Joga-se neste momento o campeonato que definirá os próximos anos no que toca aos poderes que decidirão muito do que acontecerá no futebol português.
De um lado o "velho futebol" onde estão todos aqueles que se alimentam da paixão dos portugueses pelo jogo e da clubite aguda para se eternizarem a si e às suas "cortes" de interesses e comissões, movimentando milhões de euros entre Portugal, Suíça e alguns paraísos fiscais muito populares entre os fundos "detidos" por testas de ferro.
Do outro lado...bem, do outro lado não se sabe bem quem está. Ou à boa maneira portuguesa, não estará ninguém com coragem ou frontalidade para assumir uma alternativa credível.
É o que se tem visto no que toca à Liga de Clubes, cujos poderes parecem já tão reduzidos mas que curiosamente têm levantado tanto interesse por parte de tanta gente.
Os "lados" estão bem visíveis e a almoçarada da passada semana clarificou para quem ainda tinha dúvidas.
Os poderes instituídos nos últimos 30 anos cimentaram a sua posição e arregimentaram para o seu lado os fracos de espírito, ansiosos por comerem as migalhas que cairem da mesa do Senhor, e com muita pena minha, o Benfica.
E aí entra o presidente do Benfica.
Uma das grandes críticas que faço a Luis Filipe Vieira é NUNCA se ter assumido como líder na construção de uma alternativa aos poderes que dominam o futebol português.
Tem tido tempo, pois está no Benfica desde 2003(como presidente) e tem tido oportunidades, que preferiu desperdiçar.
O Apito Dourado foi uma oportunidade única para desmantelar o "aparelho" que estava instalado nas estruturas do futebol português. Mesmo com a justiça civil a demonstrar a razão da visita de muitos dos seus "decisores" à tribuna do Dragão, a justiça desportiva devia e podia ter feito muito mais.
Perante tudo o que se passou, o que fez o presidente do Benfica? Aproveitou para, como líder do maior clube português, lançar um caminho de renovação e promover novos nomes para as estruturas do futebol português? Não.
Apoiou um dos nomes chave do FC Porto do Apito Dourado: Fernando Gomes.
Aconteceu na eleição para a Liga de Clubes e repetiu-se na eleição para a FPF. Não há motivo que se possa inventar para justificar tais decisões.
Aliás, nos primeiros 3 anos de Fernando Gomes foram claras as ajudas ao FC Porto dentro de campo a que o Benfica aliou a sua incompetência em gerir as vantagens pontuais Os habituais "tiros nos pés" a que o Benfica nos habituou desde os tempos do pai da seca de títulos do Benfica de seu nome Manuel Damásio.
A que assistimos agora? No primeiro round do assalto à Liga de Clubes, Luis Filpe Vieira apoiou Fernando Seara(o homem de Joaquim Oliveira) nos bastidores e depois roeu a corda quando se apercebeu de que esse apoio tinha sido tornado público pelos seus telefonemas para vários presidentes de clubes.
Na segunda parte do assalto ao poder na Liga, cujo único objectivo é atacar o conseguido pelo Benfica com a Benfica TV e proteger a posição de Joaquim Oliveira, Luis Filipe Vieira deixou já claro pelos seus actos que apoiará o candidato que vai ser indicado pela lista da "unanimidade".
A lista emanada das indicações de Joaquim Oliveira e Pinto da Costa que terá como principal tarefa devolver o poder total a um dos principais financiadores do FC Porto, senão o principal.
Ver o papel subalterno e seguidista do maior clube português, que é sem qualquer dúvida a principal marca comercial do nosso futebol, face aos interesses de quem retirou ao mesmo Benfica milhões de euros do seu valor durante 10 anos de um contrato miserável para os entregar ao clube condenado por corrupção é trágico.
Luis Filipe Vieira falha, por razões que só ele conhecerá, em formar uma alternativa. Em liderá-la.
Prefere, por razões que só ele conhecerá, continuar a "fazer negócio" com os amigos de outrora, alguns deles primeiros responsáveis pelo ódio ao Sport Lisboa e Benfica. Alguns deles mentores das agressões a atletas e adeptos do clube no norte do país. Gente corrupta e corruptora cujos objectivos continuam a ser os mesmos.
Luis Filipe Vieira falha em entender que o FC Porto só procura aliados em Lisboa porque sem os ter está mais que comprovado que não vence. Falha em ser o líder de que o futebol português precisava e que o seu estatuto como presidente do maior clube português o exigia.
Mas a responsabilidade do ressurgimento do sistema não é só de Luis Filipe Vieira. É também do Sporting e do seu presidente, Bruno de Carvalho, que abordarei no post seguinte.
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