"Gimba e os Bandidos" |
"Apesar de ser do Sporting, gosto do Benfica, mas tenho pena do Benfica… e dos benfiquistas!
O Sporting, já se sabe: funciona como as garras do leão – ora de fora, afiadíssimas, ora recolhidas num sono afroparadisiaco. É assim o leão… Agora com a águia, o assunto é diferente: Exige-se garra afiada e olho Varilux – permanentemente! Mas a nossa águia anda muito miope, e pelos vistos, agora frequenta uma manicure… o Benfica de hoje em dia está irreconhecível! Como alguém comentava durante o último derby com o Sporting – Isto não é o Benfica!
Vou explicar porque não sou do Benfica: As primeiras vezes que fui ao futebol, foi no verdadeiro estádio da Luz – o autêntico, a “catedral” – pela mão do meu avô, benfiquista dos sete costados. Aos meus olhos e ouvidos de criança tudo aquilo era melhor que na televisão: O jogo era a cores – a relva verdíssima.
As camisolas, verdadeiras “papoilas saltitantes”.
O som, ouvido da confortável bancada central de sócios – abrigada da chuva por baixo do famosíssimo "terceiro anel" – chegava lá acima com ligeiro atraso: primeiro via-se o pontapé, e só depois vinha o barulho seco do chuto na bola – que na altura era vermelha como o clube.
Nesses tempos as chuteiras tinham uma cor decente – pretas – muito longe da era das starlettes de bota dourada… E lá em baixo jogava o dream team: Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto, e Torres – isto citando apenas a secção de cordas. Violinos? Decerto. Cinco, como os outros, mas eléctricos, e com pedal wah-wah… 6 a 2 ao Varzim. 7 a 0 ao Belenenses. 4 a 0 ao Braga, e por aí fora.
Um festival!
Estavam reunidas as condições para o pequeno Gimbinha aderir ao clube da águia. Mas não aderiu. Porquê? Porque o Benfica metia medo à criança!
O ambiente do estádio era insano: Homens – pessoas crescidas – vermelhos de álcool e gritaria, apertados em gabardinas e cachecóis, desfaleciam como adolescentes num concerto de Bryan Adams!
Apoplexias, enfartes, congestões, desmaios… De cinco em cinco minutos passava uma maca com mais uma vítima.
O Benfica metia medo! O meu próprio avô morreu à conta do clube: Certa quarta feira europeia, foi a pé da Luz à Av João XXI sob uma chuva miudinha que lhe provocou uma pneumonia fatal…
Repito: o Benfica metia medo! Esse Benfica “campeão dos campeões”, orgulho nacional, Benfica “à Benfica”, assustou irremediavelmente a criança!
E muito naturalmente, seguindo as pisadas do pai – atleta olímpico, de leão ao peito – o pequeno Gimbinha decidiu entregar o seu coração, para sempre, ao Sporting Clube de Portugal!"
Que é sincero desta maneira, merece uma verdadeira homenagem.
Grande Gimba!!
Podem encontrar o Gimba em Produções Banana. |
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