Eu sei que doi... Mas voltemos ao Ajax!

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Thursday, December 26, 2013

Eu sei que doi... Mas voltemos ao Ajax!

Como ficou claro no tópico Descubra as diferenças: Ajax e Benfica, a cagança que temos leva benfiquistas a ter pensamentos de sobranceria absolutamente ridicula. Vários os que achavam que o Ajax andava pelas ruas da amargura... e vistas bem as coisas, continuam a dar 10-0 ao SLBenfica em títulos e capacidade de gestão. Mas o prémio de creatividade dei ao cromo que disse que o Ajax faz isso e o Benfica não pode fazer... porque existe Sistema em Portugal. LOL!

Importa, por isso, perceber então a história por trás dessa famosa Academia de Formação e perceber se será realmente algo assim tão complicado de implementar ou que precise de 50 anos...

Com o sucesso da "laranja mecânica" os grandes clubes italianos, espanhois e alemães eram uma ameaça à retenção de talentos. Talvez com uns 20 anos de atraso, o que percebemos agora em Portugal, os Holandeses perceberam há muito tempo. Era impossível "segurar" os jogadores de maior qualidade, fossem de que nacionalidade fosse e comprar jogadores é sempre um "jogo" arriscado onde se perde muito dinheiro para poder ganhar algum.

O Ajax "meteu mãos à obra" e foram pioneiros na criação de uma escola de futebol de dimensão/qualidade Mundial. Começou pelo topo da pirâmide, por uma liderança que fosse capaz de montar e liderar todo o projecto e trazer inovação e diferenciação. Foi nomeado Leo Bennaker para Director Geral da Escola de Formação do Ajax. Sim... não foi o Presidente que assumiu a liderança nem andou à procura de um amigo da sua confiança, mas sim alguém competente, com conhecimentos e vontade de montar um projecto empreendedor.

O primeiro passo desta estratégia foi a "Prospecção". Sim, algo que o SLBenfica terá descoberto verdadeiramente em meados de do Sec XXI com Bruno Maruta, actual Team Manager da equipa B do SLBenfica. A par de Aurélio Pereira e Bento Valente (os dois no SportingCP), Bruno Maruta começou a a partir do papel de olheiro a crescer até ser um elemento fundamental na criação da estrutura de prospecção do SLBenfica, por ocasião de 2004/2005 (não tenho bem a certeza do ano)...

Portanto, com menção honrosa para o nosso comentador de serviço Gandaia, eis o grande motivo pelo qual o SLBenfica começa, uns anos depois, a ter jogadores oriundos da formação, talvez o primeiro tenha sido realmente o Nelson Oliveira. Quero com isto dizer que se antes disso não havia jogadores de efectiva qualidade é, precisamente, pelo mesmo motivo que o Ajax começou a estruturar a formação por aqui: Faltava capacidade de identificar talentos a nível nacional.

Depois do Leo Bennaker, seguiu-se como director geral Aro de Mos e este engrandeceu ainda mais o trabalho de Leo ao alargar a prospecção para fora de Amsterdão... num raio de 30 a 40Kms da cidade. Lembrem-se que estamos a falar na época que foram descobertos nomes como Rijkaard ou Van Basten.

Estavam lançadas as bases que iriam servir de suporte à obra de Johan Cruyff e Tony Bruins Slot (sim, esse mesmo que foi adjunto do Benfica com Koeman!).

Continunando a alargar o modelo de prospecção, Johan Cruyff começou a "caçar" jovens a partir dos 8 anos, defendendo que a partir dessa ideia já era evidenciadas as características relevantes para trabalhar no futebol. Seguiram-se as estratificações etárias, sustentadas na concepção que os jogadores deveriam ser agrupados em função da idade e que um ou dois anos fariam toda a diferença e apareceram as equipas de formação A e B.

Mas nada disto teria sentido se depois os modelos de treino na se adaptassem os métodos de treino e Johan Cruyff definiu um modelo de formador em função dos escalões ou seja, até aos sub-14 os treinadores deveriam assumir uma relação com os jogadores quase de pai para filho, pois estes ainda se estariam a formar enquanto indivíduos, e os seus níveis psicológicos ainda não seriam os mais desejáveis. Dos sub 15 aos sub 16, os treinadores deveriam enveredar por uma postura disciplinadora, pois os miúdos estariam no auge da adolescência que é sinonimo de alguma rebeldia. Nos juniores, os treinadores deveriam dominar a estratégia e planificação, assim como dominar a nível táctico, para facilitar a transição da formação para o Alto Rendimento.

Fácil, não?

Mais inovações se seguiram na especialização de treinadores (defensivo, ofensivo, médios, preparador físico, guarda-redes, etc.), ah sim... foi com Johan Cruyff que começou.

Por fim o modelo táctico único desde os escalões de formação até às equipas seniores, que tanto gostam de apelidar (mas não aplicar) hoje clubes como o SLBenfica e que foi criada a partir da base. Ou seja, de que serviria implementar um modelo que fosse bom para os séniores, se depois os mais novos não o conseguissem interpretar e implementar e tivessem que esperar até aos juvenis ou mesmo juniores para o usar? Foi então que nasceu o modelo que o Jesus tanto gostou e que inspirou tanto "futebol total" na decada de 80 e 90 com os "triangulos imaginarios" do 3-4-3 que Johan Cruyff fez vingar no Barcelona anos mais tarde.

A esta base de inovação seguiu Louis Van Gaal, que juntou ao trabalho de Johan Cruyff a formação académica que distingue valores como ele próprio e José Mourinho. Van Gaal adaptou e melhorou os modelos de treino iniciados por Johan Cruyff. A este seguiu-se o ex-FCPorto Co Adriaanse, depois mais dois antes de Danny Blind que focou toda a sua atenção no aspecto puramente futebolístico.

Como podemos constatar, a evolução da escola do Ajax para chegar á “quase perfeição” que é hoje, foi feita por ciclos, e através de cunhos pessoais e ideologias próprias dos directores que foram passando pelo Clube. O Ajax ,hoje em dia, pode-se orgulhar de ser a maior escola de Formação do Mundo, e mesmo esta filosofia de aposta em jovens, não os arreda dos títulos internacionais, como provaram com a geração de Seedorf,Davids,Overmars..etc, que se sagrou campeã Europeia. É obvio que montar uma escola desta envergadura tem custos elevados, mas o retorno em venda de jogadores de qualidade é bastante superior, o que permite ao Ajax ser um clube auto suficiente e sempre com o futuro garantido

Interessante perceber como o Director Geral teve tanta autonomia para inovar redimensionar e permanentemente reestruturar e reinventar a formação do Ajax... O sucesso da melhor escolha de formação do Mundo não é alheio a este facto.

Obviamente que além disto, houve ainda outras questões como a Ideologia e a Visão do Ajax, que diziam o seguinte:


Ideologia: Jogar futebol organizado e colectivo, atractico e de ataque para ganhar sempre. 

Visão/objectivos: Propiciar condições óptimas de aprendizagem aos atletas para estes, mais tarde, atingirem os objectivos Nacionais e Internacionais do Clube, na alta competição.


Toda a organização interna do modelo de formação respeitava então esta doutrina. Deste o topo da pirâmide, o Director Geral - que já aqui mostrei o seu papel fundamental- passando pelos Sub-Directores e departamentos-chave: Prospecção (com olheiros, treinadores e responsáveis de ligação com seleccionadores das camadas jovens); Formação (coordenadores, treinadores, delegados...); Organização (Infra-estruturas), Treino, Staff Técnico e Coordenação.


A organização é um factor chave para o sucesso do Ajax, e é a grande lacuna na maioria dos clubes como o SLBenfica que vão colocando nestes cargos "amigos" ou "homens de confiança" do Presidente ou de Administradores da SAD como são os casos de Manuel Ribeiro e Armando Jorge Carneiro que, com o devido respeito por todo o seu trabalho e competência, estão longe de ter os conhecimentos e a visão que marque a diferença na formação.

Se compararmos o modelo do Ajax, começado a construir nos anos 70 e 80, há mais de 30 anos, vemos que só agora o SLBenfica começa a chegar perto de algo parecido, mas com recursos muitíssimo mal preparados e com poucas competências (ou "mal arrumados"). A ausência de estrutura de base é total e o que tem marcado efectivamente a diferença é um orçamento para a prospecção muitíssimo grande que faz com que o SLBenfica conheça hoje todos os valores existentes em Portugal e tenha nos seus quadros grande partes deles, em todas as idades.

Contudo, onde depois a organização faz a diferença, que é no desenvolvimento das competências desses jovens identificados, é onde tudo começa a cair e onde vemos os jovens a "perderem-se" e o SLBenfica a perder.

Desenganem-se todos os que consideram que depende apenas dos miúdos ter uma carreira de sucesso. Eles precisam de ter muita sorte em estar no clube certo, no momento certo e ter ao seu lado as pessoas certas. Ou acham mesmo que o Cristiano seria o que é hoje se tivesse estado engripado naquele jogo de apresentação aos sócios com o Manchester United ou se o Boloni tivesse tido que ele ainda estava "muito verdinho" o tivesse posto a jogar no Farense durante um ano e depois o emprestasse ao Leiria e para um ano de transição fizesse uma época no Brugge ou no Corunha? Claro que não...

O futuro do SLBenfica e do futebol português em geral só tem um caminho se quiserem evitar o colapso geral a médio prazo e nos tornarmos numa liga ao nível do Chipre ou da Belgica: Apostar na revolução e reinvenção do modelo de formação.

Poucos são os clubes em Portugal com capacidade de o fazer à data de hoje e o SLBenfica é um deles, pois tal como disse acima, implica recursos financeiros, mas que obviamente (e como já provei antes) tem muitíssimo mais retorno que o modelo actual.

Próximo Passo? Reestruturar! Reestruturar! Reestruturar! É preciso "limpar", contratar um líder com conhecimento e capacidade de aportar valor (sim, terá que ser estrangeiro, em Portugal, infelizmente, a não ser que consigam ir buscar o Aurélio Pereira... o melhor é esquecer, porque ainda há muito trabalho pela frente antes de ir buscar académicos). França e Holanda são os locais certos para ir buscar um líder que possa fazer uma "missão" de três anos a reestruturar e reajustar o modelo, bem como abrir espaço para um sucessor "da casa" e português, claro.

Mas... haverá vontade de acabar com a "feira de vaidades"? Não creio, mas desejo estar enganado!

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