Assistia eu no outro dia ao Bayern Munique VS Arsenal da segunda volta da eliminatória da Liga dos Campeões, jogo em que o Arsenal tinha de recuperar de uma derrota de 2-0 sofrida em Londres, quando Roy Keane, um dos comentadores da partida, disse o seguinte quando assistia à entrada das equipas no campo:
“Isto já começa mal e não anuncia nada de bom para o Arsenal.” E a que se referia Roy Keane? Ao facto de Ozil entrar em campo em amena cavaqueira com os Alemães que iria defrontar!
E ainda disse o seguinte: “Eu não percebo estes futebol e estes jogadores de hoje, em que toda a gente é amiga de toda a gente, parecem que estão ali a jogar uma partidinha no bairro!” “No meu tempo, naqueles 90 minutos não havia amizades, era mesmo uma guerra, e especialmente nos grandes jogos eu preparava-me fisica e mentalmente toda a semana, porque sabia que tinha de estar a 100% se grande parte do sucesso da minha equipa dependia de eu ser capaz de ganhar os duelos individuais que iria ter com as grandes figuras da equipa adversária.”
De facto, o futebol de hoje é diferente, com rivalidades muito menos exacerbadas, pelo menos dentro do campo. Mudou a mentalidade dos intervenientes? Talvez. E eu diria que mudou por duas razões. A primeira é que o que manda é o dinheiro, e os jogadores trocam de clube frequentemente e nunca chegam a sentir uma camisola verdadeiramente. A segunda é a televisão, com 20 cameras no terreno de jogo que apanham todo e qualquer movimento mais suspeito.
A solução é pois cumprir as regras, e respeitar a ética e as boas maneiras. Vivemos na era em que os jogadores tapam a boca quando falam no terreno do jogo, não vá o especialista de ler os lábios adivinhar toda a verrobeia que debitam uns aos outros.
Hoje vivemos pois a era dos (falsos) bons rapazes...
Mas, Jorge Jesus não é deste tempo. Jorge Jesus é produto de outros futebóis, de uma geração em que apenas dois ou três ainda treinam a alto nível e o resto entrou em vias de extinção. Jorge Jesus ainda é do tempo em que se um jogador se lesiona não se atira a bola para fora para entrar a maca. Jorge Jesus é do tempo em que o lema de “morrer em campo” ainda era uma verdade seguida à risca.
Jorge Jesus é aquilo que é, com as suas virtudes e defeitos. Não está no futebol seguramente para fazer amigos, nem para agradar a A ou B. Quem quer usufruir das suas virtudes, leva também com os defeitos no mesmo pacote! Tem vaidade, arrogância e mau feitio, dirão alguns. Mas também tem o génio que poucos têm, e se calhar, à semelhança de outros treinadores desta praça, como Mourinho ou Brian Clough por exemplo, será difícil explicar o génio sem perceber os defeitos.
Incrível as barbaridades que se escreveram sobre a performance de Jorge Jesus em White Hart Lane, prova provada que o facto de se gostar ou não da pessoa em questão, nos faz pegar no caso por diferentes prismas.
O que vi eu? Vi Jorge Jesus mostrar os 3 dedos ao treinador adversário e virar-se para o seu banco outra vez, até que o inglês veio ter com ele a pedir satisfações. Vi Jorge Jesus falar com Sherwood, nunca o vi alterado, até aparecer o pelotão de fuzilamento com Shéu, Rui Costa e Raul José para tentar apagar um fogo que nem tinha começado.
E que fez Jorge Jesus? Sentiu-se insultado, claro que está, como um menino traquina a quem os pais tentam disciplinar em público, e pediu a todos para se afastarem, que ele era bem capaz de lidar sozinho com a situação. Para mais num jogo de Liga Europa, televisionado para todo o mundo, não ia ser ali que Jorge Jesus ia deixar o mundo assistir à sua autoridade ser posta em causa.
Nem Jorge Jesus, nem Mourinho, nem nenhum outro treinador de renome aceitaria uma coisa daquelas, a não ser que – e isso nunca aconteceu – a discussão entre os dois treinadores já tivesse tomado outros contornos. A verdade é que não aconteceu nada no terreno de jogo que justificasse a entrada em cena de Shéu, Rui Costa e Raul José. E disto ninguém fala porque a campanha passa por passar a ideia de que foi Jorge Jesus quem prevaricou uma vez mais.
Infelizmente pois, receio bem que alguns só lhe vão reconhecer o génio quando sentirem a sua falta. Claro, qual génio dirão alguns? Um título em 4 anos e o blá, blá, blá do costume.
É gente pois que já esqueceu o lugar de onde viemos, de tempos em que acabávamos sempre em terceiro a 20 pontos do primeiro e em que qualquer Halmstad nos punha fora das competições europeias.
Há gente que não percebe que foi com Jorge Jesus que recuperámos (ou estamos em vias de recuperar) o estatuto de melhor equipa do futebol português, estatuto que não cheiramos vai para mais de 30 anos.
Que foi com Jorge Jesus que o bom futebol voltou à Luz e a ilusão de que podemos ganhar em qualquer campo.
Que foi com Jorge Jesus que as vendas milionárias se atropelaram umas às outras e que serviram para atenuar as ainda assim dificílimas finanças do clube.
Mas isso não interessa para nada, claro está, pelo menos para já... Interessará sim daqui a uns tempos, quando um qualquer Marco Silva mostrar que não é de facto a última bolacha do pacote que alguns adivinharam, e o profeta dos mil defeitos já estiver a brilhar em outro lado.
E para aqueles que insistiram em fazer uma tempestade num copo de água, e passar a ideia de que em Inglaterra não se falou de outra coisa durante toda a semana, fica apenas uma certeza: Não sabem do que falam, nem da forma como o futebol é vivido por estes lados.
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