfica. E o contrato estava terminado.
3. Fico sem saber se o Benfica só oferece 4 milhões a um treinador que aparentemente não queria, só para o impedir de ir para o único sítio que não queria que ele fosse, o que seria um erro gravíssimo do ponto de vista de Benfica.
4. Fico sem saber a razão do epiteto de Judas a Jorge Jesus: Afinal JJ é Judas porque saiu de onde não era querido? É Judas porque recusou ir para o Quatar (erro de julgamento tremendo de quem achou isto ser possível numa altura em que o pai de JJ está doentíssimo)? Ou é Judas apenas por, não tendo sido desejado no clube onde já estava, decidiu escolher o seu próprio destino? Era importante que se esclarecesse tudo isto, antes de intoxicar a opinião pública com slogans lançados ao ar.
Em resumo:
1. Estou cada vez mais convicto, assim se comece a lavar a roupa suja em público, que todos chegaremos à conclusão que a ida de Jorge Jesus para o nosso maior rival está carregada TAMBÉM de muitíssima culpa própria.
2. Estou AINDA mais convencido, que toda esta novela se teria facilmente evitado se a Direção do Benfica tivesse assumido a tempo e horas não querer renovar com Jorge Jesus, e que a partir desse momento Jorge Jesus poderia ter ido para onde bem quisesse, que não nos criaria mossa nenhuma. O Benfica sai a perder neste caso, essencialmente porque parece engolido e ultrapassado pelos acontecimentos.
3. Uma semana quase depois da saída de Jorge Jesus, a Direção do Benfica continua sem explicar nada do que se passou, ajudando até à confusão instalada: Afinal o Benfica queria ou não queria? E se não queria porque razão diz que ofereceu 4 milhões a quem não queria? Será apenas para nunca ter o ónus da culpa se o futuro não trouxer os resultados que desejamos, a desculpa da mudança por traição em vez da mudança motivada por vontade própria?
4. Rui Vitória é obviamente o senhor que se segue. Que erro trágico seria se, no contexto que o clube vive e depois de manifestações de sócios a pedir Marco Silva, Luís Filipe Vieira mudasse a sua opinião e optasse por uma solução populista. Seria de facto, a prova suprema, de que o barco estava à deriva. Aqueles que queriam Marco Silva, se o queriam realmente, aquilo que melhor teriam feito era ter-se calado.
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