O mais recente episódio que é o corte de relações entre o Sporting e o Benfica revela aquilo que é mais que evidente: o futebol português só olha para o negócio do futebol quando se trata de transferências de jogadores e/ou comissões de negócios. Tudo o resto pouco interessa e fazem o mínimo para melhorar este negócio de muitos milhões.
Rui Santos no seu programa "Tempo Extra" trouxe vários pontos interessantes à análise do tema futebol.
Um deles é a postura silenciosa e comprometida de Fernando Gomes, presidente do orgão máximo do futebol português, a FPF.
Fernando Gomes não se envolve em nenhum assunto que envolva clivagens, conflitos ou medidas de ruptura. Não é um líder mas sim um lacaio de um poder que é quem mais vai lucrar com a ruptura entre os clubes de Lisboa.
Depois temos o presidente da Liga de Clubes, Luis Duque. Um fantoche escolhido por Benfica e FC Porto para ser o testa de ferro das alterações que se querem promover ao nível dos direitos televisivos.
É curioso o facto de o presidente da NOS considerar que a Liga de Clubes agora voltou a ser um parceiro credível quando é liderada por alguém condenado por fraude fiscal num negócio no futebol.
O que torna Luis Duque credível para a NOS? Bem, é que com o antigo dirigente do Sporting a liderar a Liga está garantida a não continuação dos processos/acções que colocavam em causa o monopólio da SportTV, o canal de desporto da NOS detido a meias com Joaquim Oliveira.
Aliás, com a entrada de Luis Duque na Liga, rapidamente essa situação foi ultrapassada por Joaquim Oliveira refidelizando a esmagadora maioria dos clubes até que um novo modelo seja criado.
Também quer a Controlinveste, agora com outro nome, quer a Olivedesportos garantiram logo também os direitos da Taça da Liga, quer televisivos quer comerciais.
(Nesta vertente é conhecida a aliança entre Luis Filipe Vieira e Pinto da Costa. Veremos até quando pois nenhum modelo de centralização terá sucesso sem os jogos do Benfica na Luz. E se Vieira libertar um que seja para passar noutro canal, estará a faltar à sua palavra.)
De resto, os clubes e os dirigentes do futebol português estão-se marimbando para os adeptos e para lhes melhorarem a experiência de ver um jogo de futebol ao vivo.
Apoiam, directa ou indirectamente, autênticas guardas pretorianas que espalham a violência pelos estádios e que afastam do futebol muitos daqueles que gostam do desporto.
Nunca vimos Luis Filipe Vieira, Bruno de Carvalho ou Pinto da Costa condenarem as acções violentas de adeptos dos seus clubes. E não têm faltado oportunidades para tal.
Se o digníssimo visitante do NGB estivesse com um filho seu na zona de sportinguistas onde caíram os petardos em Alvalade? Tornava a levar o seu filho para um jogo destes?
Se o digníssimo visitante do NGB levasse o seu filho ao estádio do adversário e fosse agredido só por ter ao pescoço as cores do seu clube, como aconteceu a um benfiquista este fim de semana em Alvalade, tornava a levar o seu filho a um jogo destes?
A verdade é que os dirigentes do futebol, de forma hipócrita, limitam-se a colocar nas mãos da polícia a solução para isto tudo. E olham para o lado quando se trata de limitar ou expulsar dos estádios de futebol quem promove a violência.
E os adeptos, os sócios, muitos deles são também coniventes com estas acções criminosas, com a desculpa de que os outros fizeram primeiro.
Não há inocentes, meus caros.
Isto é como aquele velho ditado que diz que tanto é ladrão o que rouba como o que fica à porta a vigiar.
Ou condenamos todos os actos de violência, sem excepção, ou estamos a pactuar com os petardos, as agressões e a linguagem que incita à violência.
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