Assistia eu ao jogo de ontem, ao banho de bola que o Benfica deu aos seus maiores rivais de sempre, ao falhanço escandaloso do Gaitan, aos dois ou três golos quase certos que Rodrigo falhou, e dizia para mim: “Porra! Não há treinador que resista a tanto desperdício!”
E o meu receio era mesmo esse, que o Sporting acabasse por empatar o jogo num lance casual, num erro individual, e que aqui estivéssemos hoje a criticar Jorge Jesus, porque meteu o Cardozo e tirou o Lima, ou porque meteu o Maxi em vez do André Almeida, ou porque o Gaitan marcou um penalty em vez do Luisão, enfim, criticas legítimas da ciência da bola, e na qual todos somos os maiores peritos.
O Sporting foi de facto massacrado, um massacre de uma dimensão que há muito não via. E os Sportinguistas poderão sempre dizer que sentiram em demasia a falta de William de Carvalho, e que com ele, se calhar a luta do meio campo teria sido diferente.
Mas neste mundo do futebolês e das desculpas fáceis, se calhar muitos não perceberam (até porque o Benfica jogou exatamente da mesma maneira), mas ao Benfica, exatamente na mesma posição, faltou também um dos melhores médios defensivos do mundo atual – Matic - , mais um que saiu jogador feito do nosso clube para ir agora para uma das equipas mais ricas do mundo!
E o melhor elogio que posso fazer a este Benfica de Jorge Jesus é mesmo esse: É que não se notou a ausência de Matic. Este Benfica tem claramente um modelo de jogo consolidado, em que os jogadores sabem exatamente o que fazer dentro do campo, em que a qualidade individual dos jogadores pode fazer obviamente a diferença, mas a verdade é que também, na maioria das vezes, o coletivo acaba por ser muitas vezes superior à soma das partes!
E por isso gostei quando ontem na conferência de imprensa, depois de uma pergunta sobre a possível saída de Garay, Jorge Jesus respondeu que se o Argentino sair entra outro, que tudo estará bem desde que continuemos a jogar com 11. O mesmo quando lhe perguntaram sobre Fejsa, ao qual JJ respondeu que agora tinha um novo Matic.
E por muitas coisas que não goste na personalidade de Jorge Jesus (aquela que me é dada a conhecer pela sua imagem no mundo desportivo, obviamente), nomeadamente a fanfarronice, um ego do tamanho do mundo, alguma incapacidade em responder a perguntas incómodas com tiros certeiros ao coração dos adeptos em vez de fazer imediatamente a defesa acérrima dos seus méritos mesmo quando não tem, se calhar até a inabilidade em dominar o português corretamente, o que o leva a dizer muitas vezes coisas bem diferentes das que queria dizer, a verdade é que com Jorge Jesus, não há desculpas com a perda permanente dos seus melhores talentos, e a equipa raramente sofre grandes oscilações de forma.
Foi assim ontem com a saída de Matic, foi assim o ano passado quando teve de lidar com o assassínio a sangue frio de Luís Filipe Vieira ao plantel, quando já com o campeonato a decorrer vendeu Witsel e Javi, e Jorge Jesus teve de inventar à pressa um novo meio campo com Matic e com Enzo, e ainda assim fazer uma época que acabou em lágrimas mas que esteve muito perto de ser brilhante.
Estes pois vão sendo testes que Jorge Jesus vai superando um a um, o teste da perda permanente dos seus melhores talentos, mas testes importantes que vão sendo importantes para cimentar a sua posição de bom treinador, numa altura em que o seu estatuto estaria até algo frágil no coração de muitos adeptos.
Como sabem, sempre fui neste blog um defensor acérrimo das capacidades de Jorge Jesus dentro do campo, e quando digo dentro do campo é porque há traços da sua personalidade que me repudiam veementemente e que acabam por minar tudo o que de bom faz , e que me fazem obviamente ter muito mais dificuldade em desculpar-lhe uma ou outra derrota que possa também ter tido influência sua. Aliás, é difícil desculpar alguém que nunca vê nenhuma falha em si próprio.
Ao mesmo tempo também, e apesar de ser admirador dos seus méritos, achei no princípio desta época, que a saída do treinador seria provavelmente a melhor solução, porque achei – e a época que temos feito tem-no provado – que a equipa iria carregar durante muito tempo um estigma psicológico grande em face daquilo que foi o final trágico da época passada, e que a iria impedir de mostrar o futebol e a alegria que foi apanágio das equipas de Jorge Jesus durante a grande maioria dos últimos 4 anos. Aliás, não houvesse este ano um FCP tão fraco, e os nossos horizontes seriam seguramente bem mais negros neste momento.
Chegados a esta fase porém, e depois da brilhante vitória no jogo de ontem, jamais os estigmas psicológicos poderão voltar a servir de desculpas para jogos menos conseguidos. 4 pontos de vantagem sobre o FCP e 5 sobre o Sporting, juntando a duas vitórias claras em confrontos diretos sobre os seus rivais no último mês, têm forçosamente de devolver a confiança a todos e voltar a fazer os jogadores acreditar que mais uma vez poderemos estar em condições de lutar por todas as competições até ao final, e desta vez ganhá-las.
Num cariz pessoal, excluiria destas ambições a Liga Europa, competição para a qual escolheria quase sempre jogadores mais frescos e com menos jogos, e na qual iria apenas até onde desse para ir, sem grandes dramas. Menos do que jogar a final da Liga Europa, não dá prestígio a ninguém! As grandes armas têm de estar nas três competições que queremos ganhar dentro de portas, e de facto, especialmente no centro do terreno, não temos margem de manobra para grandes devaneios, nem sei como seríamos de momento capazes de sobreviver por exemplo à ausência do jogador fantástico que é Enzo Pérez.
Acabando como comecei, dei ontem por mim a pensar que dificilmente um treinador resiste a tanto desperdício, a lembrar-me do desperdício no jogo que via e do jogo da Grécia, a lembrar-me das falhas de Artur nos jogos contra o FCP a época passada, a imaginar o que seria o Benfica de Jorge Jesus hoje com Ramirez, Di Maria, David Luís, Witsel, Matic, Coentrão ou Javi Garcia, e a dizer para os meus botões:
Porra! Este homem tem defeitos e também falha, mas é um grande treinador!!
Aliás, não é por acaso que o Special One, só da Luz já levou três jogadores pagos a peso de ouro. Será por saber que das mãos de Jorge Jesus saem sempre jogadores taticamente evoluídos, com a clara noção do que fazer dentro do campo?
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