Portugal, 13 de Junho de 2013
Com presença nas finais da Liga Europa e Taça de Portugal, e disputa do título de campeão até à última jornada, a que se somou a presença na meia-final da Taça da Liga, a equipa de futebol do Benfica esteve perto de alcançar a época perfeita.
Como se sabe, ficamo-nos pela época “quase perfeita”.Isto digo-o sem qualquer provocação aos que pelo contrário, acham que foi uma época de pesadelo.
Não preciso de explicar porque tenho uma visão mais correcta. Basta lembrar a época do SCP, 7º lugar e ausência das provas europeias pela 1ª vez na sua história, e seguramente irão perceber que há uma enorme diferença de escala entre a época “quase perfeita” do Benfica e a época de “pesadelo” do SCP.
O que nos faltou então para termos a época perfeita? Faltou ganhar as 3 principais provas cujo sonho alimentamos, com legitimidade: o Campeonato, a Liga Europa e a Taça de Portugal. Porque não ganhamos? Aqui as opiniões dividem-se, como é óbvio.
A esmagadora maioria dos adeptos, com opiniões formatadas pela comunicação social, irão dizer que o principal responsável foi o treinador.
No texto “teoria dos erros e os erros de gestão”, escrevi que não é por acaso que o treinador do Benfica, hoje Jesus ontem Fernando Santos, etc., é o único dos 3 ditos grandes a ser esmiuçado pelos ditos analistas da comunicação social, sobre eventuais erros de composição da equipa, eventuais erros de modelo táctico, eventuais erros nas substituições, etc. Nenhum dos 7/8 treinadores do SCP despedidos no mesmo período que Jesus orienta o Benfica, foram apontados a dedo pelos seus, muitos mais erros técnicos que os levaram ao despedimento.
É pois perfeitamente aceitável que a maior parte dos adeptos, do Benfica e os outros, centrem a maior (e quase, única) responsabilidade no treinador. Nesse texto recebi dois contributos que merecem referência. Um deles mencionava que por vezes o treinador faz opções “cuja probabilidade” de resultar é muito baixa. Recebi outra opinião que mencionava que “o treinador também tinha que ter bom senso nas escolhas que fazia”.
Trata-se de duas opiniões bastante ouvidas neste tipo de debate e que por isso merecem umas linhas neste texto. Uma primeira observação para dizer que, a probabilidade, enquanto percentagem de ocorrência de um determinado facto tomando como base a análise de um conjunto, mais ou menos alargado, de resultados anteriores, é algo que não se pode aplicar às opções de um treinador. Porque variam as circunstâncias objectivas e subjectivas de cada conjunto de jogadores em questão, logo não se pode afirmar que metendo o A em vez do B, tínhamos mais probabilidades de alcançar um melhor resultado, sendo que essa probabilidade foi obtida com outro conjunto de jogadores, quer do ponto de vista físico quer do ponto de vista mental.
Uma segunda observação para a questão do “bom senso”. O que é o bom senso? Os treinadores despedidos pelo SCP usaram de bom senso nas equipas que escolheram? O que é isso de bom senso? A mim parece-me que quem fala de bom senso no fundo pretende uniformizar a cultura futebolística a partir de um padrão: o dos jornalistasque comentam e que sugerem erros e mais erros do treinador do Benfica (não de FCP e SCP, aí foi o adversário que jogou bem ou o árbitro que errou). Serão os jornalistas pessoas indicadas para falar de bom senso?
Claro que não. Basta ver os seus curriculuns desportivos. Nenhum deles alguma vez ganhou alguma coisa como treinador. Nem ganharão! É uma impossibilidade matemática (digamos assim), alguém que comenta depois do jogo, poder saber como ter sucesso antes do jogo. Se fosse matematicamente possível, os jogos acabavam sempre com dois vencedores: as duas equipas orientadas por 2 jornalistas!
Então se não se aplica a teoria das probabilidades à generalidade das opções do treinador, se o bom senso é subjectivo e não marca golos, porque razão se continua a achar que a culpa do fiasco desta época (note-se, é o que pensam a esmagadora maioria dos adeptos do Benfica, e os outros – não eu!) é do treinador? Porque razão estivemos tão perto e ficamos tão longe da época perfeita?
Há mais dois factores (cont).
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