E refiro-me aos finais de campeonato, às finais de competições, a todos os momentos decisivos.
É indiscutível, como diz hoje o Manuel Sérgio no Record, que Jesus trouxe ao Benfica uma cultura de vitoria que começou a ser destruída com Artur Jorge e não mais parou até Camacho... Porém, é também indiscutível que Jesus não trouxe a cultura de conquista e isso está bem presente na forma como, até este ano (e já lá vamos ao motivo pelo qual faço esta ressalva), o SLBenfica invariavelmente falhou em praticamente todos os momentos decisivos das competições e ao longo delas...
Nos últimos dois campeonatos nacionais o Benfica esteve sempre na frente na viragem do ano (ou perto dessa altura), ou seja, nas duas épocas de Vítor Pereira e nesta temporada, o SLBenfica terminou sempre a primeira volta (ou mais ou menos por aí) na liderança. O mesmo se passou na Champions, onde os resultados nunca conseguiram paralelo com o futebol que a equipa jogava no campeonato e já sabemos que cada jogo na Champions é, em si mesmo, um momento decisivo. Para a Taça estivemos na frente de uma eliminatória com o FCPorto há dois anos e permitimos a reviravolta na Luz e em sentido inverso estivemos na frente na meia final com o Braga e permitimos a reviravolta em Braga.
Ou seja, são estes pequenos pormenores - que a está distância parecem hoje impensáveis como não conseguimos sair vitoriosos destes momentos - que afastam Jesus de este ano estar a coroar-se tri-campeão nacional e na rota para a terceira final europeia e a conquista de duas taças de Portugal. Um palmares de treinador brilhante, convenhamos...
"Foi azar!" Dizem os seus mais fiéis defensores...
Não não foi... Foi sim deslumbramento. Foi Jesus a projectar-se nas conquistas sem pensar que só o são depois de completadas. Foi o "eu, eu, eu" que Jesus tanto usou até esta temporada.
Reparem que poderia estar aqui hoje a falar do treinador tri-campeão nacional esta época e quatro vezes em cinco anos. À BENFICA, porra! Estou a falar da dimensão que nos poderia, LEGITIMAMENTE, levado aos títulos de grande escala.
Mas não estamos... Estamos a falar da mesma pessoa, com as mesmas competências de fantástico treinador, mas que apenas conseguiu vencer (à justa) no ano de estreia e não mais conquistou nada de destaque (perdoem-me os que chamam títulos de dimensão à Taça da Liga).
Este ano não temos, porém, o Jesus dos outros anos anteriores. Temos um Jesus mais "adulto", a comportar-se menos com uma criança numa loja de brinquedos com os pais e que tudo quer... E nada leva. Pelo contrario temos um Jesus a comportar-se como uma criança que vai com os pais de um amigo à loja e faz cerimonia e tem receio de pedir e joga pelo seguro para não o interpretarem mal, que prefere apenas um brinquedo que os pais lhe darão porque é o que ele mais gosta e mesmo que os pais do amigo lhe queiram oferecer o outro, ele faz cerimonia.
É perfeitamente legítimo... Jesus é hoje um melhor treinador que foi no ano passado e nos anteriores e está hoje bem mais perto de grandes conquistas. Vai ser campeão, com distinção, esta temporada, e tão cedo quanto conseguir esse título, poderá ambicionar a Liga Europa, porque Jesus está cauteloso. A cautela típica de quem sente as marcas do passado...
A questão que se coloca é: Então agora que Jesus parece ter melhorado o que o afastava das grandes conquistas (ou melhor, parte disso), é que se vai embora ou o mandam embora?
Para responder à questão acima, é fundamental perceber duas coisas:
- qual o efeito, em Jesus, no Benfica e nos adeptos, de quatro anos de Jesus irracional?
- qual o efeito, em Jesus, no Benfica e nos adeptos, de um ano de Jesus mais maduro?
Que efeito será mais forte e que efeito ditará o o futuro? Veremos...
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