"O treinador do Benfica está finalmente a entregar os méritos da época passada a Vieira.
Óscar Cardozo esteve sete anos no Benfica. Nesse tempo, rodaram no FC Porto quatro pontas de lança titulares: Lisandro, Falcao, Kléber e Jackson Martínez. Durante a vigência do central Luisão, em cujos largos ombros Jorge Jesus quer (e pode) agora pousar a crise, pelo Dragão passaram Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Pedro Emanuel, Pepe, Bruno Alves, Rolando, Maicon, Otamendi e Mangala, para citar apenas os que assentaram no onze. Nenhum veio do Real Madrid.
Durante as cinco épocas de Jesus, o Benfica contratou jogadores do Real e do Atlético de Madrid, do Chelsea, do Ajax, do Barcelona e promessas farejadas por todos os tubarões, como Markovic. Em 2013/14, em vez de vender a superequipa que montara um ano antes, Luís Filipe Vieira reforçou-a, naquele que talvez tenha sido o maior esforço financeiro jamais feito por um clube em Portugal. Os méritos de Jesus são incontestáveis, mas também é incontestável que lhe deram condições que mais ninguém teve, e nem seria preciso falar em reforços: manter jogadores como Cardozo e Luisão tantas épocas é uma anomalia muito vantajosa.
O que Jorge Jesus disse, na conferência de Londres, depois de perder com o Valência, foi que o mérito deve ser dado todo aos milhões gastos por Vieira, porque com Josués, Licás e Ghilas (ou Carrillos, Wilsons Eduardos e Slimanis) ele faz tanto como os outros." - O Jogo.
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Talvez Jorge Jesus saiba o que fazer com os jogadores que tem nas mãos, mas é seguro que não sabe o que dizer.
O treinador do Benfica começou por afirmar que só trabalho não dava, era necessária qualidade.
Saiu daí para um politicamente correto não se assustem (quando já havia muita gente de facto assustada).
Antes do jogo com o Arsenal prometeu que em Londres já se veria um Benfica próximo do que tem de ser.
Depois de ser goleado por Wenger, num dos torneios mais prestigiados do defeso, pediu que não ligassem. Afinal, disse, faltava ali muita gente, o Benfica não era aquilo.
O discurso de Jesus é penoso, mas mesmo assim melhor do que o Luís Filipe Vieira, que tem passado o Verão escondido, incapaz de explicar aos sócios o que se passa. Talvez porque não saiba, provavelmente porque não pode.
Sem presidente à vista, os benfiquistas têm sido confrontados com três tipos de notícias:
1. Jogadores importantes que saem
2. Jogadores importantes que podem sair
3. Jogadores que não seriam titulares na época passada mas agora terão de jogar porque não há outros
Este sábado houve uma originalidade, para mim sinal de evidente desnorte: Djavan, contratado esta época à Académica, foi apresentado em Braga, onde assinou por quatro épocas. Isto é absurdo.
Voltando a Jesus, creio que ele tem razão em algumas coisas e nenhuma em outras.
Concordo com o treinador do Benfica quando lembra as ausências de Luisão e Enzo. É evidente que o regresso de ambos fará crescer a equipa. O problema é saber se o argentino fica mesmo e se o brasileiro será capaz de durar toda a temporada.
Também percebo quando lamenta a ausência de Jardel. Por outro lado, é um mau sinal quando o treinador já lamenta não ter um central que na época passada estava tão distante dos dois titulares.
Já não posso concordar com tudo o resto.
Ao contrário do que afirmou, estes são os jogadores que existem. Os centrais serão outros, sim, e haverá Enzo. E é tudo. Os restantes serão os que Jesus tem treinado. Maxi na direita, Benito ou Eliseu na esquerda. Ruben como número «6», mais tarde Fejsa. Depois Salvio e Gaitan. Ola John, quem sabe. Talvez Derley, ou Candeias, ou Bebé.
Estes foram os jogadores que Jesus escolheu. Vou escrever outra vez: estes jogadores foram escolhidos pelo treinador e contratados pelo clube. Alguns chegaram agora, outros já por lá andam há anos.
Talvez esta seja uma boa altura para lembrar que Jara, por exemplo, custou 5,5 milhões de euros . Foi adquirido em 2010, com 21 anos. Nunca teve utilidade conhecida. Quem se responsabiliza por isto?
Sidnei, um dos centrais que Jesus responsabilizou pela derrocada, foi contratado ainda no tempo de Quique Flores. Mas já com este presidente, claro. Por metade do passe, o Benfica pagou cinco milhões de euros. Foi em 2008, no Verão. Uns meses depois, os encarnados aceitaram pagar dois milhões à Gestifute de Jorge Mendes. Ao mesmo tempo venderam dez por cento do passe de Di Maria por um milhão. Olhado daqui não parece o mais genial dos negócios.
E no entanto, o Benfica esta época trouxe mais três brasileiros sem experiência, no mesmo estilo a ver se dá: Talisca, Luis Felipe (um lateral direito, a sério?!) e César (um central, depois de na época passada ter contratado Lisandro Lopez...). Que tipo de gestão é esta?
Sem parceiro para Lima, Jesus ignora Nelson Oliveira. No ano passado ainda reparou em Bernardo Silva, agora coloca-o longe, na bancada. Ou seja, mais coisa mesmo coisa, até ver o plantel é este. É pouco inteligente diminuí-lo quando não há outro.
Como lembrava esta tarde o comentador da TVI24 Rui Pedro Braz, o Benfica pode não ter investido muito no plantel desta época, mas nem por isso ele é barato. Se jogadores que custaram mais de cinco milhões de euros afinal não servem, é altura de alguém se responsabilizar.
Tudo somado, a goleada perante o Arsenal reforçou o que já pensava: o Benfica precisa mesmo de manter Enzo e Gaitan, o que é um péssimo sinal. Quando uma equipa está assim tão dependente de um ou dois jogadores, essa equipa está frágil.
Seja como for, se puder contar com os argentinos e recuperar Luisão o mais depressa possível, Jesus comprará tempo que pode ser essencial. Caso contrário, os benfiquistas que se agarrem. Vai ser duro.
NOTA: Jesus também não está a ajudar, neste início de época. Trouxe Eliseu para ser lateral esquerdo, coisa que o português já não é há anos. Contratou Bebé para a ala quando o antigo jogador do Manchester United só pode render na frente, com Lima, solto." - Maisfutebol.
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