Os extremos de Jorge Jesus...

Dois vectores:

1. Enzo Perez

2. Os miúdos da formação

Enzo é o exemplo da brilhante dimensão táctica de Jorge Jesus. Toda a vida fora um extremo direito aceitavelmente bom, Jesus depois de uns meses a deixá-lo a "carburar" quase sem jogar, saiu e teve pouca vontade de voltar. Veio e Jesus "transformou-o" num box to box fabuloso e que é hoje, porventura mais que Matic foi, um jogador absolutamente fulcral na equipa do SLBenfica.

Jesus teve a visão e a capacidade de pegar nas características de Enzo e o transformar num enorme jogador e nisto Jorge Jesus será, porventura, dos melhores treinadores do Mundo.

Mas depois há o reverso da medalha! Para dar este espaço a Jesus acaba-se por dar-lhe também espaço para fazer finca pé noutras ideias e dogmas que só ele vê ou só ele quer ver.

Jesus não valoriza a formação, nem do Benfica nem de nenhum clube português. O Jesus vibra com a capacidade que tem de conhecer jogadores de imensas geografias e de ver jogos de futebol em catadupa.

O treinador do Benfica enche-se entusiasmo por "descobrir" um jogador que ninguém conhecia em Portugal, trazê-lo para o SLBenfica e num ano mostrá-lo ao mundo como produto do seu trabalho. Foi isso mesmo que o fez recordar a grande prospecção que o SLBenfica tem.

Para ele, pegar no Ivan, Bernardo ou João Nunes e fazer esse mesmo trabalho de transformação não lhe dá o mesmo entusiasmo, não lhe preenche tanto as ambição e o ego. Isso é assim no Benfica, mas seria igual se ele trabalhasse no FCPorto ou noutro qualquer. É o Jesus!

Da minha parte, vejo isto como uma tremenda ausência de estrutura e liderança que lhe dá demasiada autonomia para ser táctico (momentâneo) ao invés de estratégico (sustentado). Mas isso já aqui foi escrito vezes sem conta...

"Burro velho não aprende línguas", porque se aprendesse, talvez percebesse que seria um treinador mundial se quisesse fazer esse trabalho na formação e ser o treinador português com maior curriculum a formar jogadores de qualidade oriundos das equipas jovens e, acima de tudo, com uma rentabilidade muitíssimo superior para o clube.