A mais valia de negociar com um fundo de investimento é o facto de o mesmo pagar de imediato os jogadores que negoceia. Aliás, na minha perspectiva, é a única mais valia.
O negócio de Roberto, por muitas voltas que tentem dar, não está revestido dessa transparência que o querem fazer parecer ter.
O que entendo deste negócio é que, perante uma cagada enorme que foi o valor pago pelo guarda-redes espanhol, e olhando à forma como correu a época e ao síndrome 'Michael Thomas' que se apoderou de Roberto e dos adeptos, a direcção do Benfica tinha de resolver rapidamente este tema para evitar mais 'ruído' em torno das prestações de Roberto, do seu peso no falhanço da temporada, e porque não teria triunfado um guarda-redes que em teoria tinha tudo para o fazer.
Surge então um primeiro comunicado do Benfica (aqui) a informar que o espanhol tinha sido vendido ao Saragoça. Sem qualquer menção de outros intervenientes ou fundos.
Após os pedidos de esclarecimento da CMVM, surge um segundo comunicado (aqui) que continua só a falar no Saragoça, mas distinguindo 2 níveis de intervenientes no negócio, clube e uma sociedade de direito espanhol, dentro da órbita do clube espanhol, que recorde-se, estava falido na altura dos acontecimentos.
O segundo comunicado é repetido no mesmo dia, horas mais tarde.
Só a 30/07/2013 (aqui) é que o Benfica vem falar oficialmente no BE Plan e explicando que essa entidade(já não se referindo à mesma como parte do Saragoça, mas distinguindo clube e fundo) não pagou o acordado e como tal o Benfica teria exercido o previsto no contrato e recuperado o passe de Roberto.
O que retiro de tudo isto?
Na minha opinião, esta operação não tem grandes diferenças das operações efectuadas pela banca mundial quando constitui sociedades em 'off-shore' para depois adquirir acções próprias em aumentos de capital, por exemplo. As operações financeiras de aumento de capital são, aparentemente, um sucesso, mas de facto não passam de uma fachada para ir 'aguentando o barco', em muitos dos casos.
A BE Plan, que ninguém pode afirmar com certeza quem realmente está por detrás dessa sociedade, não passou de um instrumento para disfarçar um mau negócio.
Só assim se compreende a passividade do Benfica, que durante 2 anos não recebe um cêntimo da transferência de Roberto, mas não se queixa e nem exerce as garantias assim que se apercebeu de que não receberia nada.
E agora, a 'punch-line' vem da avaliação que é feita de Pizzi: 12 milhões de euros.
Ou seja, comparando com Falcão, que não veio para o Benfica porque não quisemos pagar perto de 10 milhões, 'pagamos' agora 6 milhões, através de acerto de contas com o Atlético de Madrid, para nem sequer o português vir vestir a camisola.
Roberto, 2 anos depois, continua a ser um mau negócio para o Benfica. Pela terceira vez.
"Este post não é dirigido ao Benfica, mas ao futebol em geral e em particular ao que me parecem movimentos muitos esquisitos em Espanha, neste Saragoça. Depois do árabes multimilionários, estes homens do betão parecem ser o outro cancro do futebol."
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