Confesso que não gostei do post desta manhã, do realce dado pelo Benfica by GB ao comentário de um leitor a um post meu no dia de ontem, que dizia: “Enquanto alguns fazem posts quando o Benfica perde, tu fazes principalmente quando o Benfica ganha e isso faz toda a diferença.”
Não gostei porque foi usado com propósito claro, mas principalmente porque é mentira. Nunca neste blogue me escondi nas derrotas, mas também sei que há escribas muito mais rápidos e incisivos nestes momentos. E como sei que é assim, deixo-os normalmente descarregar primeiro a sua raiva, e depois sim, mais a frio, tento fazer eu as minhas análises.
E por isso, e porque não escrevo neste blogue há 3 meses, 13 meses nem 3 anos, o GB, melhor que ninguém, sabe que a afirmação não é verdadeira, pelo que não a devia usar como defesa a algumas das coisas que o vão acusando, porque ele, atenção, ele nunca critica gratuitamente... Ele critica porque é exigente, que são coisas totalmente diferentes.
Porque esta ideia que alguns querem passar, de que só alguns benfiquistas é que são exigentes (os de gema) e que os outros são de segunda porque se marimbam para a coisa, só na mente de alguns lunáticos que acham que estão num patamar superior da humanidade.
Isto trocado por miúdos é assim:
1. Quando alguém escreve ao fim de três jogos, que este Talisca não vale um chavelho e que veio tapar o lugar do João Teixeira, isto não é asneira, é exigência.
2. Quando alguém escreve depois de um frango do Artur que o problema não é o Artur mas o treinador dos guarda-redes, isto não é asneira nem vontade de bater em tudo o que mexe, é exigência; Com o Oblak o treinador já é outro, e com o Júlio César também;
3. Quando alguém critica as contratações de Enzo e de Matic, porque estão a tapar os lugares dos miúdos da formação, isto não é asneira, é exigência;
4. Quando se escreve que NUNCA Jorge Jesus elogiou em público um jogador seu, isso não é mentir, é ser exigente!
5. Quando se põe em causa um treinador como Jorge Jesus após cada derrota, se é capaz de escrever centenas de posts a malhar no homem, e nem um (unzinho) para lhe realçar os devidos méritos que também tem (sim, eu já aqui escrevi posts a malhar no Jesus apesar dos muitos mais que escrevi a elogiá-lo), isso não é perseguição, é exigência.
6. Quando se faz de um puto como Nélson Oliveira o nome recordista deste blogue, facilmente comprovado pelo motor de busca, e se exige para ele tantos minutos de jogo como ao Rodrigo, mais oportunidades e mais tolerância do que se exige a qualquer outro, quando outros souberam ser muito mais competentes a agarrar as chances que lhes foram dadas, isso não é cegueira, é exigência.
7. Quando se anda há anos a insinuar que a não aposta da formação é fruto de um complexo qualquer do treinador (e não da falta de qualidade dos jovens), e depois não existe um ÚNICO exemplo de um jogador dispensado pelo treinador que tenha singrado ao mais alto nível noutro lado qualquer, meus amigos, isso não é perseguição, é exigência.
8. Quando se vem para aqui, denunciar o não pagamento do nosso estádio, em contraste com o do Bayern que já foi pago (ah grandes Alemães!), comparar as duas realidades, quando quem pagou o estádio do Bayern não foi o Bayern mas a Allianz, isso não é uma comparação sem pés nem cabeça nem uma forma de atingir o nosso clube, é exigência.
9. Quando se exige que o Benfica vença tudo no matter what, independentemente dos meios que coloca ao serviço da causa, ignorando completamente que há outros clubes, também eles competentes, alguns deles com bem mais meios para alcançar o sucesso, isso não é falta de capacidade de ver a floresta mas ver apenas a árvore, é exigência.
10. Quando se acusa o Jorge Jesus de não colocar o Enorme Nuno Gomes e o Moreira a jogar porque são portugueses, e depois os dois vão para Braga e Swansea e continuam sem tocar na chicha, isso não são acusações infundadas sem qualquer base de realidade, é exigência.
Quero com isto dizer, que os meus companheiros de blogue, com quem discordo muitas vezes, só dizem asneiras? Evidentemente que não. Talvez não pareça mas também concordo com eles muitas vezes, e sobre todos os assuntos. Assumo, que os contradigo muito mais quando discordo, e que me calo muito mais vezes quando concordo.
O que quero realçar é que este é um espaço de opinião, chamem-lhe uma tasca se quiserem, uma grandiosa tasca benfiquista que no seu historial já serviu o espantoso número de mais de 10 milhões de pires de tremoços, e que até tem a gentileza de os servir a elementos de outros clubes, e até, imagine-se, a leitores que são uma espécie de Polícia da Direção do Sport Lisboa e Benfica, que vão sempre monotorizando (e comentando) o que por aqui se escreve, só para verem a importância que certa gente nos dá!
E como qualquer tasca por onde passo, discute-se gajas e futebol para matar o tempo acompanhados de uns pires de amendoins e umas canecas de cerveja, dizem-se coisas acertadas mas... muita merda também. É o futebol, o ócio do povo, e na grande escala da vida, uma coisa que não devia ter tanta importância como aquela que por vezes lhe damos.
O segredo para mim é assumir que todos aqui erramos. Não é chutar a bola para canto quando as marés se viram contra nós (hão-de voltar a virar a favor, e Jorge Jesus há-de voltar a ser besta num futuro próximo) porque achamos que só dizemos coisas acertadas, e quando dizemos merda é porque... somos exigentes.
Não, nós (eu incluído) também digo (e escrevo) muita merda, e há que ter a humildade para quando a dizemos, e quando os factos nos provam que a dizemos, de o assumir, porque nenhum mal virá ao mundo por causa disso.
A nós, felizmente, é permitido escrever merda, a nós autores dos textos e também a quem os comenta (sim, porque vocês também dizem muita merda), porque todos nós escrevemos aqui por paixão ao clube mas sem nenhuma influência direta na sua gestão.
Quem quer vir vem, quem não quer não vem (continua a não ser cobrada mensalidade). E se alguém se deixar influenciar por qualquer merda que possa ler (risco de que nos acusam muitas vezes), eu não quero ferir a inteligência de ninguém, mas acho que cada um de nós só acredita no que quer e só altera as suas convicções quem tiver muito pouca base para as convicções que tem.
É hora de assumir que dizemos merda. Eu digo, e muita. E isso não tem nada a ver com o facto de ser mais ou menos exigente que ninguém.
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