E pronto, é isso...
Do seu 11 base, da primeira para a segunda época, Jorge Jesus perde:
David Luís, Di Maria e Ramirez
Da segunda para a terceira perde Fábio Coentrão e Sálvio (emprestado)
Da terceira para a quarta perde Witsel, Javi e Bruno César (suplente muito utilizado)
Da quarta para a quinta perde Matic
Da quinta para a sexta perde Markovic, Enzo, Cardozo, Siqueira, Rodrigo, Oblak e Garay
E da sexta para a sétima perde Gaitan (muito provevelmente) e só não perde Sálvio porque os Deuses ajudaram.
Ou seja, de seis onzes de Jesus, Jorge Jesus só perde 17 (18 se contarmos com Bruno César) jogadores absolutamente fundamentais.
Fora deste lote mas ainda assim importantes poderíamos incluir Saviola e Aimar mas, fiquemo-nos pelos 17/18, porque 20 já parece demais!
E tem muita malta aqui, a lata de rotular estes seis anos de Jesus como os anos dos maiores investimentos de sempre! Podiam arranjar qualquer rótulo mais honesto como os anos das maiores vitórias dos últimos 30 anos, os anos das maiores vendas de sempre, os anos dos maiores lucros de sempre de uma política de transferências, os anos do melhor futebol visto na Luz nos últimos 30 anos, mas não... O que se arranja para resumir tudo isto, para se resumir o trabalho do treinador português mais titulado de sempre do Sport Lisboa e Benfica é... os seis anos do maior investimento de sempre!
E é assim que cada um constrói a sua verdade!
A política de continuidade no Benfica é uma treta, como treta é invocar os seis anos de Jesus como um projeto de longo prazo, como se lhe tenha sido dado neste tempo oportunidade de melhorar de uma época para a outra o quer que seja ou partir para a época seguinte um passo à frente de onde estava dois meses antes! Jorge Jesus recomeçou sempre atrás, excetuando a época passada se quisermos onde os danos só chegaram em Janeiro, ainda assim um ano em que ganhámos tudo internamente e chegámos à final da Liga Europa!
A única coisa que em seis anos aumentou com Jesus de uma época para a outra foi a exigência e a responsabilidade! Nunca o investimento, como alguns gostam de lançar para o ar! Mesmo este ano com um plantel globalmente pior que os anteriores, claramente inferior ao do maior rival, como se vê, três vitórias não chegam para satisfazer alguns. Faltou a Liga dos Campeões caramba, com o Pizzi e o Talisca no miolo a distribuir cartas!
Quando se quiser comparar Jesus aos grandes treinadores europeus, compare-se também nestas coisas...
Que se comparem seis anos de Ferguson no Manchester com seis anos de Jesus na Luz, mas também nestes pormenores...
Nas oportunidades que certos treinadores têm de todos os anos manterem o que de melhor têm e se reforçarem com o que de melhor os outros têm, com outros treinadores que todos os anos perdem aquilo que de melhor têm, e para os quais têm de inventar novas soluções em cima do joelho, voltar ao trabalho de base, disfarçados depois com estes epítetos que alguns inventam de mascararem tudo isto com “trabalho de continuidade", que na realidade não existe!
Continuidade uma ova! Continuidade não é vender todos os anos um ou dois craques para um clube da Rússia que paga o que nós não podemos pagar, e a quem depois se nos exige a obrigação de ganhar e os eliminar no mesmo grupo da Liga dos Campeões! Isto é um contrassenso de todo o tamanho!
E que isto não sirva para que se pense que tento elevar Jorge Jesus ao nível dos Deuses! Tem defeitos e coisas menos boas, às quais nunca tive problema nenhum em referir.
Mas que também não serve para me demover da profunda convicção que tenho, que para esta altura Jorge Jesus se andar a bater de igual para igual com os grandes tubarões europeus, com os tais treinadores de elite que Deus perdoe que se tente comparar Jesus com eles, não teriam sido precisos investimentos de 30 nem de 40 milhões por cabeça! Bastaria apenas um clube com capacidade de aguentar de ano para ano os seus melhores jogadores!
Andar-se anos a fio, há falta de melhores argumentos, a invocar-se o investimento como razão para o sucesso alcançado, para tudo o que de bom se fez e que qualquer outro faria, é de uma desonestidade intelectual de todo o tamanho!
Investimento uma ova! A não ser que se chame investimento a uma politica em que todos os anos se vendem os consagrados por uma pipa de massa e se traz sangue novo por muito menos dinheiro, porque obviamente é necessário substituir aqueles que saem com jogadores inexperientes ainda por polir, e na esperança de que um dia possam atingir o sucesso daqueles que vieram substituir.
Que se dê a oportunidade a Jesus de todos os anos manter os seus melhores jogadores, que todos verão que o argumento da necessidade de investimento cai por terra. O investimento é uma necessidade, porque o desinvestimento é uma realidade indesmentível, tão simples como isso!
Depois claro, podemos também invocar que nesta roda viva de saídas em catadupa, muitos dos reforços não corresponderam ao que se esperava deles...
Mas aqui já não interessa comparar Jesus aos treinadores de elite europeia...
Aqui já não interessa lembrar que Van Gaal só este ano gastou 200 milhões em reforços e nem um se impôs com a categoria que se exigia... Já para não falar nos Mangalas e nos Fernandos do Pellegrini, nos Bales do Real Madrid, ou dos Quadrado e dos Schurles do Chelsea...
Aqui não! Aqui já todos os treinadores de elite podem falhar em jogadores de 30 milhões para cima, MENOS Jorge Jesus que tem de acertar em todos aqueles que vêm por 5, 8 ou 10 milhões, e que só vai buscar porque a isso o obrigam!
São esses os argumentos que alguns querem invocar para discutir comigo os méritos ou deméritos de Jorge Jesus nestes seis anos de Benfica?!
A esses, àqueles que durante seis anos só encontraram razões para dizer mal eu lanço um desafio:
Que sejam capazes de escrever duas páginas sobre Jorge Jesus em que refiram apenas os méritos destes seis anos... Há muita coisa boa por onde pegar assim haja essa vontade, e aí sim, teremos as bases lançadas para uma boa discussão que se quer sadia.
Mas também entendo claro a impossibilidade da concretização desse desafio, tendo em conta ódios de estimação assumidos, e o enviusamento em função disso da realidade a que se assistiu (e leu) durante os últimos seis anos.
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