Granda Toni, fodasse!!

مواضيع مفضلة

Wednesday, January 29, 2014

Granda Toni, fodasse!!

Era puto, e lembro-me de faltar às aulas um dia com um amigo meu para ir à Luz assistir ao treino do Benfica, antes da partida da equipa para Londres para defrontar o Arsenal, esse célebre jogo da segunda mão da segunda ronda da Taça dos Campeões Europeus de 1991/1992, jogo em que Isaías (um dos meus jogadores favoritos de sempre) partiu a loiça toda e derrotámos os Ingleses por 3-1.

Nesse dia, para esse treino, levámos connosco um gravador à jornalista, e armados em jornalistas andámos, a entrevistar jogadores e treinadores, no percurso que faziam entre o campo número 3 e o balneário cá em baixo, junto à porta principal do velhinho Estádio da Luz.

Devo dizer que éramos miúdos de 12 ou 13 anos, e ainda que por isso me seja fácil perceber que todos sabiam que não éramos jornalistas, todos aqueles com quem tentámos falar nos responderam cordialmente. Todos, menos um, o último com quem quisemos falar, Eusébio da Silva Ferreira. Eusébio embirrou com o gravador, e perguntou para que raio era a entrevista. Nós dissemos (mentimos) que era para a escola, e ele a insistir que aquilo não fazia parte da escola, e acabou por não nos dizer nada e ser até algo ríspido connosco.

Claro que eu sabia quem era Eusébio. Era o maior, era o King, mesmo que nunca o tivesse visto jogar. Tinha estatuto herdado dentro de mim, não pelo que dele testemunhei, mas pelo que outros me foram passando. Ainda assim, lembro-me que ainda hoje, sempre que me encontro com esse tal amigo do gravador, lembramo-nos desse dia e gozamos com o Eusébio. Gozamos, porque a nós sempre nos tinham dito que Eusébio era um exemplo de humildade, e nós nesse dia, ficámos com a impressão exatamente contrária. Essa foi a impressão que ficou para sempre, ainda que baseada nas peripécias de um simples dia, com toda a margem de erro que impressões de um simples dia acarretam.

Para mim, que não o vi jogar portanto, que não vibrei com os seus golos, o que Eusébio deixou em mim foi muito pouco. Eusébio também nunca foi um bom falante, pelo menos publicamente. Era tímido aparentemente, e não me lembro de alguma vez me ter feito emocionar ou vibrar efusivamente de Benfiquismo, por alguma intervenção sua.

Lembro-me da gala do Benfica em sua homenagem, do discurso simplesmente maravilhoso de Mário Wilson, eu quase em lágrimas, e Eusébio lá estava prostrado na sua cadeira, tímido e sem manifestar grande emoção. Lembro-me de ver Eusébio com Daniel Oliveira no Alta Definição. Mas mais uma vez soube-me a pouco, porque a verdade é que Eusébio, pelas palavras, nunca me conseguiu transmitir grande emoção, mesmo que muita tivesse dentro de si, mesmo que tudo fosse dificuldade em expressar-se como gostaria.

E esta referência a Eusébio, serve-me apenas para adicionar o contra-ponto, outro que também nunca vi jogar, mas que pela sua história desde que sou vivo, sempre representou para mim muito mais do que Eusébio: Toni, para mim a maior figura do Benfica dos últimos 30 anos!

Toni representa para mim o que o Benfiquismo tem de melhor, de mais puro e mais genuíno. Se me perguntarem de uma só razão para ser Benfiquista, terei todo o orgulho em dizer que é por causa de Homens como Toni... Se me perguntarem o que é a mística eu direi que a mística é Toni... Se me perguntarem porque razão o funeral de Eusébio teve tanta cor, eu direi: também por causa de homens como Toni, monumentos vivos da história e da glória encarnada, homens que sempre que falam do Benfica carregam no olhar a fotografia, e a todos fazem sentir como se estivéssemos lá com eles a viver tudo o que eles viveram.

Também em puto pedi um dia o autógrafo a Toni, numa fotografia que tinha dele abraçado a um amigo idoso que pertencia à imprensa nacional, na celebração do seu título nacional como treinador. E Toni parou no seu percurso, mirou a fotografia por segundos emocionado (o jornalista morrera há pouco tempo), sorriu para mim com os olhos embargados, passou-lhe a caneta com orgulho e sem dizer nada afagou-me o cabelo. E eu só me lembro de pensar nesse dia: “Granda Toni, fodasse!!”

E para mim, a história do meu Benfiquismo tem sido sempre regada com muitos “Granda Toni, fodasse!” Granda Toni fodasse como jogador; Granda Toni fodasse como treinador, Granda Toni fodasse como comentador televisivo, Granda Toni fodasse como Diretor desportivo, Granda Toni fodasse sempre que o glorioso Benfica precisa de porta vozes e Toni surge como o primeiro que toda a gente procura ouvir! Granda Toni fodasse porque Toni é o maior monumento vivo de um Benfica Glorioso que dentro em breve já só será conversa de Museus!

Se há homem que nunca devia ter saído do Benfica é Toni.

Se há homem que conhece o Benfica de alto a baixo e é um dos seus maiores embaixadores é Toni...

Se há homem que tem sido o maior símbolo da mística encarnada, não durante apenas os 12 ou 15 anos que jogou à bola, mas durante toda uma vida, dentro e fora do campo, é Toni!

Se há homem que diz: “Ser o Toni do Benfica não tem preço” é Toni.

Se há homem que ao Benfica tudo deu e também por ele tudo perdeu (profissionalmente falando) é Toni.

Se há homem que, por amor cego ao Benfica, foi capaz de dar (como ele próprio hoje admite) duas bazocadas nos pés ao aceitar passar a adjunto de Eriksson depois de ter celebrado o título nacional como treinador principal do clube, é Toni.

Se há homem a quem o Benfica deve de facto uma homenagem em vida é a Toni.

Desculpem aqueles para quem se calhar estarei a ser injusto mas, sou daqueles que acredita que se a partida de Eusébio deixou um enorme vazio, a de Toni deixará um dia uma cratera do tamanho do Estádio da Luz.

Post a Comment

المشاركة على واتساب متوفرة فقط في الهواتف