O futuro pertence-lhes. Mas será entre nós?

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Wednesday, February 26, 2014

O futuro pertence-lhes. Mas será entre nós?

Há aquela teoria que diz que nos escalões de formação, o importante não é ganhar, mas sim formar jogadores.

Concordo com esta teoria em parte. Formar jogadores é, claro, fundamental. Mas ganhar também é muito importante.

E se ganhar foi importante por exemplo em 1989 e 1991 para duas gerações de jogadores portugueses que viram um sem número de portas serem-lhes abertas depois da conquista de dois mundiais de sub-20, também hoje, e hoje mais do que nunca, ganhar é de facto imprescindível!

De salientar que em 1989 e 1991 não havia Lei Bosman, sendo que, fruto da limitação de estrangeiros por equipa, a ascensão do bom jogador português estava de certa forma facilitada, em tempos em que chegar a um grande clube português era quase o máximo que os jogadores portugueses poderiam alcançar. Hoje, como sabemos, os sonhos são outros e não têm fronteiras!

Basta lembrar João Vieira Pinto, que andou a pastar pelo Atlético Madrileno, porque as vagas de estrangeiros do Atlético A estavam preenchidas por Paulo Futre, Donato e Schuster. Se fosse hoje, João Pinto não teria sido muito provavelmente o nosso menino de ouro.

Nos tempos de hoje porém, fruto do mercado global, no Benfica e nos outros clubes jogam os melhores, independentemente das nacionalidades. Essa é a realidade e não há como fugir a isso. Ter um bom defesa central português no Benfica B é muito bom e pode ser um bom prenúncio, mas se houver um central paraguaio que é melhor que o nosso da B, eu sou apologista que se tente contratar o paraguaio para a nossa equipa A. No Benfica, os melhores, comigo há-de ser sempre assim.

E é por ser assim nos dias de hoje, não só no Benfica mas em quase todos os grandes clubes europeus, que ganhar, mesmo nos escalões jovens, é de facto fundamental. Fundamental, porque ganhar abre portas, e porque nos permite acreditar que se ganhamos, é porque se calhar temos cá dentro os melhores jogadores, melhores do que aqueles que andamos a pensar em contratar lá fora. E acreditar, nestas coisas, já é meio caminho andado para que as coisas corram bem e se mudem mentalidades.

E isto para realçar a grande vitória do Benfica Sub 19 na UEFA Youth League no dia de hoje sobre um grande Áustria de Viena, e a passagem aos quartos de final da competição. Uma exibição de classe, de garra, de querer, com 4 golos na segunda parte, quando, ao intervalo perdíamos por 1-0. 7 jogos na competição, 5 vitórias, 2 empates, 19 golos marcados! Brilhante!

É isso garante de um futuro de sucesso para estes jogadores? Claro que não. Terão na mesma de provar serem melhores que os paraguaios, que os sérvios, que os brasileiros, melhores que os do mundo inteiro, se querem jogar nas melhores equipas. Mas ajuda. Queima etapas no seu desenvolvimento, traz visibilidade, crença, oportunidades, estampa de campeão, um ambiente positivo à sua volta. Permite-lhes iniciar a sua carreira profissional um bocadinho à frente dos outros.

Indiscutível também que o Benfica tem trabalhado muito bem o seu futebol de formação. Prova-o, não só este Benfica Sub 19, mas todas as convocatórias das seleções nacionais dos escalões mais jovens. Acho que a parte mais difícil do projeto Benfica Made in Benfica está feita. As bases estão lançadas. O futuro terá forçosamente de passar por ali, visíveis que são as dificuldades financeiras dos clubes e que não deixam outra solução que não seja o recrutamento de talento a baixo custo. O Porto está em dificuldade. O Benfica também. O futebol está a mudar. Mas talvez o Benfica tenha na sua Academia um melhor plano B.

Mas falta pensar agora a outra parte do projeto. A parte em que tem de se criar condições (e aqui também entra a saúde financeira do clube) para manter estes jogadores no clube por 4 ou 5 anos, e resistir às ofertas dos colossos europeus quando dão os primeiros pontapés na bola aos 18 ou 19 anos.

Um Benfica Made in Benfica, da forma como eu entendo, significa jogadores a nascer na Luz, a desenvolverem-se na Luz, a construírem uma história na Luz, a ganharem na Luz, a chegarem à seleção jogando na Luz, e depois sim, saírem aos 23 ou 24 anos já como jogadores feitos, com estatuto e muitíssimo valorizados. 

Se é para ser assim, vale a pena a paixão dos adeptos por este projeto e cá estarei para apoiar e disposto a criar esse vinculo emocional extra com os nossos jogadores.

Se é para saírem assim que o telefone toca a primeira vez com o primeiro camião de euros, será talvez um projeto bom para os cofres encarnados mas, para os adeptos, terá falhado na sua essência.

A venda de André Gomes arrefeceu o meu entusiasmo e fez-me inclinar mais para a segunda hipótese, a não ser que dentro do Benfica se seja da opinião que o André nunca será jogador de topo.

O futuro parece, de facto, pertencer-lhes. Mas será entre nós?

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