No entanto, nunca imaginei nos meus piores pesadelos que isto tivesse chegado a este ponto. Para quem não foi (por não querer ou não poder), perderam uma excelente oportunidade de ver como se desrespeitam os sócios de forma absolutamente abjecta.
Antes de mais, deixem.me só referir que o orçamento foi apresentado pelo vice-presidente Nuno Gaioso, o qual sinceramente me surpreendeu pela positiva. A apresentação foi clara e concisa e demonstrou abertura para esclarecimento de dúvidas que pudessem existir.
O orçamento foi aprovado com 55% de votos a favor, mas se tivesse sido chumbado, o resultado seria exactamente o mesmo. Eu votei contra, para demonstrar esse mesmo "aparente paradoxo".
Nada se passaria, pois os sócios do clube já não têm nenhum poder decisório, sem ser em eleições. É triste ver sócios conformados com este papel de meros clientes do clube.
Passando aos acontecimentos da AG, devo referir que fui o primeiro sócio (excluindo os membros dos órgãos sociais) a falar e a expor as minhas duvidas acerca do Orçamento proposto. Em traços gerais fica aqui o essencial da minha intervenção (sem recurso a papel de discurso)
Comecei por referir o que de bom tinha visto:
A tentativa de dotar as modalidades de todas as condições apesar das quebras de receitas com patrocínios e quotização.
A diminuição acentuada da parcela de quotização atribuída à SAD.
A alocação de 10% das receitas de quotização para as modalidades (sem contar com a quota modalidades)
Todos estes aspectos seriam bastante animadores, numa altura de terrível crise no nosso país. E eu acho muito bem que se faça o esforço, pois o ecletismo no Benfica é uma imagem de marca e os sócios e adeptos gostam sempre de ver os seus atletas.
Passei depois aos aspectos onde tinha algumas dúvidas:
Na mensagem do presidente, presente na proposta de orçamento, estava escrito que o novo Museu Cosme Damião abre já em Julho ao público. No entanto, e apesar de em anos anteriores existir receita contabilizada, neste orçamento não se vislumbra qualquer receita proveniente do museu ou das visitas ao estádio.
Questionei se o museu iria ter entradas gratuitas (o que não me parecia plausível) ou se as receitas estariam agora afectas a uma das participadas.
Questionei também o vice-presidente Nuno Gaioso, que em Outubro passado se orgulhava enormemente do clube não ter passivo bancário, com o facto de estarem previstos gastos e perdas financeiros (juros) no valor de 400.000€. Que empréstimo teve o clube que fazer?
Finalmente, questionei a direcção acerca do facto de em 2010/2011 e 2011/2012 os orçamentos projectarem lucros modestos, mas os R&C correspondentes apresentarem prejuízos elevados. Que garantias nos podiam dar de que isso não se passaria com este orçamento.
Após mais intervenções (muito melhores que a minha), o vice presidente Nuno Gaioso voltou ao palanque para esclarecer as duvidas e questões dos sócios que falaram em relação ao orçamento. Deixo em baixo em traços gerais, as respostas às questões que fiz.
As receitas do museu Cosme Damião ficarão afectas à Benfica Estádio.
O empréstimo contraído pelo Benfica Clube, foi à Benfica Estádio, para pagar as obras do museu.
Garantias de execução orçamental não as podia dar, pois os resultados apurados no R&C tinham também em conta as empresas participadas que influenciavam decisivamente esses mesmos resultados.
E se até aqui tudo tinha decorrido com a maior das normalidades, a partir deste momento foi o descalabro.
Deixem-me colocar um pequeno aparte nesta altura para que percebam de onde vêm as minhas considerações seguintes - Uma discussão de orçamento pressupõe no meu entender uma trocas de ideias e argumentos entre sócios e direcção até que todas as dúvidas estejam esclarecidas. Isto implica o direito de resposta de ambas as partes que se necessário fazem a discussão prolongar-se no tempo.
Quando o vice-presidente discursava pela segunda vez, dando as respostas que entendeu convenientes às dúvidas dos sócios, Bruno Carvalho dirigiu-se à mesa da AG para solicitar o direito de resposta a algo que o vice-presidente tinha dito. Este pedido foi prontamente negado por Luis Nazaré. O mesmo, revelou em modo sucinto qual a pretensão de Bruno Carvalho, não lhe dando o direito a responder. Segundo ele para não demorar muito os trabalhos.
De imediato alguns sócios demonstraram o seu desacordo relembrando Nazaré das discussões magnas que duravam até as 4 e 5 da manhã. Outros houve que questionaram se estávamos em presença de uma ditadura. Nazaré explodiu e lançou um sonoro "- Vocês sabem lá o que é uma ditadura!". Mais ânimos exaltados. E Nazaré continuou a não dar o direito de resposta aos sócios que ainda tinham duvidas. Eu tinha algumas, mas face à postura de Nazaré, não me foi possível questionar mais a direcção. Tudo para agilizar o processo. Nesta altura parecia que Nazaré tinha algo a fazer naquela noite e que não se podia demorar na AG.
Deixo aqui as questões aos meus leitores, para que possam pensar e reflectir sobre elas. Se chegarem a alguma conclusão que eu tenha deixado passar façam uso da caixa de comentários ali em baixo.
Se o Benfica clube, teve de pedir um empréstimo à Benfica Estádio (sua participada) porque motivo as receitas do Museu não ficam no Benfica clube para ajudar a suportar os gastos com esse empréstimo? Assim fica o Benfica clube com o encargo do empréstimo, mas a Benfica Estádio com as receitas que daí advém.
Se o R&C tem em conta as empresas participadas, porque não pode ter o orçamento em conta também essas mesmas empresas? É impossível projectar o ano nessas empresas? Não pode ser feita uma estimativa ou levantamento do que poderão custar essas empresas ao Benfica clube?
O pior veio mesmo depois, quando após uma votação em que entraram alguns sócios (provenientes das casas do Benfica) apenas e só presentes na votação, os animos se exaltaram, com muitos sócios da Bancada a protestaram o tratamento discriminatório da mesa da AG. por duas vezes o presidente da mesma se esqueceu de contar votos contra...
Nazaré, ao bom estilo ditactorial, ameaçou 3 vezes em 10 segundos, acabar com a reunião magna. E à terceira acabou mesmo com a AG, deixando muitos sócios incrédulos. Foi impossível demover o presidente da mesa da AG da sua decisão, mesmo com os vários apelos de sócios que já se tinham inscrito para falar. Verdadeiramente anti-democrático. As suas palavras 10 minutos antes ecoaram então na mente de todos, tendo inclusivamente alguns sócios dito que acabava de demonstrar bem o que era uma ditadura.
O caso agravou-se ainda mais, quando Paulo Parreira, conhecido sócio benfiquista, se dirigiu ao palanque e apelou a todos que voltassem aos seus lugares pois ele ainda iria falar (mesmo que com a AG acabada parece-me). Nessa altura a música atingiu niveis ensurdecedores, de modo a não deixar que o sócio fosse ouvido. É inacreditável uma coisa destas. Simplesmente um escarro na nossa gloriosa história democrática.
E assim levei mais um murro no estômago, numa época em que não foram poucos. Mas foi este o que me doeu mais e que mais me marcou e marcará. O dia em que vi o meu clube democrático em ditadura ser ditactorial em democracia.
Para o final deixo três notas que têm uma relevância muito importante.
Luis Filipe Vieira, o presidente do Benfica e dos sócios, não se dignou a falar com os mesmos. Entrou mudo e saiu calado de uma AG em que era sua obrigação ser o primeiro a falar aos sócios. Nem que fosse para dizer boa noite e agradecer a presença naquele dia.
José Eduardo Moniz faltou à AG. Ninguém sabe porque motivo. Não foi esclarecido porquê. Os rumores de que estará de saída do clube e de volta à TVI começam a ganhar força.
Luis Nazaré portou-se com um ditador. O presidente da mesa da AG deve ser a voz dos sócios e não um instrumento da direcção do clube.
O frete que apenas Nuno Gaioso não demonstrou (o meu apreço por ele e por se mostrar disponível) estendeu-se a todos. Realmente estarmos ali ou no cinema ou nos copos era a mesma coisa.
Para finalizar que o texto já vai bastante longo, quem apelidou bem este nosso presidente da mesa da AG, foi o actual presidente do clube, quando o apelidou de papagaio.
Até quando Benfica? Até quando?" por Danilo Oliveira no blogue Sócio Encarnado.
O caminho de Luis Nazaré só pode ser um: demissão.
O caminho de Luis Nazaré só pode ser um: demissão.
Post a Comment