Portugal 9 de Maio de 2014
E vai uma... Taça para o Museu Cosme Damião, na que foi a 1ª de 3 finais que arduamente conquistamos o direito a estar presentes. Apesar de, em termos de importância relativa, esta Taça da Liga ser a 4ª (1º campeonato, 2º Liga Europa, 3º Taça de Portugal) parece-me importante registar algumas observações.
A primeira é que a nossa equipa entrou mal no jogo, ou em alternativa, o Rio Ave entrou muito bem. Como em quase tudo na vida, a verdade deverá estar no meio e o Benfica não entrou bem porque nos últimos tempos existiu muito desgaste mental associado a diminuição de concentração (por final do campeonato, eliminação da Juventus, festa de homenagem, etc.), e o Rio Ave entrou bem porque são conhecedores do desgaste do Benfica e tentaram tirar partido disso na parte inicial do jogo, aquela onde é mais fácil apanhar a nossa equipa “distraída”.
Felizmente temos um guarda-redes seguríssimo e a estratégia do Rio Ave não funcionou. Contudo ficou o aviso...
Parece-me pacifico reconhecer que o nível de jogo do Benfica subiu ao longo dos 90 mn, o que para mim em particular foi um alivio por verificar que a equipa continua a saber marcar golos, não se limitando a gerir empates de 0-0, que sendo muito bons no contexto da eliminação do FCP da Taça da Liga e da Juventus da Liga Europa, não servem para as vitórias que desejamos nas 3 finais (agora duas). Porque para ganhar as Taças temos de marcar golos. E não estávamos a marcar!
Jorge Jesus abordou o jogo com a que considera ser a sua melhor equipa em face do 4-4-2 losango que sistematicamente utiliza, e foi bem sucedido mas apenas no que toca ao resultado. Ficou-me mais uma vez a ideia que a velocidade de Lima e Rodrigo não resultam quando a nossa equipa, por força da movimentação ofensiva, empurra o adversário para o último terço de terreno, deixando toda a gente à espera que se invente uma linha de passe. Nesse cenário, a velocidade não serve para nada e como se viu, o 1º golo nasceu de um ressalto que foi parar aos pés de Rodrigo, e noutro, um erro do guarda-redes adversário ajudou em mais de meio golo. Velocidade nas jogadas dos golos? Não existiu e quando existiu, falhamos sempre.
Claro que se fosse Cardozo a falhar alguns golos simples como vimos, teríamos de escutar os protestos dos adeptos e teríamos de ler os blogues dos “habituées” a pedirem a venda de Cardozo. Como são outros, parece estar tudo bem. Mas não está. Se queremos ganhar as duas taças que faltam, e se queremos apostar na velocidade de Lima e Rodrigo, então temos de criar dinâmicas de jogo que permitam corrida aos nossos avançados. Neste caso, a presença de um 6 “puro”, um 6 que não sobe muito no terreno é fundamental. Porque com o seu posicionamento puxa a equipa para trás, o que permite a realização de transições rápidas aproveitando o encaixe do adversário no nosso figurino de jogo.
Se contudo apostamos num meio campo mais pressionante (Enzo+Ruben, Enzo + André Gomes), então temos de jogar com 1 avançado posicional na área, e o único que temos e realiza bem esse papel, mesmo quando não marca golos, é Cardozo. Viu-se a sua utilidade no jogo com o Setúbal no golo do André Gomes.
Contudo, isto são conjecturas de um simples observador que dá a maior importância à estrutura da equipa, mas que de tácticas apenas percebe o que vê e consegue relacionar com resultados.
O lado positivo da final da Taça da Liga, para além da vitória sempre motivadora para o jogo seguinte, é que me pareceu que a equipa se re-encontrou com os padrões de rigor e entrega que estavam um pouco arredios com tanta festa e homenagem. Pareceu-me ver uma equipa a funcionar como um bloco, pareceu-me ver jogadores a re-encontrarem-se com as jogadas de golo (em particular na 2ª parte, quando o Rio Ave subiu as linhas para tentar o empate)... em suma, pareceu-me ver uma verdadeira equipa campeã...
Assim sendo, e a manter-se este espírito, estão reunidas as condições para fazermos um bom jogo na Final da Liga Europa. E penso que todos estaremos de acordo que ganhando a Liga Europa, a Taça de Portugal também não nos escapará, com todo o respeito que o Rio Ave nos merece.
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