São alguns anos a escrever neste blogue, por desporto como costumo dizer. Não sou (nunca fui) de cirandar por blogues, este será mesmo um dos raros casos que deixou um “bichinho” em mim, porque mesmo quando passo temporadas sem escrever nunca deixo de cá vir ver aquilo que outros vão escrevendo e comentando.
Desde cedo percebi que este era um espaço diferente. O seu sucesso prova-o. É diferente porque aqui nunca deixámos o amor pelo nosso clube tolher-nos o raciocínio nem o espírito crítico. Às vezes parece o mensageiro do céu, outras o mensageiro da desgraça. E pelos vistos a fórmula é boa, pois nem os maiores críticos conseguem deixar de cá vir.
É como aqueles pais que olham para os filhos como se sejam sempre os melhores em tudo, uns amores de pessoas e sem ponta de maldade. Eu posso falar porque já sou pai, e felizmente soube manter nesta nova etapa da minha vida a lucidez para perceber que apesar do meu incondicional amor, os meus filhos são apenas crianças como todas as outras, com virtudes e defeitos, alturas em que merecem elogios e outras em que têm de experimentar o outro lado da moeda.
E é assim também com o Benfica. São já bastantes anos a fazer parte deste espaço, centenas de páginas escritas, umas vezes mais apreciados pelos leitores, outras menos, com mais elogios ou mais críticas, mas sempre a verdade (a minha verdade) e espírito crítico.
Uma das coisas que de vez em quando me faz rir, é aquela crítica do “ir para onde sopra o vento”, porque às vezes se escreve a dizer bem do Vieira ou do Jorge Jesus, e outras é desancar neles da primeira à última linha.
Eu devo dizer que também é exatamente assim que lido com os meus filhos, e que faço um esforço por os elogiar sempre que merecem, porque essa é a melhor forma que tenho de os fazer aceitar as criticas que certos comportamentos também justificam. É importante que eles saibam que um ralhete ou um castigo (e fico-me por aqui porque fisicamente recuso-me a puni-los), não põe de maneira nenhuma em causa o meu amor por eles e é apenas resultado da minha tentativa (às vezes errada) de os proteger.
E eu acho que é assim que deve ser. Acho que saber dizer bem e saber dizer mal é sinónimo de credibilidade, isenção e de falta de agendas. E por isso, nestas coisas do sucesso deste blogue, das relações de amor-ódio que este blogue despoleta, constato que são bem poucos aqueles que por aqui vão comentando que sejam capazes de tomar posições partindo de uma posição de imparcialidade.
Quero com isto dizer que leio mas desconfio. Desconfio daqueles que desde cedo optaram por um sempre “sim” ou um sempre “não”, independentemente dos milhares de temas que este blogue traz à baila. Há gente aqui (muita gente mesmo) que se está absolutamente marimbando para o que lê. O que importa, antes de olhar para as questões de forma objetiva, é tomar imediatamente partido e colocar-se do lado dos que estão sempre (mas mesmo SEMPRE) do lado da Direção, treinador ou tudo o que vista de encarnado, ou do lado dos que estão sempre (mas mesmo SEMPRE) contra tudo o que no Benfica se faz, mesmo quando as vitórias nos sorriem.
E a isto meus amigos, eu não chamo de espírito crítico. Eu chamo de cegueira clubística, ter duas palas nos olhos ou um disco rígido com um vírus dos grandes, formatado apenas para defender ou para atacar, nada mais.
Ai Jesus se certos leitores se juntem ao tom de criticas que às vezes certos assuntos do nosso clube justificam! Ai Jesus que a gente não pode dizer mal, porque a malta tem é de apoiar, e olhem lá a merda que é se o Vieira ou o Jesus ou Cardozo vem aqui ler aquilo que algumas pessoas que nem assinam pelo nome escrevem, e depois o moral fica em baixo e a equipa farta-se de perder jogos! Esta é gente que num blogue não aceita uma critica mas depois vai ao estádio e assobia!
A verdade meus caros, e peço desculpa aos mais sensíveis, é que hoje apetece-me dizer mal, esperando eu que amanhã já tenha motivos para dizer bem. E ainda bem que assim é porque dizer bem ou dizer mal vai depender sempre do assunto de que decida falar.
Mas hoje apetece-me mesmo dizer mal, como infelizmente vem acontecendo em quase todas as pré-épocas nas quais vejo borradas começarem a ser feitas desde cedo. Há dois anos era ver o Witsel e o Javi a partirem no último dia do mercado, assim uma espécie de “Desermerda-te ó Jesus!” Há um ano era o Cortês a espalhar magia nos relvados portugueses, o folhetim Cardozo que não deixava JJ saber com o que contava nem quem mandava no Benfica, era ver três defesas centrais contratados para nenhum sair, a meia perna do Pizzi trocada pelo Roberto inteiro ou o Fariña a ir evoluir para o Qatar...
E este ano, pois... É isso... Desde janeiro até Julho já saiu Matic, Rodrigo, André Gomes, Markovic, Garay, Oblak,... E o Enzo e o Gaitan já poucos acreditem que fiquem.
O JJ já fez saber que só trabalho não chega e que também é preciso qualidade, os adeptos há muito perceberam que quem entrou não chega com estatuto para substituir os que saíram, e outros, claro, lá estão esperançados que uns pesos pesados cheguem em breve para animar a malta ou que o treinador opere mais um milagre tático!
O Sporting sem grande alarido assume um projeto de continuidade e de melhoria; o FCP reforça-se a tempo e horas com gente com estatuto, e o JJ lá anda, à espera da artilharia pesada, que talvez chegue lá para a última semana do mercado (depois do alarme soar após perder dois ou três jogos – foi também assim que Siqueira chegou), indo pois, e mais uma vez, trabalhar as rotinas da equipa com a época em andamento, e é mais uma pré-época desperdiçada e começar bem cedo a correr atrás do prejuízo!
Querem pois que escreva a dizer bem com as coisas que vou vendo? Querem que a mensagem seja de euforia ou de esperança? Hoje desculpem mas não dá... Aquele Benfica de Domingo fez-me lembrar tempos antigos... Um Benfica banal, com vontade mas sem arte, um Benfica bem longe de estar à altura da responsabilidade da nova época, um Benfica cemitério de treinadores quando todos percebem que eles serão as vítimas e nunca os maiores culpados.
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