NERD DA BOLA: DE ARTUR JORGE A VIEIRA, COMO DESTRUIR UM BENFICA CAMPEÃO
“O Artur Jorge chegou para destruir o Benfica” disse Isaías, no ano passado. O brasileiro que fez sucesso no clube da Luz na primeira metade da década de 90 foi uma das ‘vítimas’ da limpeza que Artur Jorge fez no Benfica quando chegou em 94 para substituir Toni, que acabara de ser campeão. Isaías expressou assim aquela que é a opinião de muitos adeptos, que consideram que o treinador que foi campeão europeu no Porto foi o responsável por ter destruído uma equipa campeã (com a conivência de Manuel Damásio), de tal forma que só 11 anos depois o Benfica voltaria a ser campeão.
Dos principais jogadores da equipa campeã em 1993-94, saíram logo quatro no final da época: Schwarz, Kulkov, Yuran e Aílton. Na época seguinte, saíram Abel Xavier, William, Paneira e Isaías, com Artur Jorge a ser despedido logo à 3.ª jornada. Pouco mais de um ano depois do célebre 4-4 em Leverkusen, já tinham saído 8 jogadores que entraram de início pelo Benfica nesse dia. Sobravam apenas Neno, Hélder e João Vieira Pinto.
Esse terrível cenário está agora prestes a repetir-se. Este ano, a confirmarem-se as saídas de Enzo e Gaitán, o Benfica terá perdido, no espaço de sete meses, Oblak, Siqueira, Garay, Matic, Enzo, Gaitán, Markovic e Rodrigo. Oito jogadores que certamente seriam incluídos pela maioria dos adeptos num onze ideal do Benfica 2013-14! Este Benfica terá sofrido, então , tantas baixas como as que Artur Jorge causou em duas épocas e com outra importante diferença: é que, naquela época, o Benfica conseguiu reforços importantes.
Para a baliza chegou um tal de Michel Preud’homme; para substituir Schwarz chegou Dimas; para o lugar de Kulkov veio Paulo Bento e para substituir Aílton no ataque chegou Caniggia. Houve, portanto, muitas saídas, mas também houve boas entradas (ainda que Nelo e Tavares não estivessem claramente à altura de substituir Rui Costa e Yuran), o que ainda se está para ver esta temporada.
Já sabíamos que o Benfica tem todos os anos de vender alguns dos seus principais jogadores (apesar de, em agosto do ano passado, Luís Filipe Vieira ter dito, em entrevista à Benfica TV, que “este é o último ano em que vamos precisar de vender jogadores”), mas, por época, eram vendidas apenas 2 ou 3 estrelas do plantel.
Depois do primeiro título de Jorge Jesus, foram vendidos Ramires, Dí Maria e David Luiz (este só em janeiro); na época seguinte saíram Coentrão e Salvio (que estava emprestado pelo Atlético de Madrid); em 2012-13 saíram Javi Garcia e Witsel e, na época passada, o Benfica resistiu às grandes vendas no verão, perdendo apenas Matic em janeiro. Foram 8 saídas importantes em 4 épocas. Este verão já vai em 5 saídas, sendo provável que passem a 7.
Dos 11 jogadores com mais minutos de utilização na equipa principal do Benfica da época passada sobram apenas Luisão, Maxi, Lima e Artur, curiosamente todos já acima dos 30 anos. Basicamente, só ficaram os jogadores que renderiam menos dinheiro aos cofres da Luz. O desmantelamento da equipa campeã que foi feito há 20 anos, está agora a repetir-se de forma ainda mais evidente.
De resto, Manuel Damásio já veio a público dizer que “o Benfica está a fazer o trabalho que tem de ser feito” e que “olhando para os tempos que se vivem hoje e depois de uma época em que ganhámos quase tudo, qual é o gestor que não aproveita estes momentos para vender?”
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