Portugal, 24 de Junho de 2013
Em 27 de Março escrevi aqui um texto sobre “o Mau exemplo do Futsal”, onde abordei vários aspectos que me pareceram errados no que diz respeito quer ao despedimento do anterior treinador, Paulo Fernandes, quer no que diz respeito à estratégia da Direcção para as modalidades de pavilhão.
Escrevi na altura: “Despedido André Lima, que havia conquistado a inédita Champions League para as vitrinas do futuro museu, foi-se contratar o treinador que havia derrotado o campeão André Lima: Paulo Fernandes. Agora despede-se Paulo Fernandes e vai-se buscar outro treinador, a quem desejo a maior das sortes, mas que está condenado ao insucesso”.
Claro está que recebi alguns comentários pouco abonatórios, próprios de quem continua a ver o Benfica pela imagem do Presidente, ou do “Faz-que-é-presidente”, e não pela ponderação serena e calculista, dos actos de gestão que são aprovados por ele. Ou que no mínimo merecem a sua concordância.
O treinador estava condenado ao insucesso porquê? Por várias ordens de razões. (1) Porque o SCP estava a fazer um excelente campeonato, e nós não, não só porque o SCP estava melhor, mas porque tivemos lesões e castigos que impediram a equipa de se apresentar na máxima força em alguns jogos. (2) Porque pontualmente fomos prejudicados pelos erros da arbitragem, em particular no 1º jogo em casa do SCP, onde somamos mais uma derrota. (3) Porque a secção utilizou as derrotas contra o treinador, fragilizando mais a sua posição que é frágil por natureza, sempre que no Benfica se perde um jogo.
Posto isto resulta que (1) o novo treinador não ia alterar a excelente prova que o SCP estava a fazer e pelo contrário, iria trazer modelos de treino e de jogo que os jogadores demoram tempo a assimilar. Ora assimilar modelos de jogo com a competição a decorrer, é um risco. E no desporto os riscos costumam-se pagar caro. Assim nesta fase de transição, fomos eliminados pelo Braga da Taça de Portugal, pavilhão onde também tínhamos perdido para o campeonato. Apesar de estarmos avisados, voltamos a perder. Com um novo treinador.
(2) Os erros de arbitragem continuariam a ter a matriz anterior porque ao mudarmos de treinador, assumimos – em termos de estratégia - que o problema principal não eram os erros dos árbitros. E com isso deixamos aberta a porta para quem manda neles, os continuasse a instruir da mesma maneira. O que foi bem elucidativo no jogo 3, com 2 penaltys do tamanho do Estádio da Luz, a não serem assinalados a nosso favor, com resultado 1-2 num caso e 1-3 no outro. Penaltys que bem poderiam ter alterado o rumo dos acontecimentos. No jogo 4, a 6ª falta contra o SCP nunca apareceu, nem mesmo quando César Paulo foi derrubado de forma bem evidente, com o resultado em 1-1. Estes lances são tão importantes que o Benfica levou 1 golo, de empate no jogo 3, de livre directo quando atingimos as 6 faltas mais ou menos a meio da 1ª parte!
(3) Por último, ao ter acentuado a erosão do papel do treinador Paulo Fernandes, por via das suas derrotas, em vez de o defender das críticas e das arbitragens, a Secção (com apoio da Direcção) criou um problema antes sequer de ele existir: caso o novo treinador falhasse, a sua liderança ficava desde logo em causa e a solidez da Secção também. Isto não é da minha cabeça... é dos “livros”!
A pergunta que se impõe é: e agora? Alguém consegue imaginar a nova época ser iniciada com o actual treinador, que estava condenado à partida, e que ao longo da prova apenas confirmou que o problema do Futsal, não era de treinador? Alguém consegue imaginar a Direcção reconstruir uma equipa de Futsal para salvar “a pele” deste treinador (e da Secção), sem serem confrontados com a pergunta “se o problema era de plantel, porque despediram Paulo Fernandes?”?
O despedimento de Paulo Fernandes e sua substituição por um treinador a meio da prova, estava não só condenada ao insucesso desportivo, como também estava condenada a criar novos problemas sequentes a esse falhanço desportivo. Agora não é só o treinador que está em causa, como toda a Secção! E a Direcção que apoiou as decisões da Secção...
O procedimento correcto teria sido apoiar o ex-treinador, defendê-lo quando as arbitragens erraram muito mais do que os nossos jogadores, preparar os Play-offs da melhor maneira possível, com a recuperação física de jogadores e com a defesa intransigente do estatuto de liderança do ex-treinador, esperar pelo final da prova e fazer um balanço. Ganhou? Tirava-se uma conclusão. Perdeu? Toda a gente acharia normal a substituição do treinador campeão no Benfica e no SCP.
Assim, a Secção e a Direcção criaram, por grosseira incompetência, um problema sério e que, para variar, vai custar dinheiro desnecessário. Os sócios como sempre pagam e aplaudem...
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