Talvez seja hora de todos darmos um desconto, porque a malta anda toda com os nervos à flor da pele, a dizer e a escrever coisas que lá no fundo não fazem grande sentido, e talvez todos precisemos de uma pausa para respirar e aprumar ideias.
Mas por favor, hipocrisia não! E que não se faça deste momento, o momento que serve para alguns saírem da toca depois de meses hibernados, para virem fazer do folhetim Jorge Jesus aquilo que outros fizeram durante anos com Vale e Azevedo – a divisão dos benfiquistas entre bons e maus, entre os burros e os espertos!
Porque a hipocrisia suprema é aproveitar este momento para misturar tudo, para colocar tudo no mesmo saco, juntar a parte humana com a parte desportiva, ser incapaz de separar o trigo do joio, e usar um episódio que talvez seja o reflexo do mau caráter de uma pessoa, para apagar tudo o resto, todas as alegrias que nos deu e os méritos da sua competência desportiva, que tantos, como eu, sempre lhe elogiaram.
Aqueles que como eu aqui defenderam Jorge Jesus durante anos, nunca usaram como argumentos em favor da sua defesa, o JJ dar muito dinheiro aos pobres, ter a dormir em sua casa três ou quatro sem abrigo, ou ser um amor de pessoa.
Não meus amigos! Aqueles que como eu defenderam Jorge Jesus, fizeram-no porque entenderam que o papel que cabia a cada um de nós neste blogue e nas tascas com os nossos amigos, era avaliar aspetos de natureza desportiva, e não caracteres de pessoas que não se conhecem, com quem nunca se trocou uma palavra, e aspetos que para o bem ou para o mal nunca foram impeditivo para que o Benfica continuasse a vencer dentro do campo.
Aqueles que sempre o defenderam, defenderam-no por critérios desportivos, facilmente justificáveis assim alguém ache que merece a pena voltarmos todos a discutir os méritos e deméritos da gestão desportiva do Benfica nos passados seis anos. Eu acho que não! Acho que a hora é de enterrar esse assunto de vez! É passado! Aqueles que sempre se reveram nas opções desportivas de JJ podem ser exatamente as mesmas pessoas que neste momento também estão revoltadas com o seu comportamento! Aqui não há zonas mutuamente exclusivas como alguns querem criar!
E vamos ser claros, para todos nos entendermos de vez, e para que nos deixemos de hipocrisias baratas, e para que não se queira fazer de Jorge Jesus aquilo que se fez com Vale e Azevedo – dividir os Benfiquistas entre bons e maus.
1. Se o trabalho de Jorge Jesus não tivesse sido de grande valor, a malta estava-se autenticamente borrifando para onde o homem iria a seguir;
2. Se o trabalho de Jorge Jesus não tivesse sido de grande valor, a Direção do Benfica não andaria pelos vistos no último dia a enviar SMS para o telefone de Jorge Jesus a ver se ainda o conseguia manter;
3. Se o trabalho de Jorge Jesus não tivesse sido de grande valor, ninguém a esta hora se sentiria traído, como ninguém se teria sentido traído se o Quique Flores tivesse saído do Benfica para ir treinar o Sporting;
4. Se o trabalho de Jorge Jesus não tivesse sido de grande valor, não havia gente há 4 dias atrás a defender a renovação e a afirmar categoricamente que Jorge Jesus era o melhor que o Benfica podia pagar (E repare-se, que se JJ estava nos 10 mais bem pagos, isso significa achar que só havia nove acima dele), e hoje já se escreve que afinal estava tudo mal e que o Sporting enfiou um grande barrete!
Vamos lá a ter calma pessoal! Hipocrisias e fundamentalismos não caem bem numa hora destas, em que claramente se nota, que apesar de todos queremos mostrar o contrario, se vive um episódio que todos gostaríamos que não se tivesse passado e que acabou por nos afetar a todos.
E repare-se também, que é para sermos claros também neste aspeto, que eu acho legítimo que a Direção do Benfica tenha decidido alterar o seu rumo. Tal como defendo que a Direção do Benfica não deveria oferecer a Jorge Jesus, nem o dinheiro nem as regalias que pelos vistos Bruno de Carvalho lhe ofereceu. Não porque isto altere em nada a avaliação desportiva de Jorge Jesus que sempre fiz, mas porque acho que isto seria colocar Jorge Jesus num patamar não de treinador mas de quase um Deus no Sport Lisboa e Benfica, e bem acima da realidade do clube e do país!
Por isso para mim neste momento está tudo bem. Está bem o Benfica que decidiu alterar o seu rumo (o futuro dirá se para bem ou para mal), e está bem o Jesus que foi para o clube do coração ganhar muito mais, com um projeto que se calhar lhe agrada mais, e se calhar empurrado também por algum desinteresse que poderá ter sentido em relação a si do clube que anteriormente representava.
Para mim portanto, este assunto Jorge Jesus está mais do que enterrado. Mas é preciso que todos o enterrem e se acabem as graçolas! Porque para alguns parece que não. Parece que apagados e hibernados durante meses, incapazes de debater argumentos de caracter desportivo, aparecem agora para fazer uso de um episódio isolado e não desportivo para justificar argumentos que nunca conseguiram sustentar dentro do campo!
Há dois dias atrás, o Shadows, companheiro de escrita e algumas vezes de discórdia (mas sempre um grande Benfiquista, e a quem aproveito para lhe elogiar a coerência, porque esse pelo menos, e ao contrário de outros teve sempre um discurso coerente e linear), pedia num post seu apoio incondicional para o novo treinador.
Eu entendo o que ele quis dizer, e concordo, mas achei piada, perguntando-lhe se o apoio incondicional ao treinador só era devido agora, e se antes não?! Se antes com Jorge Jesus, como agora com Rui Vitória, não estava em causa exatamente a mesma coisa – o apoio ao Sport Lisboa e Benfica?
E depois apareceu um leitor, a ironizar de certa forma, e a desafiar-me a apoiar o novo treinador com a mesma ferocidade com que sempre apoiei Jorge Jesus!
A esse leitor quero apenas informar que o Redmoon elogiará no Benfica seja quem for, assim lhe vislumbre motivos para elogiar. Mas nunca elogiará só por elogiar, isso nunca fez nem nunca fará!
Mas o Redmoon informa também que nunca fará algo que nunca fez em quase seis anos a escrever neste blogue: O Redmoon, se não encontrar grandes motivos para elogiar, também nunca entrará em campanhas difamatórias nem contra o treinador nem contra ninguém, enquanto essas pessoas fizerem parte do Sport Lisboa e Benfica.
E repare-se que isto não é afirmar que pontualmente não se possa fazer uma crítica, com a mesma naturalidade com que logo a seguir se elogia num outro aspeto quem antes se criticou.
Não, eu refiro-me mesmo a campanhas, tipo aquelas que duram anos e que vêm com o mesmo tom todos os dias, aquelas que com grande lata insinuam que há gente a defender pessoas em vez do clube, e depois passam anos a vestir a camisola dos Nélsons Oliveiras e afins, fazendo uso de opiniões que nunca conseguiram justificar no plano desportivo para atacar injustificadamente pessoas, que tal como os que defendem, também representam o Sport Lisboa e Benfica.
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