Ontem iniciei a questão das composições dos planteis no tópico O Benfica Glorioso... Como os tempos mudam! (Parte I)
Houve quem tentasse antecipar que se tratava de uma defesa de "nivelamento por baixo" dos planteis das equipas portuguesas. ERRADO! Não era nada disso!
Antes pelo contrário, o que defendo é precisamente a reestruturação do modelo de aquisição de atletas, podendo inclusivamente adquirirmos jogadores de valor potencial relativo mais elevado, pois o real problema não está nos jogadores que custam 10M€. Esses parecem ser unanimemente boas contratações.
Ontem quis apenas estabelecer uma base de analise onde defendo que o erro está na adopção do modelo de "mercado de empresários" e aquisição de vários jogadores/ contratações. Essa abordagem de colocar nas mãos de empresários parte da estratégia do clube é, na minha óptica, errado e insustentável.
Portanto, o tópico não é dedicado "aos Markovics" mas sim aos que não são e possivelmente nunca serão Markovics.
Defendi ontem que clubes como o SLBenfica, na sombra de grandes negócios com os multimilionários que "aterraram" no futebol, ligaram-se aos empresários que possibilitam esses negócios, mas que ao mesmo tempo têm interesse em fazer rodar um conjunto de jogadores menos capacitados.
Se é verdade que um plantel não se faz de jogadores medianos, também não se faz só de estrelas e nos últimos anos esses tem sido recrutados para "satisfazer quem pode trazer os wonderkids", ou seja, temos composto os nossos planteis com "camiões de jogadores" que chegam nessas negociatas e se transforam num problema futuro.
A forma como vejo a composição de um plantel, divide-se em duas camadas:
- 20% do plantel que garantem 80% da competitividade e com grandes objectivos de valorização pessoal
- 80% do plantel que não representam apenas 20% da competitividade mas também grande parte do espírito de sacrifício e dedicação a uma "causa maior" que não apenas a valorização pessoal e de transferências.
Dito isto, entendo que apenas a camada dos 20% deve ser aberta a contratações de forma preferencial. Os restantes 80% devem ser suportados, preferencialmente, em atletas de duas origens: Formação e Mercado Nacional. Notem bem... Preferencialmente.
Quero com isto dizer que o SLBenfica, no plantel de 24/25 jogadores deve ter a volta de 5 jogadores-chave que dificilmente encontrará na formação ou no mercado nacional. Se tivermos em conta que esse tipo de jogadores ficam entre ano e meio a dois anos, isto representa que de dois em dois anos temos 7 a 10 jogadores de elvadíssimo nível no plantel e depois uma composição mais estável de cerca de 12 a 15 elementos.
Isto permite-nos reduzir o orçamento anual de forma significativa pois apenas adquirimos dois/três por ano na ordem dos 7 a 10M€, mas que à partida serão sempre jogadores "valorizáveis" e que compensarão numa futura transferência não só o valor de aquisição como o dos salários. A base do restante plantel será mais estável com custos muito inferiores, na ordem global dos 5 a 7M€, ou seja, estaríamos a falar de orçamentos anuais na ordem dos 30/35M€ mas com receitas recorrentes de duas a três vezes esse valor de forma anual.
Ou seja, o problema está efectivamente não nas boas aquisições, mas naquelas outras que "tapam" o espaço aos bons jogadores nacionais e/ou da formação e que na verdade nada acrescentam ao que fariam os jogadores com custos de aquisição e salários bem inferiores, com a vantagem de serem jogadores que percebem o que é o SLBenfica, percebem o que é o campeonato nacional e sabem perceber as variáveis de cada momento da época e de cada jogo.
Isto leva-nos aquela conversa de sempre e por onde comecei o meu tópico da "Parte I". Temos uma grande tentação de cometer dois erros graves que acabam por levar os dirigentes a cair nesse caminho fácil:
- Idolatrar os tais jogadores da "Geração Youtube". Os tais que eu ontem referia que são ídolos antes de chegarem a Lisboa, percorrem as redes sociais em vídeos com momentos fantásticos que depois tardam em ser confirmados na Luz.
- Depois acreditar que o plantel deve ser composto por 25 jogadores destes. Nunca ninguém é suficientemente bom, porque a defesa deveria ter 4 Garays, as alas 2 Salvios, os avançados serem dois Marovics, os médios centro dois Gaitans ou Djuricics, etc. etc. etc. NADA DE MAIS ERRADO! Aliás, o SLBenfica tem feito perto disso e depois vemos, passados poucos meses, os jogadores a reclamarem oportunidades, a sentirem-se insatisfeitos, etc. Em sentido complementar, com jogadores destes "parqueados"... nem sequer se pode ousar dar oportunidades a jogadores da formação ou do mercado nacional. O que se percebe - Quem vai por o Bernardo Silva a jogar... depois de pagar 6M€ (e salários chorudos) ao Djuricic? Eu não poria...
Portanto, ao nível puramente individual, o SLBenfica deveria na minha opinião reformular o modelo de gestão e construção dos planteis. Contudo, voltamos ao mesmo... isso implica uma liderança e uma gestão desportiva que não pode ser feita com base nos contactos com os empresários, mas sim com base no conhecimento, experiência e presença. Falta um líder, um CEO da SAD, um líder do futebol do SLBenfica.
Já antes aqui referi também a importância de termos quem lidere as relações internacionais com os clubes que lideram o mercado das transferências. Essa liderança retirava espaço aos empresários para dominarem o processo negocial.
Portanto, voltamos sempre ao mesmo: Falta reformular a SAD e repensar o modelo de gestão. Será possível com Luis Filipe Vieira? Tenho dúvidas...
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