A Insustentabilidade do Futebol Português (e do Benfica)

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Thursday, February 6, 2014

A Insustentabilidade do Futebol Português (e do Benfica)

Isto só não entende quem não quer...
(bem sei que este é daqueles tópicos que para a maioria não interessa para nada!)

Já aqui tenho falado dos modelos, na minha opinião insustentáveis, das SAD do FCPorto e SLBenfica que aliás eu estenderia ao futebol português em geral. Não faltará muito para sermos comparados uma qualquer liga cipriota no que diz respeito à capacidade de gerar e reter qualidade.

Mesmo num cenário de fortíssima contracção económica, o que os brilhantes gestores dos clubes de futebol (maior responsabilidade para os maiores) opta por fazer é... manter o rumo e acreditar que "isto há-de mudar". Perdeu-se uma oportunidade para o futebol ir a reboque da "troikização" do país e, em geral, rever todo o quadro competitivo, modelos de sustentabilidade suportados na formação de jogadores e controlo financeiro, reformulação dos modelos de gestão, nomeação e/ou eleição dos cargos de disciplina da FPF e Liga, revisão do regulamentos das competições... enfim.

Digamos que nos adaptámos ao avançar dos tempos e o futebol é, grosso modo, o mesmo que era nos tempos de Lourenço Pinto, Valentim Loureiro, Joaquim Oliveira e Pinto da Costa... sendo que destes todos só um efectivamente deixou de fazer parte activa. Simplesmente o futebol tornou-se mais "gourmet" mas a merda e a podridão é exactamente a mesma.

Como sabem,  defendi aqui já imensas vezes que a reformulação dos quadros competitivos em Portugal deveria passar por transformar Portugal num país "produtor e exportador" de jogadores de futebol, contrariando a forte tendência importadora.

Teriamos obrigatoriamente que envolver o Governo e a Sociedade Civil, rever as leis de base e as regras, os regulamentos e inovar no modelo competitivo onde, por exemplo, continuo a considerar que deveríamos trazer uma nova competição gerida pela Liga de Clubes, totalmente ausente do futebol de formação, como uma Liga Universitária (para jogadores entre os 18 e os 24 anos), fomentando a aproximação dos clubes às Universidades não só no contexto desportivo para acompanhamento e detecção de talentos (onde teria que haver regras específicas), mas também para a formação de novas técnicas de treino, novas metodologias, novos ferramentas e equipamentos, etc.


Além deste novo modelo de competição, penso que Portugal e os clubes em Portugal teriam a ganhar imenso com a implementação de um modelo de formação de elite liderado pela FPF em sintonia com os clubes de pequena e média dimensão para potenciar determinados jogadores. Uma especie de uma "Clairefontaine à Portuguesa" 

Obedecendo a principios semelhantes aos do INF em termos de candidatos, passaria por ter uma Academia da FPF, gerida pela FPF, dedicado à formação de excelência de jogadores de elevado potencial, que preferem integrar um projecto da FPF do que integrar a "linha de montagem" de Sporting, Benfica ou FCPorto, com o baixo aproveitamento que a formação tem tido nestes clubes. 

Lembro-me de alguns principios interessantes como: 
- Prioridade na nomeação de candidatos para a triagem inicial para clubes de menor dimensão 
- Quota, entre os 22 escolhidos a cada ciclo trianual, para jovens de países lingua oficial portuguesa 
- Modelo de contribuição financeira de clubes interessados dos campeonatos principais, podendo no final do "estagio" na academia os jogadores poderem ser seleccionados em regime de "draft" (à semelhança do que acontece na NBA) com os de classificações inferiores a ter, eventualmente, prioridade na escolha, mas ainda assim a terem que pagar ao clube de origem do jogador (pelo qual foi jogando durante o processo de estagio) 
- criação de bases de naming da academia e externalização de serviços (alojamento, estudo, etc) para apoio ao financiamento do projecto 
- intercambio de treinadores e staff com as homologas de UK, Italia e, claro, França 

O principal objectivo seria a FPF conseguir implementar o projecto sem aumentar o seu endividamento e sem comprometer as suas receitas, potenciando a formação, o desenvolvimento de jogadores de elevado potencial, apoiando os clubes mais pequenos a apostar no desenvolvimento de jovens e formando mais jogadores portugueses que possam sair directamente da Academia para as primeiras linha de clubes profissionais em Portugal.

Com iniciativas como a quota máxima de extra-comunitários excepto para jogadores internacionais nas respectivas selecções, como a aproximação da Educação e do Desporto através da Liga Universitária na dependência directa da Liga de Clubes, ou como a Academia de Formação Portugal (nome inventado agora à pressão), eu penso que teriamos condições para começar a aumentar a capacidade e competitividade dos clubes de média dimensão, sem que isso represente aumentar-lhes os custos (antes pelo contrário, pois contratariam menos estrangeiros de qualidade duvidosa).

Estes clubes passariam a ter no mercado nacional (entre os principais clubes) e no internacional (entre os clubes média dimensão europeia) adicionais fontes de receita para um bem que não se esgotaria, dado que o modelo pressupõe o surgimento de novos valores (nuns anos melhores que noutros, sempre em clubes diferentes) de vários jogadores nacionais, limitando assim as necessidades de importação de jogadores que, convenhamos, em 80% dos casos nada acrescentam ao futebol nacional.

A Liga Universitária permitiria aos jovens chegar mais longe nos estudos sem perder a ambição de jogar futebol profissional, o que invariavelmente lhes abriria oportunidades de futuro pós-futebol. Ao mesmo tempo que o modelo de com esta base permitiria a constante reciclagem de jogadores e faria com que, no final da cadeia, os jogadores em fim de carreira "alimentassem" as estruturas dos clubes ao integrarem as estruturas formativas.

Pois  eu sei que este tópico não fala mal do Jesus, nem do Vieira... Nem os elogia. Não diz que o FCPorto é corrupto, nem que vai chegar ou ser vendido o jogador A ou B. Mas eu tenho este problema... tenho a mania que um dia hei-de mudar o mundo com contributos que outros, com poder para o fazer possam aproveitar, melhorá-los e... mudar o mundo!

Eu faço a minha parte. Se todos fizessem também...

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