Com Zidanes ou Pavones, desinvestir nunca será a solução

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Saturday, December 13, 2014

Com Zidanes ou Pavones, desinvestir nunca será a solução

O anúncio por parte de LFV da integração de 4/5 elementos da formação na equipa A no próximo ano é o tipo de declarações que não deviam acontecer, salvo numa única exceção: Se os alvos estiverem já identificados, pelo presidente sim mas, principalmente, pelo treinador, e se essa aposta for já uma certeza.

Se não estão, se Jorge Jesus não estiver com o Presidente neste reconhecimento que este faz às capacidades de alguns elementos das camadas jovens da Luz, são afirmações erradas e despropositadas, porque como todos bem sabemos, em Agosto há muito boa gente que vai cobrar essa promessa, e nessa altura também, se a promessa não for cumprida, as contas serão pedidas injustamente ao treinador (seja ele JJ ou outro qualquer) e não a quem andou a vender sonhos de papelão.

Ao Presidente reconheço visão e total mérito nesta aposta do Seixal. Aquilo que não lhe reconheço é capacidade de avaliação dos “produtos” que saem da nossa “Universidade da bola”. Essa avaliação compete ao treinador fazer, e quanto menos poeira se levantar, melhor para todos.

Agora, numa visão nua e crua, e como disse anteriormente, não deixando de reconhecer o mérito e o acerto do Presidente nesta aposta do Seixal, para mim essa aposta não muda nada:

          1. Não devia garantir só por si elementos da formação na equipa A todos os anos;

          2. Não garante qualidade do “produto” final, como nenhuma Universidade do mundo o faz, apesar do possível brilhantismo dos processos;

          3. No Benfica continuarão a ter de jogar os melhores, sejam eles da formação do Benfica, do Penãrol ou da lua;

A única coisa que esta aposta cria é muito melhores condições para que os jovens do Benfica cheguem a uma idade de passagem para o futebol profissional melhor preparados do que os jovens do passado. Apenas isso. Terão obrigação de serem melhores jogadores, mais capazes, mais habilitados a discutirem um lugar ao sol com os melhores. E isto tem de ser positivo, obviamente.

O meu receio no entanto é que esta aposta que nos é vendida como uma Fábrica de Sonhos, seja na verdade o retrocesso do Benfica em termos de qualidade, e o abandono de uma política de recrutamento e venda de jogadores dos últimos 5/6 anos, que tem sido acertada no plano desportivo, mas também, acertadíssima no plano financeiro.

O meu receio é que esta aposta Benfica Made in Seixal sirva para diminuir em vez de acrescentar. Acrescentar será somar elementos de grande qualidade do Seixal a um plantel já com a qualidade dos Gaitans e dos WItsels. Diminuir será abdicar dos Gaitans e dos Witsels, para apostar nos Cancelos e nos Fontes.

Porque aquilo que alguns vão escrevendo, esta história do passivo monstruoso como razão para alteração da política desportiva, e do Seixal que virá então milagrosamente resolver este monstruoso problema financeiro, é algo que ultrapassa a minha compreensão.

O problema do passivo pode ter imensas explicações, mas nenhuma delas poderá ser a politica de aquisições/vendas do Benfica nos últimos 6 anos. Nunca o Benfica gastou tanto como agora em termos de aquisições, mas também nunca o Benfica vendeu tanto como hoje nem gerou tanto lucro no diferencial entre compras e vendas! Quem quiser ler mais sobre este assunto, sugiro um post meu de 2012 que demonstra exatamente isso: “Nunca se gastou tanto como com Jorge Jesus? Vamos aos factos.

Talvez aqui alguns entendam a importância de Jorge Jesus no Benfica. Obviamente importante no aspeto técnico e tático, mas se calhar mais importante ainda no aspeto financeiro, permitindo resultados positivos todos os anos que em muito têm suportado financeiramente todos os projetos em que o Benfica tem estado envolvido. Mais do que um treinador? Sem dúvida alguma!

Mesmo alguns dos elementos menos brilhantes das nossas aquisições pagaram-se a si próprios em empréstimos e cedências, como por exemplo Mitrovic e Fariña. Em resumo, não pode pois ser a politica de aquisições do Benfica a explicar o passivo. Pelo contrario, essa politica atenua o número. E em face disto, aquilo que eu não vou aceitar é se a politica dos Zidanes (à escala do Benfica) passar à politica dos Pavones, sem razão aparente, o que seria no meu entender um crasso erro estratégico.

Aquilo que pode explicar grande parte das dificuldades de sustentabilidade do futebol profissional do Benfica será sim a massa salarial do plantel, que no caso do ano passado por exemplo, foi brutal. Manter um Luisão 10 anos na Luz ou um Gaitan 5 anos custa obviamente muito dinheiro. Mas também como já vimos, este são os custos do sucesso, e os planteis que mais gastam em massa salarial são os que ganham quase sempre.

Obviamente, num plano financeiro, esta seria a altura certa para vender Enzo e Gaitan, com 28 anos e 26 respetivamente. Não vendendo agora, as possibilidades de venda mais tarde diminuem drasticamente. Esta seria a altura de realizar 60 milhões com essas vendas e investir 20 milhões em dois novos Enzos e Gaitans, e confiar na capacidade do treinador que temos para que esses 20 milhões possam render outros 60 num futuro próximo.

Esta é a única politica de sustentabilidade do Benfica, sem grande prejuízo da sua competitividade desportiva. A verdade é que por muito bons jogadores que tenhamos na formação, não tendo resultados desportivos e sem estarmos nas grandes montras do futebol europeu, o valor desses ativos diminui drasticamente. Desinvestir nunca pode ser a solução!

Será que a aposta no Seixal servirá para diminuir a massa salarial, tendo nós já visto que em matéria de compras/vendas, a politica seguida tem dado lucro? Espera-se portanto pagar menos ao Gonçalo Guedes e ao Cancelo do que ao Maxi e ao Rodrigo?

Se é esta a ideia, nada mais errado, pois também os portugueses, ao fim de um bom ano na Luz estarão a pedir para sair ou a exigir ao Benfica um ordenado equivalente àquilo que lhes oferecem lá fora. Também aqui pois, não vejo em como a alteração de filosofia alterará em muito o paradigma financeiro atual.

Ou há algo que me escapa no meio disto tudo, ou andará por aí muita boa gente a lamentar a breve prazo esta excitação toda pelo Benfica Made in Seixal que se anuncia. Inevitavelmente, se esta politica vem para substituir em vez de acrescentar (como parece ser), o resultado só poderá ser um Benfica muito mais fraco desportivamente, e um Benfica fraco desportivamente reduz em muito a sua capacidade de angariação de receitas, com prejuízo obviamente da sua saúde financeira.

Se vem para acrescentar, aqui sim, estou de acordo. Mas também aqui, voltamos ao velho paradigma que muitos não gostam de ouvir, de que no Benfica continuarão a ter de jogar os melhores... E será que num Benfica com os melhores, à semelhança de todos os grandes clubes de topo europeu, haverá alguma escola do mundo capaz de lançar todos os anos 5 Pavones na equipa principal?!



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