Portugal, 12 de Dezembro de 2013
É sempre penoso para mim, ir à Internet ler notícias sobre futebol, quando o Benfica perde, empata ou falha um objectivo. Seja nos onlines dos grandes diários desportivos, seja na blogolândia, a esmagadora maioria dos comentários deixam-me pensativo sobre o que é afinal a propalada cultura benfiquista.
Se os comentários dos anónimos são regra geral eivados de ordinarice intelectual, os comentários dos ditos notáveis não se ficam atrás, quando pelo contrário, deveriam ser exemplo de grandeza e altivez que dizem caracterizar a nossa cultura. Dizem, porque a realidade é bem diferente.
Como exemplo pego nas palavras de Gaspar Ramos (como ex-dirigente foi um fiasco, nacional e internacional, na sua última passagem pelo Clube, em 1994/97), que andou vários anos “hibernado” (em particular quando Vale e Azevedo andava a pagar as despesas que ele e sua comandita tinham deixado), mas é hoje um “habituée” dos midia, ou não fosse ele um assumido crítico do treinador do Benfica). Disse então que “o Benfica está ao nível do PSG e é superior ao Olympiakos” para não ter de ficar grato à equipa, e ao treinador, pela vitória sobre o PSG. Este tipo de afirmações revelam bem a mesquinhez que grassa entre comentaristas ditos notáveis, gente que devia marcar uma posição construtiva da cultura benfiquista, mas que pelo contrário, mostram ser demasiado tacanhos. Ou demasiado tacanhos para o meu benfiquismo.
A serem sinceras estas palavras ficamos a saber que segundo Gaspar Ramos, o Cardozo compete com Ibrahimovic, que o Lima compete com o Cavanni, que o Gaitan não fica nada a dever ao Lavezzi, que o Pastore e Rodrigo são quase a mesma coisa, etc. E que quando precisarmos de contratar um jogador de 62 milhões, como Cavanni, venha ele que nós pagamos. Se isto não fosse ridículo, teria de nos por a pensar sobre o que é que esta gente é capaz de inventar, apenas para defender os seus pontos de vista. Sim, porque Gaspar Ramos disse há tempos atrás que “Jesus tem as suas ideias de futebol, mas eu também tenho as minhas”.
Com 10 pontos, a 3ª maior percentagem de pontos que o Benfica consegue nas fases de grupos da Champions League desde a época 94/95 ou seja, há quase 19 anos, ficamos de fora dos oitavos de final. Como já não têm o Emerson para deitar as “culpas” (ajudou a fazer-nos 12 pontos e a passar aos oitavos), então deitam as culpas para o treinador. Esta malta é assim...
A culpa é um conceito que está associado à Religião e à nossa génese como Estado soberano. Expiar a culpa é algo que alguns ainda hoje não se conseguem livrar, projectando violência não através da labareda de uma fogueira inquisitória, mas através da violência e vulgaridade verbal.
É este um sinal, uma característica da cultura benfiquista? Possivelmente sim, pelo menos daquela que nos chega através dos meios de comunicação social lisboetas. Porque os do FCP falam de roubos de arbitragem e da sua “guerra” de estimação contra Lisboa. Algo que ao resto do país não interessa pevide...
Na actualidade, a culpa é algo que pode ser visto como uma consequência ao desvio da “norma”, sendo a “norma” os princípios, as regras, os requisitos básicos que qualquer agente desportivo deve seguir, seja ele treinador, seja ele jogador. Então, a culpa do Benfica ter ficado de fora dos oitavos de final, foi do treinador Jorge Jesus, porque a “norma” é definida por essa gente com larga experiência e muitos resultados na área do futebol: os comentaristas e os jornalistas!
Tenho contudo opinião diferente. Não só porque como qualquer pessoa educada, percebo que fazer 10 pontos não é para qualquer treinador (para o treinador do FCP – putativo substituto de JJ na época passada - num grupo ridículo, não foi), e porque percebo que é fácil falar como poderiam ser feitos os outros 8 pontos, ou vá lá, mais 1 ponto pelo menos, do que propriamente reconhecer o mérito de quem fez esses 10 pontos, a tal 3ª melhor marca dos últimos 19 anos.
Dado que o Benfica perdeu o lugar para o Olympiakos, com 1 derrota em Atenas e 1 empate em Lisboa, objectivamente temos de apontar para Roberto na Grécia (foi 2 vezes o guarda redes da jornada, em 6 jornadas da Champions, entre 32 equipas) e para Saviola na última jornada frente aos belgas. Roberto foi despachado (ainda por cima com contornos estranhos) porque a pressão da comunicação social e de alguns adeptos era insuportável, ou seja, Roberto foi despachado num acto de gestão populista e demagógica. Saviola foi despachado quando Vieira decidiu contratar Lima em Agosto de 2012, para poder pagar 5 milhões ao amigo Salvador, quando se sabe que logo a seguir em Janeiro, Lima podia ver de graça.
O treinador foi sincero no que disse: Roberto é um grande guarda-redes e que tem saudades de Saviola. Ficou mais ou menos claro, em meias palavras, que não foi por ele que saíram da equipa. E ficou muito claro que sem eles, os gregos dificilmente teriam passado à nossa frente.
Mas tal como com Emerson, os tais da “norma” não percebiam porque razão JJ insistia tanto com Roberto. Os tais da “norma” que também aplaudiram a contratação de Lima, porque Saviola teve uma “época apagada”. Alguém sabe quantas vezes foi titular e quantos golos marcou Lima de bola corrida nestas duas últimas épocas da Champions? Proximamente eu digo...
E porque o Benfica para esta gente é um mundo à partelembro que o FCP do Paulo Fonseca foi eliminado com 5 pontos e que, pasme-se, aos 5 mn do último jogo, Josué levou um cartão amarelo. É só comparar com o que se passa cá (no Benfica – Arouca por exemplo) e perceber porque falham os treinadores no Benfica (uns mais do que outros).
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