Sobre as "teorias da conspiração".

"...o que está a acontecer em Portugal, com a queda do Grupo Espírito Santo e de Ricardo Salgado, as detenções de altos funcionários públicos no caso dos Vistos Gold e a detenção de José Sócrates, não é uma desgraça: é a Grande Clarificação do Regime, a derrocada do Crony Capitalism, o capitalismo lusitano dos favores e do compadrio.

A nós, cidadãos e jornalistas, assiste o direito de fazer perguntas, face a sinais estranhos que alguns políticos insistem em transmitir. 

Face a esses sinais, é legítimo supor." - José Gomes Ferreira in Expresso.

O país andou demasiados anos a ignorar os sinais, porque desde que não lhes fossem aos bolsos(muito) pouco interessava. Um dia a coisa tinha que começar a rebentar. 

Agora muitos fingem a surpresa. Muitos mas nem todos, conforme o texto completo do JGF no Expresso o demonstra.

O país do futebol andou anos a ignorar o que se passava com os árbitros, com o compadrio e favores dos clubes pequenos à empresa que dominava o futebol e ao clube que directamente beneficiava de todos os favores.

Eram teorias da conspiração, não haviam provas, etc, etc. 

Apareceu o Apito Dourado. Pior. Apareceram no Youtube as escutas que deixaram a nu quem era quem no futebol português. De um momento para o outro as provas que supostamente não existiriam eram reais. 

Hoje pedem-nos para acreditarmos que os mesmos que corromperam o futebol durante décadas são agora parceiros credíveis para a salvação do futebol português.

Pedem-nos para ignorarmos que foi à custa do "capitalismo lusitano dos favores e do compadrio" que esta gente conseguiu controlar o futebol português.

Disse o JGF: "Face a esses sinais, é legítimo supor". 

Hoje, face a todas as evidências que o Apito Dourado deixou a descoberto, às ligações que o tempo se encarregou de clarificar entre alguns dos nomes acima e entre o futebol, é mais que legítimo supor. 

É legítimo achar que está em curso mais uma tentativa de controlar o futebol português para beneficiar os mesmos de sempre. Pena é não haver um "Carlos Alexandre" na justiça desportiva.