Quem contrata afinal no Benfica?

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Thursday, March 5, 2015

Quem contrata afinal no Benfica?

Como já tive aqui oportunidade de escrever, as vantagens reais da equipa B num clube como o Benfica é algo que ainda não me convence completamente.

Este é o terceiro ano em que o Benfica tem uma equipa B em competição num campeonato profissional, e há para já algumas conclusões que se podem tirar:

     1. A equipa B nunca serviu para fazer rodar jogadores da equipa A vindos de lesões ou com falta de ritmo de jogo, como julgo que devia acontecer;

     2. Os únicos jogadores que em três anos conseguiram passar definitivamente da equipa B para a equipa A foram André Gomes e André Almeida (ambos logo no primeiro ano, e consequência também das vendas inesperadas de Javi e Witsel no último dia do fecho de mercado), e este ano Gonçalo Guedes, que não parece ser ainda uma aposta efetiva de Jorge Jesus no plantel principal.

     3. A equipa B tem servido sobretudo de contentor para muitas contratações falhadas da equipa A, jogadores que acabam na B sem qualquer perspetiva de futuro no Benfica, à espera apenas que algum clube lhes pegue. Ex. Mitrovic, Steven Vitória, Urreta, Carlos Martins, o que a meu ver vai um pouco contra aquilo que devia ser o propósito das equipas B.

     4. Na equipa B do Benfica estão à vista de todos vários jogadores que a olho nu se percebe imediatamente que nunca farão parte do futuro do Benfica.

     5. A equipa B representa obviamente um elevado custo acrescido às contas do Benfica, equipa que participa num campeonato nacional profissional que inclui Madeira e Açores, e que logicamente também obriga o Benfica a ter pelo menos 55 jogadores sob contrato em vez dos 27/28, excluindo aqui obviamente aqueles que estão emprestados.

     6. Os empréstimos de alguns jogadores da equipa B a clubes da primeira divisão são o reconhecimento óbvio de algo que já se sabia: A segunda liga nacional não é nem de perto nem de longe o espaço competitivo ideal para um jogador se afirmar e provar que está à altura de jogar na equipa principal do Benfica.  


Dito isto, algumas considerações da minha parte:

     1. De um ponto de vista geral, não vejo nada de errado em ter os 5/6 jogadores com verdadeiro potencial das equipas B do Benfica emprestados a equipas da Primeira Liga. Julgo ser uma montra muito mais apelativa para os jogadores, muito mais competitiva, e um teste bem mais real à qualidade dos jogadores.

     2. Os empréstimos de alguns jogadores (Rui Fonte por exemplo) ao Belenenses, são a prova provada que quase sempre continuará a haver mais uma etapa de formação entre a equipa B e a A. Raramente o salto será direto, o que para mim, é mais um argumento contra as reais vantagens das equipas B.

     3. Sendo certo que nem todos as promessas dos juniores do Benfica encontrarão espaço de afirmação numa primeira liga nacional, o empréstimo desses jogadores a clubes da segunda liga também não seria à partida um percurso muito diferente daquele que têm hoje.

     4. Ver Steven Vitória saltar de uma grande época num Estoril que se qualifica para a Liga Europa para uma segunda liga portuguesa entristece-me profundamente. Não devia acontecer! Não era suposto acontecer! Devia ser proibido de acontecer! É uma machadada na carreira de um jogador que chegou ao Benfica carregado de sonhos e com outras propostas na carteira!

     5. As equipas B promovem o despesismo, a desresponsabilização e as compras com falta de critério. É comprar aos pacotes, três centrais na mesma época (Steven, Mitrovic e Lisandro), o que servir serve, o que não servir coloca-se na B.

     6. São já vários os jovens estrangeiros chegados ao Benfica e a falar nos jornais que se sentem enganados, jogadores que chegaram ao Benfica com perspetivas de equipa A e que depois acabam na B sem ter voto na matéria e indo um pouco contra aquilo que eventualmente lhes terá sido prometido.



Num debate anterior sobre este tema, um leitor fez-me ver aquilo que para mim é a única grande vantagem das equipas B, e que sem dúvida é um argumento de peso:

A segunda Liga é um espaço muito mais competitivo para a evolução de um jogador de 17/18 anos do que um campeonato nacional de juniores.

Aqui totalmente de acordo, no entanto também aqui encontro alguns argumentos que fazem deste argumento um argumento não decisivo:

     1. Não vejo grandes vantagens em ter jogadores de 17 anos com contratos de duração máxima de três anos (face à lei) a jogar em grandes montras europeias como Liga dos Campeões para miúdos. Isto é colocar jovens com contratos frágeis nas barbas dos colossos europeus e um convite para que os venham buscar sem que o Benfica tenha grande capacidade negocial.

     2. Quanto mais cedo se projeta os jogadores, mais cedo se tem de acautelar os interesses do clube. Haverá grande vantagem em lançar os miúdos no estrelato aos 16/17 anos, se só aos 18 se pode oferecer-lhes um contrato profissional de longa duração?

     3. Gonçalo Guedes, afinal quando renovas tu contrato? Já fizeste 18 anos, o Benfica já mostrou que quer! Será que o facto do teu empresário andar a tentar vender o peixe e a dizer que podes vir a ser melhor do que o Cristiano Ronaldo tem alguma coisa a ver com isso?

     4. Acredito que as promessas das camadas jovens do Benfica estão mais do que identificadas pela maioria dos clubes nacionais, pelo que não julgo difícil a uma dessas promessas encontrar o mesmo espaço de crescimento que encontra atualmente na equipa B, mas numa outra equipa da segunda divisão nacional.



E para terminar, um outro aspeto que não estando diretamente ligado com as equipas B, acaba por estar, e que me faz ter saudades dos tempos em que os jogadores chegavam ao Benfica e os sócios sabiam onde iam jogar:

Jonathan tem-se revelado na equipa B como um jogador com potencial elevado, e que antes da bronca da borga se falava que chegava ao Benfica por valores na ordem dos 6 milhões de euros!

Caramba! Será que um jogador de seleção uruguaia, e um jogador de 6 milhões de euros (!!) tem de chegar ao Benfica para ir crescer para a equipa B do Benfica e para a segunda divisão nacional, para mais quando se percebe claramente que na equipa A a qualidade dos intervenientes não abunda por aí além? Afinal Jonathan faz falta ou não faz?

Vendo de longe, e assumindo que haja quem perceba melhor destas coisas do que eu, há neste Benfica algo que me escapa:

Quem contrata afinal no Benfica? É Rui Costa ou Jorge Jesus?

Haverá algum fundamento numa conclusão a que eu possa chegar, de que se calhar as escolhas de Jorge Jesus acabam na A e as de Rui Costa na B, tendo as escolhas de Rui Costa de ultrapassar ainda o veredicto final de Jorge Jesus para chegarem à equipa A, estando provado que muito raramente lá chegam?

Se assim é, será um modo de funcionamento como outro qualquer, embora para mim errado, e que tem custado muito dinheiro.


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